Importa menos se João Dias for um
bandido que inventa e acusa sem provas ou se Orlando Silva vem sendo vítima de
um complô entre a Fifa e Ricardo Teixeira, por conta da Copa do Mundo. A
verdade é que não dá mais para o ministro permanecer. Seu desgaste pessoal só
não é maior do que o desgaste do governo. Da lambança restrita ao choque com o
ex-policial, salta aos olhos o abuso que vem marcando o conluio existente entre
o poder público e montes de ONGs fajutas e criminosas. Porque a farra não se
limita ao ministério dos Esportes, como antes não se circunscrevia ao
ministério do Turismo. A metástese generalizou-se, vinda do governo Fernando
Henrique, passando pelo governo do Lula e mantendo-se no governo
Dilma.
Inocente ou culpado, Orlando Silva lidera o noticiário e sofre a
indignação nacional diante desse expediente primário da criação de organizações
não governamentais feitas para mamar nas tetas do tesouro público e irrigar os
caixas de partidos políticos, grupos próximos do poder, amiguinhos e até
simples espertalhões empenhados em enriquecer.
Se há ONGs sérias, que prestam serviço à sociedade, seu número parece
infinitamente menor do que as arapucas infiltradas na administração federal,
estadual e municipal. Dizendo-se não governamentais, transformaram-se em
penduricalhos do governo, sempre prontas a molhar a mão e o bolso das
autoridades encarregadas de facilitar-lhes o assalto.
Raros são os ministérios onde ONGs não são financiadas pela corrupção,
existindo também os dedicados a falcatruas ainda maiores, através das
empreiteiras. Quatro ministros já foram triturados nas engrenagens que agora
espremem o titular dos Esportes, tornando-se uma questão de tempo saber quando
será expelido. Melhor faria se evitasse o espetáculo encenado por Antônio
Palocci, Pedro Novais, Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, que resistiram
inutilmente antes de mergulhar nas profundezas.
MENSALEIROS EM AGONIA
A cada novo escândalo denunciado no país, diminuem as chances de
absolvição dos 39 mensaleiros em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Não se
cometerá a perigosa ilação de presumir o voto dos ministros da mais alta corte
nacional de Justiça, valendo apenas registrar terem sido raros os casos em que
ela decidiu desligada da opinião pública. Os ventos que sopram na sociedade
irrompem pelas frestas e até pelas janelas do Supremo, ainda que alguns de
seus integrantes sustentem, teoricamente, a necessidade de decisões calcadas
exclusivamente na lei e na jurisprudência. Estão os Meretíssimos atentos ao que
se passa do lado de fora. A indignação nacional cresce a olhos vistos diante do
espetáculo de corrupção encenado no país. Ficou para o primeiro semestre do ano
que vem o julgamento dos réus implicados na mãe de todas as lambanças do
governo Lula. É mais tempo para a descoberta de novas falcatruas, aumentando a
reação nacional e levando os mensaleiros à agonia.
SUMIU
Mesmo sem integrar a comitiva da presidente Dilma à África, quem sumiu
foi a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Nenhuma intervenção
teve a ex-senadora na crise porque passa o PC do B, a partir das denúncias
contra o ministro Orlando Silva. Não é com ela se os comunistas históricos
viram-se substituídos por capitalistas ditos não-governamentais, encarregados de
impulsionar suas ONGs.
Duas explicações surgem a respeito: Ideli refluiu em sua atuação pela
ausência de problemas político-partidários de vulto, nas relações da base
parlamentar oficial com o governo, ou... Ou a ministra resolveu adotar a
máxima que Mussolini aplicava para a Itália na primeira metade do século
passado: “administrar os italianos não é apenas impossível, é
inútil”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário