A quantidade de bobagens que a
petralhada é capaz de produzir é uma coisa formidável! Participei ontem do V
Ciclo de Palestras de Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste. “V”,
entenderam? O evento acontece há cinco anos! É a terceira vez que estive lá:
falei no de 2009 e recebi uma condecoração em 2010, o que muito me honra. Gosto
de estar entre pessoas decentes, que seguem a Constituição e as leis. É inútil
me procurar em marchas da maconha, por exemplo… “Palestra para militares, é?
Estava tentando convencê-los a dar um golpe?”, provocou um
bobalhão.
A ironia é tão cretina que talvez não
merecesse estar aqui. Mas ela vem bem a calhar. Quis a evolução da vida política
e social brasileira que o ambiente militar seja hoje mais pluralista e aberto à
divergência do que as nossas universidades, especialmente as públicas, onde
grupelhos se impõem pela força, pela violência, pela intimidação, silenciando o
contraditário. Sabem o que isso significa? E reproduzo aqui a minha fala final
no evento desta terça, parafraseando Talleyrand sobre os Bourbons: os militares
podem não ter esquecido nada, mas aprenderam coisas novas; as esquerdas
autoritárias não esqueceram nada, mas também não aprenderam
nada,
Eu era apenas um dos convidados. Na
segunda, falaram o chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, o general
Carlos Alberto Neiva Barcellos; o jornalista Carlos Nascimento, do SBT; o
jornalista e escritor Laurentino Gomes e o presidente do Instituto Vladimir
Herzog, Nemércio Nogueira. Na terça, além deste escriba, estiveram lá o
publicitário José Luiz Martins; o vice-presidente da Associação Brasileira de
Imprensa, Audálio Dantas, e o jornalista e comentarista esportivo Sílvio Luiz.
Amanhã, se não houver mudança na programação, estão previstas as presenças de
Felipe Bueno, diretor de jornalismo da Rádio Sulamérica Trânsito; Marcelo
Rezende, jornalista da TV Record; Hans Donner, diretor de Arte da Rede Globo, e
Sandra Annemberg, jornalista e apresentadora da Rede Globo; na quinta, Heródoto
Barbeiro, jornalista e apresentador da Record News.
Como se nota, há profissionais de
áreas distintas da imprensa e que não comungam na mesma igreja de pensamento. A
platéia é formada por oficiais do Exército e por estudantes de várias faculdades
de jornalismo. O genral Ademar da Costa Machado Filho, comandante militar do
Sudeste, deu uma aula de espírito democrático e civilidade: “Eu costumo dizer,
Reinaldo, que aqui não existe hierarquia para as idéias; a hierarquia existe e é
aplicada quando tomamos uma decisão, mas eu costumo sempre ouvir a minha
equipe”. Eis aí! Quem dera se pudesse respirar essa esfera nas universidades
brasileiras, não é mesmo?
Sobre o que eu falei?O título da minha palestra é longo, quase uma
dissertação, sugerido por mim, como ficará claro: “Pluralismo, na imprensa, não
significa verdade relativa. A verdade segue sendo uma só”. Como o nome sugere,
critiquei a grande confusão que se faz no jornalismo brasileiro hoje em dia
entre “outro lado” e “outro-ladismo”. É evidente que pessoas que estejam sendo
acusadas de um crime ou de um ato ilícito devem ser ouvidas para apresentar a
sua versão. Isso não quer dizer, no entanto, que a verdade seja uma questão de
ponto de vista. A gente pode até não conhecê-la, mas ela
existe.
O “outro-ladismo” é a manifestação
viciosa, perniciosa, do “outro lado”. Há um exemplo escancarado no dias que
correm. Quantas reportagens vocês já leram em que Marina Silva aparece afirmando
que a proposta de Aldo Rebelo para o novo Código Florestal anistia desmatadores?
No fim do texto, na hipótese benigna, registra-se: “Rebelo nega”. Notem: se um
diz a verdade, o outro mente. É simples assim. Que tal ler o que diz o
documento? Ou há anistia ali ou não há. Não basta ao jornalista ouvir “um lado”,
ouvir o “outro lado” e dar a coisa por encerrada. Quem ler o código vai
constatar que ele NÃO PROPÕE A ANISTIA COISA NENHUMA! Também não aumenta o
desmatamento, como dizem. É matéria de fato, não de gosto. E é uma obrigação do
jornalista trabalhar com os fatos. Ou seja: Aldo não mente!
Foi um bate-papo proveitoso,
divertido, com intervenções inteligentes dos estudantes e dos militares
presentes. Chamam a atenção, em particular, a cultura, o bom humor e a conversa
agradável de jovens oficiais, muito distantes do sectarismo rombudo e ignorante
daquela meia-dúzia, que tem mais ou menos a mesma idade dos soldados, que
costuma tiranizar as universidades brasileiras com suas idéias “revolucionárias”
para o século… 19!
Saúdo, mais uma vez, o general
Ademar. Estivesse ele numa das nossas tristes universidades, constataria que,
por lá, se pratica o contrário do seu lema: as idéias é que têm hierarquia, e
ela só não se mostra na hora de tomar decisões.
São os militares dando aula de
democracia às nossas esquerdas.
Caros
ResponderExcluirNão acredito que a Esquerda pense nessa palavra: - democracia. Está longe dos projetos deles qualquer idéia que possa prevalecer o desejo de todos sobre qualquer assunto. As demonstrações de radicalidade levam a crer que o projeto mais visibilizado pelo PT seria um "milico" fantasiado com um Uniforme Vermelho e fazendo "democracia" no Brasil à semelhança daquele Senhor que se estabeleceu na América Central e se parece com o Odorico. Lamentável usar democracia para lidar com a esquerda. Ela deverá ser perene para os brasileiros,mas as armas para tratar com esse partido que está aí não seriam só as da democracia, pois, eles usam armas que tornam enfraquecidas as atitudes democráticas....é preciso acordar. Cada inimigo tem a resistência que precisa e cada Amigo o carinho que merece.