Nesta 2ª feira, 19 de março, toma posse o novo
governador do Distrito Federal Swedenberger Barbosa, braço direito da presidente
Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. O estopim foi a Operação Monte Carlo,
onde o PT de Brasília aparece em maior destaque do que o objetivo do Palácio do
Planalto em atingir a oposição liderada por Demostenes Torres (DEM-GO) e Marconi
Perillo (PSDB-GO). O Palácio do Planalto sinalizou através do ministro Gilberto
Carvalho que entregaria Agnelo Queiroz à própria sorte. Mas a estratégia do PT
comandada por José Dirceu foi a de nomear o interventor, na tentativa de
estancar a sangria que Agnelo, vem provocando na Capital da República desde a
posse no início de 2011.
O Grupo Delta Engenharia, considerado hoje o
maior fornecedor do Governo Federal, foi atingido em cheio pela Monte Carlo, por
suas operações de propina com o GDF e o Governo de Goiás. O contraventor Carlos
de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o diretor da Delta Engenharia no
Centro Oeste, Cláudio Abreu, tinham uma sociedade em Brasília e em Goiás.
Carlinhos despachava numa sala onde funciona a empreiteira com outros negócios,
inclusive locadora de veículos, flagrados pelo Ministério Público
Federal.
As investigações em que aparece o GDF estão
guardadas a sete chaves pelo procurador geral Roberto Gurgel. Ali aparecem
envolvimentos de parlamentares distritais, empresários de Brasília chegando a
alcançar a porta do Palácio do Planalto. Diante disso, Gilberto Carvalho, que
hoje é o verdadeiro porta-voz político de Dilma, resolveu atender a estratégia
colocada por José Dirceu.
Berger assume tirando todos os poderes do
secretário de Governo Paulo Tadeu, do vice-governador Tadeu Filipelli, e
colocando o governador Agnelo na sombra, funcionando apenas como porta-voz das
decisões do Planalto. Sem o poder de governador, Agnelo começa a contagem
regressiva para que a Justiça seja feita em seus processos de envolvimento com
corrupção desde a época em esteve à frente do Ministério do
Esporte.
O soldado quatro estrelas João Dias, que acumulou
os segredos das mazelas de Agnelo em sua trajetória politica, entregou à Justiça
um dossiê e assiste com total segurança o momento em que será deflagrado o novo
escândalo no GDF.
O Palácio do Planalto na tentativa de minimizar o
impacto de um novo escândalo, não vai conseguir apagar todos os rastros deixados
por Agnelo e sua turma. Nos próximos dias, Paulo Tadeu, que tem um mandato de
deputado federal, retorna ao Congresso. Rafael Barbosa, secretário de Saúde,
também deixará o Governo. O vice-governador Tadeu Filipelli sairá pela porta dos
fundos do Buriti para assumir o Ministério dos Transportes, numa manobra do
vice-presidente Michel Temer. O resultado desta dança de cadeiras é um novo
Governo no Distrito Federal.
O Ministério Público é o principal colaborador
deste projeto de Dilma, guardando na gaveta o que poderia ser o segundo maior
escândalo da história da Capital Federal, que nos últimos quatro vivencia
momentos de degradação da cidade por péssima ingerência, mergulhada em denúncias
que baixam a estima da população.
Berger é considerado homem de Lula e Zé Dirceu.
Este último esteve recentemente em Brasília para prestar solidariedade a Agnelo,
bombardeado diariamente com as denúncias de corrupção durante toda a sua vida
política.
O MPF deixou vazar parte do inquérito da Operação
Monte Carlo que alcançava o senador Demóstenes Torres, numa relação de amizade
com Carlinhos Cachoeira, e o Governador de Goiás Marconi Perillo. Mas, em
Brasília, Cachoeira operava com a indústria farmacêutica, lixo e lixo
hospitalar, locadora de veículos, segurança e um forte esquema de contravenção
de onde saem os pagamentos de propina para funcionários
públicos.
Cachoeira tem como tentáculos Idalberto Matias de
Araújo, o Dadá, Claudio Abreu, da Delta Engenharia, e outro amigo conhecido como
Lenine. Os três são considerados pelo MP os articuladores da organização
criminosa no DF.
A Delta Engenharia tem um vasto currículo de
escândalos. No Governo do Rio de Janeiro foram mais de R$ 600 milhões sem
licitação com a ajuda de Sérgio Cabral. Em Goiás, o governador Marconi Perillo é
o padrinho da Delta. E no Governo Federal quem abre as portas para as transações
é o ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado do Mensalão José
Dirceu.
Foi no Governo do PT que a Delta alçou seu grande
voo. O presidente Fernando Cavendish declarou que é fácil abocanhar grandes
obras: “é só comprar um senador que as coisas acontecem. Escolhe a obra que
quer, paga para o senador, e ele se encarrega do jeitinho com o
Governo.”
Esta declaração em qualquer país do mundo seria
motivo para prisão sumária. A Revista Veja tem a gravação de Cavendish
bravateando e colocando preço nos parlamentares do Congresso
Nacional.
A Operação Monte Carlo revela ainda o chefe de
Gabinete de Agnelo Queiroz, Claudio Monteiro, o Buchinho, operando em parceria
com o Dadá na coleta de propina com a contravenção instalada em
Brasília.
Monteiro usava até celular internacional para se
comunicar com o Dadá e fugir do grampo oficial da Polícia Federal. Mas num
descuido foi flagrado operando e deixou brecha para que Agnelo fosse visualizado
na investigação.
Outro que ajudou a visualizar o Governador nas
investigações do MP, na escuta autorizada pela justiça, foi Marcello de Oliveira
Lopes. O agente de polícia matrícula 43280-6, citado no inquérito como Marcelão,
abocanhou através da Agência Plá de Comunicação e Publicidade dois contratos
milionários com a ajuda do chefe de gabinete do governador Cláudio Monteiro: um
na Terracap e outro na CEB. Marcelão foi nomeado no último dia 16 de fevereiro,
para um CNE 07, na Subsecretaria de Assessoramento Especial da Casa Militar, ao
lado do Coronel Leão. Marcelão, flagrado nas investigações colocando Dadá e
Claudio Monteiro para abrirem portas do GDF para a Agência Plá, faz parte com
esses dois de um esquema de arapongagem em cima dos classificados por eles
mesmos de inimigos do Governo Agnelo. Usam grampos, quebram sigilos de contas de
telefone e e-mails, para se cacifarem com o governador e conseguirem emplacar
seus negócios. Dadá era frequentador assíduo da Agência Plá e recebia propina de
Marcelão.
Carlinhos Cachoeira é dono de laboratório em
Goiás, e entrou em parceria com a União Química, velha conhecida de Agnelo
Queiroz, no caso Daniel Tavares que acusou o Govenador de receber propina do
Laboratório, na produção e venda de Genéricos para o Governo.
Num país cansado de tantos escândalos, a
população de Brasília demonstra que não aguenta mais. O Palácio do Planalto
tomou essas medidas, porque em menos de três anos a Capital da República teve
quatro governantes e está à beira do quinto. A intervenção vermelha do PT sai
exatamente no instante em que o Fantástico da noite deste domingo, 18, revelou
ao país, práticas de corrupção muito conhecidas do brasiliense. O sentimento da
população candanga, nesta segunda-feira, é de desabafo, pois o escândalo
mostrado em rede nacional pela TV aconteceu no Rio de Janeiro, e não em
Brasília, mas flagrou empresas que operam também no Planalto Central e a maneira
como os saqueadores dos cofres públicos agem sem qualquer escrúpulo, falando de
ética no mercado.
Que mercado é esse, o da corrupção? A falta de
vergonha é tanta que se estivéssemos, por exemplo, no Japão não haveria adagas
para tanto haraquiri.
Segunda-Feira, 19 de Março de
2012
Claudio Bernardes
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