Esta  não é uma carta de resposta. O que inspira estas linhas é uma pergunta, a mesma  pergunta registrada nas centenas de mensagens de solidariedade que recebi nas  últimas horas: por que a revista Veja atacou a Universidade  de Brasília na reportagem Madraçal no Planalto?
A  matéria do final de semana diz que “um dos símbolos da luta pela democracia  durante o regime militar, a UnB  tornou-se reduto da intolerância esquerdista”.  São cinco páginas de acusações mentirosas, erros grosseiros e ataques covardes à  universidade e ao seu órgão colegiado superior, o Conselho  Universitário.
Como  presidente do Consuni, tenho o dever de resguardá-lo e de chamar para mim toda a  responsabilidade pela defesa da instituição onde estou desde 1978. Ao contrário  do que diz a reportagem, não sou um tiranete intolerante surgido de um golpe nas  urnas.
Fui  escolhido pela comunidade acadêmica em processo eleitoral com regras definidas  pelos integrantes do Conselho Universitário, instância que, ao contrário do que  insinua a publicação, não funciona sob o regime da paridade. Hoje são 89  integrantes, 62 deles professores, 16 estudantes e 10  técnicos-administrativos.
Infelizmente,  a equipe de Veja não visitou nenhuma  sessão do Consuni para testemunhar a riqueza dos nossos encontros. Só entre 2009  e 2010 foram 50 reuniões e dezenas de votações. Em muitas, a posição da  administração não prevaleceu. Em todas, a universidade ganhou com a  multiplicidade de opiniões.
A  Universidade de Brasília, portanto, não é uma madraçal onde se decoram e se  repetem lições de arbitrariedade. Vivemos numa ágora. Não prezamos os atalhos  fáceis dos ataques anônimos nem o uso da mídia para interesses vis. Respeitamos  a liberdade de imprensa e também a de informar com seriedade.
Prezamos  o debate na esfera pública, a racionalidade dos argumentos e fortalecemos os  espaços institucionais de críticas, recursos e denúncias. Temos uma Ouvidoria e  um Conselho de Ética atuantes, mas infelizmente as fontes de Veja não recorreram aos  canais formais de reclamação.
Observadores  atentos de nosso trabalho diário sabem que a UnB jamais foi tão aberta. Os  órgãos colegiados, acadêmicos e administrativos, trabalham como nunca para  estabelecer um marco regulatório da universidade calçado no mérito científico e  na troca de ideias entre os pares.  
A  vida universitária, no entanto, não tem se resumido à rotina administrativa.  Quem lê jornais e vê televisão sabe que a reitoria não está encastelada no  campus e que periodicamente grupos de estudantes, professores e funcionários  sobem a rampa para fazer toda sorte de protestos democráticos.
A  Universidade de Brasília conhece na carne do cotidiano os males da falta da  democracia. Durante as três décadas de ditadura militar, a UnB enfrentou a  truculência de Estado. Usamos nossa melhor arma, a inteligência. Essa, aliás, é  uma das poucas verdades escritas na reportagem.
O que a publicação não conta é que, dos seis críticos à atual reitoria, nenhum estava combatendo o medo nas salas de aula e nos corredores do campus durante os anos de exceção. Eu estava e me orgulho dessa militância pela justiça e pela paz.
A revista me trata de forma panfletária, diz que meu único mérito acadêmico evidente é a militância partidária. Nunca atuei em partido político nem sou dado a auto-elogios, mas meu lattes, de fato, difere do de algumas fontes citadas. Sou autor de quatro livros, organizei 24 publicações, escrevi 56 artigos em periódicos e 43 capítulos de livros.
A atual administração da UnB valoriza a produção acadêmica, criamos um Portal de Ciência e uma revista de divulgação científica, onde aliás, duas das fontes citadas por Veja como perseguidas mostram seus trabalhos nas últimas edições. Há ainda muito por fazer nos campi.
O que a publicação não conta é que, dos seis críticos à atual reitoria, nenhum estava combatendo o medo nas salas de aula e nos corredores do campus durante os anos de exceção. Eu estava e me orgulho dessa militância pela justiça e pela paz.
A revista me trata de forma panfletária, diz que meu único mérito acadêmico evidente é a militância partidária. Nunca atuei em partido político nem sou dado a auto-elogios, mas meu lattes, de fato, difere do de algumas fontes citadas. Sou autor de quatro livros, organizei 24 publicações, escrevi 56 artigos em periódicos e 43 capítulos de livros.
A atual administração da UnB valoriza a produção acadêmica, criamos um Portal de Ciência e uma revista de divulgação científica, onde aliás, duas das fontes citadas por Veja como perseguidas mostram seus trabalhos nas últimas edições. Há ainda muito por fazer nos campi.
Queremos  estar entre as cinco melhores universidades do país. Hoje produzimos quase 700  teses e dissertações por ano, nosso percentual de professores doutores  ultrapassa os 90% e nossa política de fomento se ampara na publicação contínua  de editais, como forma de garantir o acesso meritocrático aos  recursos.
A reportagem relaciona seis exemplos de suposta perseguição política da administração sem mostrar uma única prova. O caso mais sério relatado é o da procuradora Roberta Kaufmann, advogada do partido DEM em ação contra a política de cotas da universidade, definida muito antes do meu reitorado.
Ex-aluna do mestrado da Faculdade de Direito, onde ingressou com minha aprovação em sua banca, Roberta veio à UnB participar de um debate sobre as cotas. Aqui, foi injustamente vaiada e agredida. Não há, no entanto, um único integrante da administração superior que tenha participado das agressões. A reitoria, porém, sabe que a vaia é comum no campus. Recentemente, o presidente Lula foi vaiado aqui. Semana passada, também fui.
Veja oferece a opinião de seis dos 2.200 professores da Universidade de Brasília. Não ouve nenhum estudante. Nenhum funcionário. No Portal da UnB, no link sobre tolerância, o leitor conhecerá dezenas de depoimentos de cientistas, professores, autoridades das mais diversas áreas e das mais diferentes correntes de pensamento. Todos solidários com a Universidade em sua mais profunda verdade: o da produção de um conhecimento que emancipa porque humaniza e que educa porque respeita a pluralidade de ideias.
Tomo a liberdade de encerrar esta carta com as três linhas que as cinco páginas de reportagem reservam para a única pessoa que defende a universidade no texto: o reitor. “É preciso analisar se não são os professores que, por falta de competência, perderam a visibilidade”. Refiro-me, claro, aos seis professores que foram se queixar à revista e me pergunto se fizeram isso de intolerantes que são ou se intolerante é a Veja, que os acolheu sem ouvir o outro lado?
A reportagem relaciona seis exemplos de suposta perseguição política da administração sem mostrar uma única prova. O caso mais sério relatado é o da procuradora Roberta Kaufmann, advogada do partido DEM em ação contra a política de cotas da universidade, definida muito antes do meu reitorado.
Ex-aluna do mestrado da Faculdade de Direito, onde ingressou com minha aprovação em sua banca, Roberta veio à UnB participar de um debate sobre as cotas. Aqui, foi injustamente vaiada e agredida. Não há, no entanto, um único integrante da administração superior que tenha participado das agressões. A reitoria, porém, sabe que a vaia é comum no campus. Recentemente, o presidente Lula foi vaiado aqui. Semana passada, também fui.
Veja oferece a opinião de seis dos 2.200 professores da Universidade de Brasília. Não ouve nenhum estudante. Nenhum funcionário. No Portal da UnB, no link sobre tolerância, o leitor conhecerá dezenas de depoimentos de cientistas, professores, autoridades das mais diversas áreas e das mais diferentes correntes de pensamento. Todos solidários com a Universidade em sua mais profunda verdade: o da produção de um conhecimento que emancipa porque humaniza e que educa porque respeita a pluralidade de ideias.
Tomo a liberdade de encerrar esta carta com as três linhas que as cinco páginas de reportagem reservam para a única pessoa que defende a universidade no texto: o reitor. “É preciso analisar se não são os professores que, por falta de competência, perderam a visibilidade”. Refiro-me, claro, aos seis professores que foram se queixar à revista e me pergunto se fizeram isso de intolerantes que são ou se intolerante é a Veja, que os acolheu sem ouvir o outro lado?
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