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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Maranhão 66 x Brasil 2011

O avesso do avesso - Nelson Motta Está bombando no YouTube e provocando acessos de gargalhadas e deboches um filme de sete minutos em preto e branco com o prosaico título “Maranhão 66”. Aparentemente é um documentário sobre a posse de José Sarney no governo do Estado, feito por encomenda do eleito. Mas é assinado por Glauber Rocha. Com 35 anos, cabelos e bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, a sério, que o faz ainda mais caricato e engraçado. Sobre o palavrório demagógico, Glauber insere imagens da realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu.
Só alguém muito ingênuo, ou mal-intencionado, poderia imaginar que Glauber Rocha fizesse um filme chapa branca. Em 1964, com 25 anos, ele tinha se consagrado internacionalmente com “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e vivia um momento de grande prestígio, alta criatividade e absoluto domínio da técnica e da narrativa cinematográfica. E odiava a ditadura que Sarney apoiava. O filme dentro do filme. É só imaginar o susto de Sarney quando o viu. Em vez de filmar uma celebração vitoriosa, Glauber usou e abusou da vaidade e do patrocínio de Sarney para fazer um devastador documentário sobre um arquetípico político brasileiro. Glauber dizia que o artista também tem de ser um profeta; mas a sua obrigação é de profetizar, não de que as suas profecias se realizem. O discurso de Sarney e as imagens de Maranhão 66 são os mesmos do Maranhão 2011, num filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ALTERANDO O PASSADO – II

Gen Div R1 CLOVIS PURPER BANDEIRA
                                                             1º Vice-Presidente do Clube Militar 

        Há um ano e meio escrevi artigo com o mesmo nome.  Na época, tratava-se de proposição maluca de um político para que a Lei Áurea fosse revisada e alterada.  O assunto teve vida curta, mas o incrível é que tenha sido levado a sério.

            Naquele artigo, comecei citando frase de humorista brasileiro que disse que, no Brasil, nem o passado era garantido, afirmativa com que me via obrigado a concordar.

          Nestes dias correntes, em que a Comissão da Vingança e Inverdade acaba de ser aprovada pelo Congresso, em proposta que teve como relator um ex-guerrilheiro, motorista, segurança e cúmplice do mais furioso terrorista brasileiro, Carlos Marighella, sou obrigado a concordar, mais uma vez cm o sábio humorista.

            Convido o leitor a acompanhar-me num voo imaginário até algumas décadas no futuro.

            A produção, comercialização e o consumo de drogas deixaram de ser crime há muito tempo e, depois de longos processos judiciais, os antigos traficantes e assassinos, que haviam sido condenados por tráfico e outros crimes associados, foram anistiados e devidamente agraciados com ricas indenizações e pensões – isentas de imposto de renda – bancadas bovinamente pelos contribuintes, que há muito perderam o direito de indignar-se, mesmo pagando impostos que já passam de 80% de seus ganhos, para sustentar a máquina pública que emprega mais da metade da população brasileira.

           Com seu currículo engrandecido pelo rótulo de antigas vítimas de perseguição policial, os ex-traficantes foram eleitos, com grande votação, para cargos no Legislativo federal.

Anseiam, agora, vingar-se dos funcionários da segurança pública que, no passado, ousaram persegui-los e prendê-los, mesmo que isso tivesse sido feito na plena observância da lei então vigente. 

Assim sendo, tratam de propor, via Projeto de Lei, a criação de uma Comissão da Vingança e Inverdade II – o Regresso

É escolhido como relator, na Câmara, o Deputado Federal Alexander Mendes da Silva, antigamente conhecido como Polegar, um herói pioneiro da luta pela liberação da comercialização dos tóxicos, cujo tráfico comandava na Mangueira, Rio de Janeiro.

No Senado, o relator será o Senador Fernandinho Beira Mar, que conseguiu na Justiça alterar seu nome para Fernandinho Paz e Amor.

A imprensa, as redes sociais, os órgãos de comunicação que no passado distante eram conhecidos como formadores de opinião, aclamam a iniciativa do Projeto de Lei, e seus relatores já têm como certíssima sua aprovação nas duas casas do Legislativo, na sua próxima reunião mensal, que cairá numa segunda-feira do mês vindouro, em princípio.

Antigos policiais – os que ainda não fugiram ou estão em asilos – muitos octogenários, preparam-se para enfrentar o “julgamento imparcial” a que serão submetidos por uma comissão formada por antigos traficantes, entre eles Marcola do PCC, Nem da Rocinha, Fabiano da Silva (FB), Paulo Rogério da Paz (Mica), Francisco Rafael Dias da Silva (Mexicano) e outros cidadãos ilibados cuidadosamente escolhidos pela Presidência da República.  Todos são saudados como históricos defensores da democracia, da cidadania, da moral e dos bons costumes, além, é claro, dos direitos humanos – expressão que ninguém mais sabe o que significa, mas que é sempre citada e aplaudida nos discursos oficiais.

O povo torce para que os autos de fé, baseados nas antigas sessões da inquisição medieval e que serão realizados antes de grandes partidas de futebol, sejam interessantes e não atrasem o espetáculo esportivo nos estádios, que agora são chamados, apropriadamente, de arenas. Como no passado, que insiste em voltar.

Finalmente, o país poderá cicatrizar as feridas do passado intolerante e olhar, livre, para a frente.

Gostou da viagem, amigo leitor? Naturalmente trata-se de simples ficção, sem nenhuma relação com fatos, situações ou pessoas da vida real.

UMA NAÇÃO CORROMPIDA

Por Carlos Chagas

Importa menos se  João Dias for um bandido que  inventa e  acusa sem provas ou se Orlando Silva vem sendo vítima de um complô entre a Fifa e Ricardo Teixeira,  por conta da Copa do Mundo. A verdade é que não dá  mais para o ministro permanecer. Seu desgaste pessoal só não é maior do  que o desgaste do governo. Da lambança restrita ao choque com o ex-policial, salta aos olhos o abuso que vem marcando o conluio existente entre o poder público e montes de ONGs fajutas e criminosas. Porque a farra não se limita ao ministério dos Esportes, como antes não   se circunscrevia ao ministério do Turismo. A metástese generalizou-se, vinda do governo Fernando Henrique, passando pelo governo do Lula e mantendo-se no governo Dilma.
                                                       
Inocente ou culpado, Orlando Silva lidera o noticiário e sofre  a indignação nacional diante desse expediente primário da criação de organizações não governamentais  feitas para mamar nas tetas do tesouro público e irrigar os caixas  de partidos políticos, grupos próximos do poder, amiguinhos  e até simples espertalhões  empenhados em enriquecer.
                                                       
Se há ONGs sérias, que prestam serviço à sociedade, seu número parece infinitamente menor  do que as  arapucas infiltradas na administração federal, estadual e municipal. Dizendo-se não governamentais, transformaram-se em penduricalhos do governo, sempre prontas a molhar a mão e o bolso das autoridades encarregadas de facilitar-lhes o assalto.
                                                       
Raros são os ministérios onde  ONGs não são financiadas pela corrupção, existindo também os dedicados a falcatruas ainda maiores,  através das empreiteiras.  Quatro  ministros já foram triturados nas engrenagens que agora espremem  o titular dos Esportes, tornando-se uma questão  de tempo saber quando será expelido. Melhor faria se evitasse o espetáculo encenado por Antônio Palocci, Pedro Novais, Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, que resistiram inutilmente antes de mergulhar nas profundezas.
 
MENSALEIROS EM AGONIA
                                                        
A cada novo escândalo denunciado no país, diminuem as chances de absolvição dos 39 mensaleiros em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Não se cometerá a perigosa ilação  de presumir o voto dos ministros  da mais alta corte nacional de Justiça, valendo apenas registrar terem sido raros os casos em que ela decidiu desligada da opinião pública. Os ventos que sopram na sociedade irrompem pelas  frestas e até pelas  janelas do Supremo, ainda que alguns de seus integrantes sustentem, teoricamente, a necessidade de  decisões calcadas exclusivamente na lei e na jurisprudência. Estão os Meretíssimos atentos ao que se passa do lado de fora. A indignação nacional cresce a olhos vistos diante do espetáculo de corrupção encenado no país. Ficou para o primeiro semestre do ano que  vem o  julgamento dos réus implicados na mãe de todas as lambanças do governo Lula. É mais tempo para a descoberta de novas falcatruas, aumentando a reação nacional e levando os  mensaleiros à agonia.
 
SUMIU

                                                     
Mesmo sem integrar a comitiva da presidente Dilma à África, quem sumiu foi a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Nenhuma intervenção teve a ex-senadora  na crise porque passa o PC do B, a partir das denúncias contra o ministro Orlando Silva. Não é com ela se os comunistas históricos viram-se substituídos por capitalistas ditos não-governamentais, encarregados de impulsionar suas ONGs.
                                                       
Duas explicações surgem a respeito:  Ideli refluiu em sua atuação pela ausência de problemas político-partidários de vulto, nas relações da base parlamentar oficial com o governo, ou...   Ou a ministra resolveu adotar a máxima que Mussolini aplicava para a Itália na primeira  metade do século passado: “administrar os italianos não é apenas impossível, é inútil”.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

As ONGs, os Políticos e seus Partidos num lucrativo conúbio carnal


Em recente denuncia envolvendo o Ministério dos Esportes, descobrimos que só em 2010, pelo menos R$ 69,4 milhões foram parar nos caixas de 42 ONGs e entidades de fachada controladas pelo PC do B.
Basta que sejam expostas patifarias e maracutaias de membros, em geral da alta cúpula do desgoverno (Ministros?), ou das suas proximidades, que entre os deslizes contumazes aflore sua estreita ligação com fictícias, desconhecidas, esdrúxulas e desnecessárias Organizações Não Governamentais.
É comum que aquelas entidades sejam capitaneadas por velhos conhecidos, com estreitas ligações em outros estranhos conchavos do passado, quando não aparentados em primeira instancia com a autoridade denunciada. É o marido ou a esposa, o irmão, o cunhado, um velho amigo, um antigo assessor e assim por diante.
No seu afã de bem servir, as autoridades empenham - se ao máximo para que a caridosa entidade receba polpudos recursos. Poderíamos chamá - los de mecenas, de idealistas, de magnânimos, não fossem tão bondosos com os recursos do tesouro nacional.
Contudo, aparentemente, estão a salvo das denuncias, em geral límpidas, plenas de indícios de esbórnias e combinações que extrapolam os propósitos da Organização, pois as descobertas só causam um frêmito inicial de indignação e estupor para a seguir resvalarem no desvão do esquecimento.
Não consta qualquer providencia mais efetiva de aprofundamento nas contas da ONG que possa repercutir no currículo ficha limpa dos envolvidos.
É a lei do silêncio, como se por ordem divina ninguém movesse uma palha para descortinar os meandros das maracutaias. Parece que determinadas ONGs, assim como os sindicatos e o MST estão isentos de qualquer fiscalização.
Sem dúvida, o caminho do apadrinhamento, quando não da criação de pomposas ONGs, a principio de cunhos sociais, é uma boa trilha, de fácil acesso, para efetuar vultosos desvios de recursos sem muitos atropelos. É o caminho para a obtenção de ganhos financeiros pessoais ou para o seu partido, visando suprir por linhas diretas o seu patrimônio e o caixa dois dos custos de campanha.
No caso do MST, por exemplo, só na base das últimas invasões de fazendas, de prédios públicos, aquela entidade ilegal, pois nem uma miserável e fajuta ONG é, e que não existe, receberá, conforme promessa de um ministro, mais de 400 milhões de reais para os seus intentos.
Podemos considerar que determinadas ONG são em ultima análise como pequenas autarquias, um instrumento de fácil manuseio para desviar recursos e patrocinar enriquecimentos ilícitos.
Logo, os espertalhões acabaram descobrindo nas ONGs em geral, mascaradas ferramentas para a concretização de ações politicamente corretas (dicotomias), um excelente prostíbulo para um lucrativo conúbio carnal.
Não sem razão, existe uma grita para um efetivo controle das milhares de ONGs que proliferam no País como praga, especialmente em nossa Amazônia, de sua real finalidade, dos seus trabalhos efetivos e do emprego dos recursos amealhados. Tudo em vão. Existem barreiras que obstruem qualquer fiscalização.
Por que será? 

Brasília, DF 18 de outubro de 2011.
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Visão de Justiça....Parabéns!

IANOMÂMI! QUEM?

por Roberto Gama e Silva (*)

Nos tempos da infância e da adolescência que passei em Manaus, minha cidade natal, nunca ouvi a mais leve referência ao grupamento indígena denominado “IANOMÂMI”, nem mesmo nas excursões que fiz ao território, acompanhando o meu avô materno, botânico de formação, na sua incessante busca por novas espécies de orquídeas.
Tinha eu absoluta convicção sobre a inexistência desse grupo indígena, principalmente depois que aprendi que a palavra “ianomâmi” era um nome genérico aplicado ao “ser humano”.

Recentemente, caiu-me nas mãos o livro “A FARSA IANOMÂMI”, escrito por um oficial de Exército brasileiro, de família ilustre, o Coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto,

Credenciava o autor do livro a experiência adquirida em duas passagens demoradas por Roraima, a primeira, entre 69 e 71, como Comandante da Fronteira de Roraima/ 2º Batalhão Especial de Fronteira, a segunda, quatorze anos depois, como Secretário de Segurança do antigo Território Federal.

Menna Barreto procurou provar que os “ianomâmis” haviam sido criados por alienígenas, com o intuito claro de configurar a existência de uma “nação” indígena espalhada ao longo da fronteira com a Venezuela. Para tanto citou trechos de obras publicadas por cientistas estrangeiros que pesquisaram a região na década iniciada em 1910, notadamente o alemão Theodor Koch-Grünberg, autor do livro “Von Roraima zum Orinoco, reisen in Nord Brazilien und Venezuela in den jahren 1911-1913.

Embora convencido pelos argumentos apresentados no livro, ainda assim continuei minha busca atrás de uma personalidade brasileira que tivesse cruzado a região, em missão oficial do nosso governo, e que tivesse deixado documentos arquivados na repartição pública de origem. Aí, então, não haveria mais motivo para dúvidas.
Definido o que deveria procurar, foi muito fácil selecionar o nome de um dos “Gigantes da Nacionalidade”, embora pouco conhecido pelos compatriotas de curta memória: Almirante Braz Dias de Aguiar, o “Bandeirante das Fronteiras Remotas”
Braz de Aguiar, falecido em 17 de setembro de 1947, ainda no cargo de “Chefe da Comissão Demarcadora de Limites – Primeira Divisão”, prestou serviços relevantes ao país durante 40 anos corridos, sendo que destes, 30 anos dedicados à Amazônia, por ele demarcada por inteiro. Se, nos dias correntes, o Brasil já solucionou todas as pendências que recaiam sobre os 10.948 quilômetros que separam a nossa maior região natural dos países vizinhos, tudo se deve ao trabalho incansável e competente de Braz de Aguiar, pois de suas observações astronômicas e da precisão dos seus cálculos resultaram mais de 500 pontos astronômicos que definem, juntamente com acidentes naturais, essa longa divisória.
Todas as campanhas de Braz de Aguiar foram registradas em detalhados relatórios despachados para o Ministério das Relações Exteriores, a quem a Comissão Demarcadora era subordinada.

Além desses relatórios específicos, Braz de Aguiar ainda fez publicar trabalhos detalhados sobre determinadas áreas, que muito contribuíram para desvendar os segredos da Amazônia.

Um desses trabalhos denominado “O VALE DO RIO NEGRO”, classificado pelo Chefe da “Comissão Demarcadora de Limites – Primeira Divisão” como um subsídio para “a geografia física e humana da Amazônia”, foi encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores no mês de janeiro de 1944, trazendo no seu bojo a resposta definitiva à indagação “IANOMÂMI! QUEM?.

No tocante às tribos indígenas do Vale do Rio Negro, incluindo as do tributário Rio Branco, afirma o trabalho que “são todas pertencentes às famílias ARUAQUE e CARIBE, sem aludir à existência de alguns povos cujas línguas se diferenciam profundamente das faladas pelas duas coletividades citadas”. Prossegue o autor: “Tais povos formam as chamadas tribos independentes, que devem ser consideradas como restos de antigas populações cuja liberdade foi grandemente prejudicada pela ação opressora de vizinhos poderosos”. Também os índios “TUCANOS” constituem uma família a parte, complementa o trabalho.

Dito isto, a obra cita os nomes e as localizações das tribos aruaques no Vale do Rio Negro, em número de treze, sem que da relação conste a pretensa tribo “IANOMÂMI”.

Em seguida, foram listadas as tribos caribes, bem como a sua localização: ao todo são sete as tribos, também ausente da relação o nome “IANOMÂMI”. Dentre as chamadas tribos independentes do Rio Negro, em número de cinco, também não aparece qualquer citação aos “IANOMÂMIS”.

Para completar o quadro, a obra elaborada por Braz de Aguiar ainda faz menção especial ao grupo “TUCANO”, pelo simples fato de compreender quinze famílias, divididas em três ramos: o oriental, que abrange as bacias dos rios UAUPÉS e CURICURIARI; a ocidental, ocupando as bacias do NAPO, PUTUMAIO e alto CAQUETÁ, e o setentrional, localizado nas nascentes do rio MAMACAUA. Os “IANOMÂMIS” também não apareceram entre os “TUCANOS”.

Para completar a listagem dos povos da bacia do RIO NEGRO, a obra ainda faz menção a uma publicação de 1926, composta pelas “MISSÕES INDÍGENAS SALESIANAS DO AMAZONAS”, que descreve todas as tribos da bacia do RIO NEGRO sem mencionar a existência dos “IANOMÂMIS”.

Assim sendo, pode-se afirmar, sem medo de errar, que esse povo “não existiu e não existe” senão nas mentes aedilosas dos inimigos do Brasil.

Menna Barreto e outras fontes fidedignas afirmam que coube a uma jornalista romena, CLAUDIA ANDUJAR, mencionar, pela primeira vez, em 1973, a existência do grupo indígena por ela denominado “IANOMÂMI”, localizado em prolongada faixa vizinha à fronteira com a VENEZUELA.

Interessante ressaltar que a jornalista que “inventou” os “IANOMÂMIS” não agiu por conta própria, mas inspirada pela organização denominada “CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL” sediada na SUIÇA, que, por seu turno, é dirigida por um Conselho Coordenador instruído por seis entidades internacionais: “Comitê International de la Defense de l´Amazon”; “Inter-American Indian Institute”; “The International Ethnical Survival”; “The International Cultural Survival”; “Workgroup for Indigenous Affairs” e “The Berna-Geneve Ethnical Institute”.

Releva, ainda, destacar o texto integral do item I, das “Diretrizes” da organização referentes ao BRASIL: “É nosso dever garantir a preservação do território da Amazônia e de seus habitantes aborígines, para o seu desfrute pelas grandes civilizações européias, cujas áreas naturais estejam reduzidas a um limite crítico”.

Ficam assim bem caracterizadas as intenções colonialistas dos membros do “CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL”, ao incentivarem a “invenção“ dos ianomâmis e a sua localização ao longo da faixa de fronteiras.

Trata-se de iniciativa de fé púnica, como soe ser a artificiosa invenção de um grupo étnico para permitir que estrangeiros venham a se apropriar de vasta região do Escudo das Guianas, pertencente ao Brasil e, provavelmente, rica em minérios. O ato se reveste de ilegitimidade passiva e de impossibilidade jurídica. Sendo, pois, um ato criminoso, a criação de “Reserva Ianomâmi” deve ser anulada e, em seguida, novo estudo da área deverá ser conduzido para o possível estabelecimento de novas reservas, agora descontínuas, para abrigar os grupos indígenas instalados na mesma zona, todos eles afastados entre si, por força do tradicional estado de beligerância entre os grupos étnicos “aruaques” e ‘caribes’.

Outras providências legais devem ser adotadas, todavia, para enquadrar os “zelosos” funcionários da FUNAI que se deixaram enganar e os “competentes” servidores do Ministério da Justiça que induziram o Ministro da Pasta e o próprio Presidente da República a aprovarem a decretação de reserva para um grupo indígena inexistente. Sobre estes últimos poderia ser aplicada a “Lei de Segurança Nacional”, artigos 9 e 11, por terem eles contribuído para um futuro seccionamento do território nacional e um possível desmembramento do mesmo para entrega a outro ou outros Estados.
 
 (*) O autor é Almirante

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

SOLDADO QUATRO ESTRELAS BOTA A BOCA NO TROMBONE!

O soldado João Dias, envolvido em vários escândalos que estão abalando as estruturas do Governo do Distrito Federal, resolveu disparar sua metralhadora , virou um general quatro estrelas e derrubou o Ministro do Esportes Orlando Silva, que será substituído em poucos dias, provavelmente pelo cacique do PC do B, Aldo Rebelo.

O soldado general está dando ” voz de prisão” a grandes patentes da política Federal e do DF. Após denuncia da Revista Eletrônica Quidnovi da existência de um aparelho repressor no coração da Capital Federal , na Península dos Ministros, as estruturas do poder estão cada vez mais abaladas. O soldado João Dias era freqüentador assíduo da “casa da maldade” e durante sua estada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, engordou seu dossiê contra os poderosos aliados Agnelo Queiroz e Tadeu Filipelli, bem como o secretário de Governo número 1, Paulo Tadeu. Todo o staff do governador Agnelo está sob a mira do soldado.

João Dias Ferreira é um dos protagonistas do volumoso processo que tramita na Justiça Federal que já tem pedido de prisão para o soldado apadrinhado por tubarões da política. Apesar da baixa patente, o soldado atua na Esplanada dos Ministérios como um general quatro estrelas e começa a mandar recados aos ex- “padrinhos”. Antes de cair nas mãos da Justiça, João Dias abre a boca no rotadecolisaoagnada.blogspot.com e denuncia ministros, o governador Agnelo, o vice Filipelli, deputados e senadores. O soldado promete derrubar as mais altas patentes do país, antes que seus superiores, na hierarquia militar lhe coloquem a mordaça. João Dias está com a prisão decretada, mas conta com habeas corpus para ainda fazer revelações bombásticas. O soldado, com extensa folha corrida, agora teme por sua vida. Sabe que uma das formas de se manter vivo é botando a boca no trombone.

O soldado, hoje foco principal dos holofotes da política no Planalto Central, transita no poder desde a gestão de Agnelo Queiroz como Ministro dos Esportes. João Dias, esportista, lutador de artes marciais, um campeão de Kung-Fu, de família humilde da cidade satélite de Sobradinho, deslumbrou-se com a vida palaciana.


Através de várias ONGs , movimentava muito dinheiro em operações para o então ministro dos Esportes Agnelo Queiroz, fazendo o caixa para a campanha do Governador do DF em 2010. Ali, como também revelou a Revista Quidnovi, começou o que a Justiça Federal batizou de Operação Kung-Fu, e posteriormente chamada de Operação Shaolin, recheada com assassinatos, desvio de verba pública, orgias sexuais envolvendo menores e muita corrupção.

O lutador de Kung Fu é praticamente o representante do governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz, no quartel general da QL 12, conjunto 4, casa 2, na Península dos Ministros. De posse das arapongagens, João Dias nomeia , cria cargos, remaneja comandos no GDF e mesmo, sem o poder da caneta, faz com que o governador e o vice-Tadeu Filipelli, assinem embaixo de suas decisões.


Foi no episódio do “Sudoeste Caboclo”, revelado mais uma vez pelo Quidnovi, que o soldado raso, com status de general ficou conhecido do público. Todas as lentes do Governo, da Justiça, e da população se viraram para o rapaz, morador da periferia do Plano Piloto, em mansão cinematográfica , adquirida com o dinheiro público, com carros importados na garagem.

Agora, João Dias já percebeu as manobras do Poder. Sabe que corre risco de vida. E, como soldado, quer morrer na batalha, atirando. Todos os dias, tem revelado em seu blog bombas que espalham o terror na Esplanada dos Ministérios e na Praça do Buriti.


O primeiro alvo foi o ministro dos Esportes Orlando Silva, que chegou da viagem a Europa, onde se apresentou timidamente em todas as entrevistas. Espremido de um lado pela FIFA, e visivelmente abandonado pela presidente Dilma Housseff, Orlando estava desconfortável toda vez que falava a imprensa e chegou em casa com péssimas notícias. João Dias derrubou o ministro dos Esportes fazendo uma bagunça no PC do B, denunciando militantes do Partido, entre eles Lene, assessora de Orlando Silva no ME, e o marido Julio Cesar, também do ministério, acusados de fazerem caixa para o partido e para o ministro.

Tudo isto não é novidade para a presidente Dilma Housseff que recebe diariamente relatórios da ABIN com informações sobre o processo da Operação Shaolin. Diante desta situação, Aldo Rabelo, procurado por Dilma, foi obrigado a abandonar Orlando e retomar as rédeas do Ministério dos Esportes, que é o único no Governo Dilma, nas mãos do PC do B. Aldo precisa manter o espaço de seu partido e nas próximas horas deve ser decidido quem ocupara a pasta vedete internacional do Governo Dilma pelo menos até 2016. Ao que tudo indica, será o próprio Aldo Rebelo que ficará à frente do Ministério, uma vez que seu ex-correligionário, Agnelo Queiroz, e Orlando Silva, tiveram desempenhos que, com certeza vão manchar a história do PC do B.


Enquanto isso, o Palácio do Buriti também estremece. O Ministério Público mais uma vez acompanha passo a passo, dia a dia o governo Agnelo/Filipelli . O Plano Piloto vai passar por turbulências mais uma vez. A população, atenta, mostra que não assiste calada os desmandos do Governo.

Agnelo Queiroz vem de longo tempo sob a mira do Ministério Público e parece que desta vez , a apenas 10 meses no Governo, não conseguirá sair do mar de atoleiro de corrupção que se alastra há mais de 10 anos no DF. Agnelo está refém das ações do passado e das nomeações que fez em seu Governo. A saída é desqualificar o soldado João Dias. Mas o rapaz está muito bem municiado para a luta com o Poder.

Keep walking....Brasil!

Da Grécia para o Brasil: Eu sou você amanhã!!!

Fórum do Jornal Económico - 29/06/2011


Lê-se, por vezes, que os Gregos, coitadinhos, são um pobre povo que está a sofrer as agruras de uma crise internacional aumentada pelas mãos da pérfida Merkel.

Já é tempo de sair desta superficialidade, de perceber que os Gregos têm culpas no cartório, que não foram sérios e que não o estão a ser.

Os Gregos levaram a lógica dos "direitos adquiridos" até à demência, até à falta de vergonha.
Contam-se fatos inauditos.

Os exemplos desta falta de seriedade são imensos, a saber :

1 - Em 1930, um lago na Grécia secou, mas o Estado Social grego mantem o Instituto para a Proteção do Lago Kopais, que, embora tenha secado em 1930, ainda tem, em 2011, dezenas de funcionários
dedicados à sua conservação.

2 - Na Grécia, as filhas solteiras dos funcionários públicos têm direito a uma pensão vitalícia, após a morte do mãe/pai-funcionário público. Recebem 1000 euros mensais - para toda a vida - só pelo facto de serem filhas de funcionários públicos falecidos.
Há 40 mil mulheres neste registo que custam ao erário publico 550 milhões de euros por ano.
Depois de um ano de caos, o governo grego ainda não acabou com isto completamente.
O que pretende é dar este subsidio só até fazerem 18 anos ...

3 - Num hospital público, existe um jardim com quatro (4) arbustos.
Ora, para cuidar desses arbustos o hospital contratou quarenta e cinco (45) jardineiros.

4 - Num ato de gestão muito "social" (para com o fornecedor), os hospitais gregos compram marca-passos quatrocentas vezes (400) mais caros do que aqueles que são adquiridos no SNS britânico.

5 - Existem seiscentas (600) profissões que podem pedir a reforma aos 50 anos (mulheres) e aos 55 (homens).
Porquê ? Porque adquiriram estatuto de profissões de alto desgaste. Dentro deste rol, temos cabeleireiras, apresentadores de TV, músicos de instrumentos de sopro ...

6 - Pagava-se 15º mês a toda a classe trabalhadora.

7 - As Pensões de Reforma de 4.500 funcionários, no montante de 16 milhões euros por ano, continuavam a ser depositadas, mesmo depois dos idosos falecerem, porque os familiares não davam baixa e não devia haver meios de se averiguar a inexatidão dessa atribuição.

8 - Chegava-se ao ponto de só se pagarem os prêmios de alguns seguros quando fosse preciso usufruir deles !

9 - A Grécia é o País da União Europeia que mais gasta, em termos militares, em relação ao PIB (dados de 2009). O triplo de Portugal

10 - Há viaturas oficiais da administração do Estado que têm 50 condutores.
Cada novo nomeado para um cargo nomeia três ou quatro condutores da sua confiança, mas como não são permitidas demissões na função pública os anteriores vão mantendo o salário.

11 - Na Grécia, cerca de 90% da terra não tem cadastro.
Sabem o que significa isso ? Significa que os proprietários não pagam impostos.
Eu já tinha ouvido dizer que os gregos não pagavam impostos.
Ora, a grande receita do Estado provém dos impostos.
Isto quer dizer que o erário publico do Estado grego esta vazio, totalmente vazio.

Quer dizer, os milhões da UE é que serviram, durante todos estes anos, para manter o nível de vida atingido dos gregos. Não admira que já tenham estourado 115 bilhões e agora precisem de mais 108 bilhões.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

‘Foco da Comissão da Verdade será a ditadura’

Relator do projeto no Senado, Aloysio Nunes, tucano diz que pretende entregar relatório à CCJ na próxima quarta-feira, 19 Roldão Arruda / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo 

Em entrevista ao Estado, o relator do projeto de lei da Comissão da Verdade, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que ela só terá sucesso se focalizar as investigações no período da ditadura militar. Ele considera o projeto bom e acredita que não enfrentará problemas em sua tramitação no Senado. 

O fato de ter sido perseguido e condenado no período do regime militar pode causar algum tipo de problema ou constrangimento para o senhor como relator? 
Sou um senador da República, comprometido com a questão dos direitos humanos, e não um perseguido político. Fui condenado, anistiado, reintegrado à vida política e hoje estou aqui. 

Quais suas impressões iniciais do projeto de lei? 
Eu o conheço bem. Conversei com o ministro Nelson Jobim, antes de sua saída do Ministério da Defesa, quando ainda estava sendo elaborado, e acompanhei os debates na Câmara. Na minha avaliação é um bom projeto, que dá continuidade a uma série de mudanças institucionais que começam lá atrás, com o fim do AI-5, a Lei da Anistia, a criação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos no governo de Fernando Henrique Cardoso, as reparações, a criação de memoriais em vários Estados, a digitalização dos arquivos públicos do período da ditadura. Enfim, trata-se de mais uma etapa num processo iniciado há longo tempo e que precisa ser concluído. 

Para familiares de mortos e desaparecidos, a comissão também deveria promover a reparação judicial, com a condenação dos responsáveis pelos crimes?
A comissão não tem caráter judicial, não vai funcionar como um tribunal de exceção. O objetivo é esclarecer as violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, com foco especial no período da ditadura. A apuração pode ter consequências na área do Judiciário, mas o objetivo da comissão não é este. 

Outra crítica ao projeto é o período que abrange, considerado excessivamente longo? 
Os autores do projeto decidiram adotar esse marco temporal, assim como poderiam ter adotado algum outro. É evidente, porém, que o foco da comissão deve ser o período da ditadura militar e as graves violações de direitos humanos praticadas naquele período. Deve ser uma abordagem ampla, que permita o esclarecimento de desaparecimentos forçados, a ocultação de cadáveres, a identificação das circunstâncias e das instituições relacionadas à pratica de violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e do conjunto da sociedade. Se eu fosse membro da comissão, esse seria o meu foco. 

Não acha o prazo de dois anos curto para essa tarefa? 
A comissão não vai partir do zero. Já existe um acervo grande acumulado. Acho que o período de dois anos é suficiente, mas vale lembrar que o trabalho só termina quando a comissão concluir o seu relatório e que o prazo pode ser prorrogado por medida provisória. Seria importante, no entanto, que a comissão concluísse seu trabalho no governo da presidente Dilma. 

Por quê? 
Por causa do engajamento pessoal da presidente nessa questão. Pelas declarações que tenho ouvido dela, esse engajamento pode contribuir para o bom resultado e a eficácia do trabalho da comissão. 

O que mais poderia contribuir para o bom resultado? 
A qualidade dos membros que foram escolhidos para integrar a comissão, os meios que tiverem para trabalhar e sua capacidade para focalizar os pontos mais críticos. 

Acha que o projeto pode enroscar no Senado? 
Não acredito. Pelas conversas iniciais do ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, com as bancadas dos partidos, a tramitação será tranquila. Mas não posso garantir nada. Da minha parte vou trabalhar intensamente para entregar o meu relatório ao presidente da CCJ na próxima quarta-feira. Não sou de segurar projeto.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Doutor Lula


Ricardo Vélez Rodrígues *

Lula, como Brizola, é um grande comunicador. Mas, como Brizola também, é um grande populista.
A característica fundamental desse tipo de líder é, como escreve o professor Pierre-André Taguieff (A Ilusão Populista - Ensaio sobre as Demagogias da era Democrática, Paris, Flammarion, 2002), que se trata de um demagogo cínico. Demagogo - no sentido aristotélico do termo - porque chefia uma versão de democracia deformada, aquela em que as massas seguem o líder em razão de seu carisma, em que pese o fato de essa liderança conduzir o povo à sua destruição. O cinismo do líder populista já fica por conta da duplicidade que ele vive, entre uma promessa de esperança (e como Lula sabe fazer isso: "Os jovens devem ter esperança porque são o futuro da Nação", "o pré-sal é a salvação do brasileiro", e por aí vai), de um lado, e, de outro, a nua e crua realidade que ele ajudou a construir, ou melhor, a desconstruir, com a falência das instituições que garantiriam a esse povo chegar lá, à utopia prometida...
Lula acelerou o processo de desconstrução das instituições que balizam o Estado brasileiro. Desconstruiu acintosamente a representação, mediante a deslavada compra sistemática de votos, alegando ulteriormente que se tratava de mais uma prática de "caixa 2" exercida por todos os partidos (seguindo, nessa alegação, "parecer" do jurista Márcio Thomas Bastos) e proclamando, em alto e bom som, que o "mensalão nunca existiu". Sob a sua influência, acelerou-se o processo de subserviência do Judiciário aos ditames do Executivo (fator que nos ciclos autoritários da História republicana se acirrou, mas que sob o PT voltou a ter uma periclitante revivescência, haja vista a dificuldade que a Suprema Corte brasileira tem para julgar os responsáveis pelo mensalão ou a censura odiosa que pesa sobre importante jornal há mais de dois anos, para salvar um membro de conhecido clã favorável ao ex-mandatário petista).
Lula desconstruiu, de forma sistemática, a tradição de seriedade da diplomacia brasileira, aliando-se a tudo quanto é ditador e patife pelo mundo afora, com a finalidade de mostrar novidades nessa empreitada, brandindo a consigna de um "Brasil grande" que é independente dos odiados norte-americanos, mas, certamente, está nos causando mais prejuízos do que benefícios no complicado xadrez global: o País não conseguiu emplacar, com essa maluca diplomacia de palanque, nem a direção da Unesco, nem a presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC), nem a entrada permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Lula, com a desfaçatez em que é mestre, conseguiu derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal, abrindo as torneiras do Orçamento da União para municípios governados por aliados que não fizeram o dever de casa, fenômeno que se repete no governo Dilma. De outro lado, isentou da vigilância dos órgãos competentes (Tribunal de Contas da União, notadamente) as organizações sindicais, que passaram a chafurdar nas águas do Orçamento sem fiscalização de ninguém. Esse mesmo "liberou geral" valeu também para os ditos "movimentos sociais" (MST e quejandos), que receberam luz verde para continuar pleiteando de forma truculenta mais recursos da Nação para suas finalidades políticas de clã. Os desmandos do seu governo foram, para o ex-líder sindical, invenções da imprensa marrom a serviço dos poderosos.
A política social do programa Bolsa-Família converteu-se numa faca de dois gumes, que, se bem distribuiu renda entre os mais pobres, levou à dependência do favor estatal milhões de brasileiros, que largaram os seus empregos para ganhar os benefícios concedidos sem contrapartida nem fiscalização. Enquanto ocorria isso, o Fisco, sob o consulado lulista, tornou-se mais rigoroso com os produtores de riqueza, os empresários. "Nunca antes na História deste país" se tributou tanto como sob os mandatos petistas, impedindo, assim, que a livre-iniciativa fizesse crescer o mercado de trabalho em bases firmes, não inflacionárias.
Isso sem falar nas trapalhadas educacionais, com universidades abertas do norte ao sul do País, sem provisão de mestres e sem contar com os recursos suficientes para funcionarem. Nem lembrar as inépcias do Inep, que frustraram milhões de jovens em concursos vestibulares que não funcionaram a contento. Nem trazer à tona as desgraças da saúde, com uma administração estupidamente centralizada em Brasília, que ignora o que se passa nos municípios onde os cidadãos morrem na fila do SUS.
Diante de tudo isso, e levando em consideração que o Brasil cresceu na última década menos que seus vizinhos latino-americanos, o título de doutor honoris causa concedido a Lula, recentemente, pela prestigiosa casa de estudos Sciences Po, em Paris, é ou uma boa piada ou fruto de tremenda ignorância do que se passa no nosso país. Os doutores franceses deveriam olhar para a nossa inflação crescente, para a corrupção desenfreada, fruto da era lulista, para o desmonte das instituições republicanas promovido pelo líder carismático e para as nuvens que, ameaçadoras, se desenham no horizonte de um agravamento da crise financeira mundial, que certamente nos encontrará com menos recursos do que outrora. Ao que tudo indica, os docentes da Sciences Po ficaram encantados com essa flor de "la pensée sauvage", o filho de dona Lindu que conseguiu fazer tamanho estrago sem perder a pose. Sempre o mito do "bon sauvage" a encantar os franceses!
O líder prestigiado pelo centro de estudos falou, no final do seu discurso, uma verdade: a homenagem ele entendia ter sido feita ao povo brasileiro - que paga agora, com acréscimos, a conta da festança demagógica de Lula e enfrenta com minguada esperança a luta de cada dia.
* Ricardo Vélez Rodrígues, coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora; e-mail: rive2011@gmail.com - O Estado de S.Paulo


Ataque de um Tsunami

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Loba que come LLobo...

Por Maria Cristina Fernandes



Sabatinada para o Superior Tribunal de Justiça, na condição de primeira mulher a ascender à cúpula da magistratura, a então desembargadora da justiça baiana, Eliana Calmon, foi indagada se teria padrinhos políticos. "Se não tivesse não estaria aqui". Quiseram saber quem eram seus padrinhos. A futura ministra do STJ respondeu na lata: "Edison Lobão, Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães".
Corria o ano de 1999. Os senadores eram os pilares da aliança que havia reeleito o governo Fernando Henrique Cardoso. A futura ministra contou ao repórter Rodrigo Haidar as reações: "Meu irmão disse que pulou da cadeira e nem teve coragem de assistir ao restante da sabatina. Houve quem dissesse que passei um atestado de imbecilidade".
Estava ali a sina da ministra que, doze anos depois, enfrentaria o corporativismo da magistratura. "Naquele momento, declarei totalmente minha independência. Eles não poderiam me pedir nada porque eu não poderia atuar em nenhum processo nos quais eles estivessem. Então, paguei a dívida e assumi o cargo sem pecado original."

Eliana Calmon nunca escondeu seus padrinhos

De lá pra cá, Eliana Calmon tem sido de uma franqueza desconcertante sobre os males do Brasil. Muita toga, pouca justiça são.
Num tempo em que muito se fala da judicialização da política, Eliana não perde tempo em discutir a politização do judiciário. É claro que a justiça é política. A questão, levantada pela ministra em seu discurso de posse no CNJ, é saber se está a serviço da cidadania.
A "rebelde que fala", como se denominou numa entrevista, chegou à conclusão de que a melhor maneira de evitar o loteamento de sua toga seria colocando a boca no trombone.
Aos 65 anos, 32 de magistratura, Eliana Calmon já falou sobre quase tudo.
- Filhos de ministros que advogam nos tribunais superiores: "Dizem que têm trânsito na Corte e exibem isso a seus clientes. Não há lei que resolva isso. É falta de caráter" (Veja, 28/09/2010).
- Corrupção na magistratura: "Começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar um juiz de primeira instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um habeas-corpus ou uma sentença. Os que se sujeitam são candidatos naturais a futuras promoções". (Idem)
- Morosidade: "Um órgão esfacelado do ponto de vista administrativo, de funcionalidade e eficiência é campo fértil à corrupção. Começa-se a vender facilidades em função das dificuldades. E quem não tem um amigo para fazer um bilhetinho para um juiz?" (O Estado de S. Paulo, 30/09/2010).
Era, portanto, previsível que não enfrentasse calada a reação do Supremo Tribunal Federal à sua dedicação em tempo integral a desencavar o rabo preso da magistratura.
Primeiro mostrou que não devia satisfações aos padrinhos. Recrutou no primeiro escalão da política maranhense alguns dos 40 indiciados da Operação Navalha; determinou o afastamento de um desembargador paraense; e fechou um instituto que, por mais de 20 anos, administrou as finanças da justiça baiana.
No embate mais recente, a ministra foi acusada pelo presidente da Corte, Cezar Peluso, de desacreditar a justiça por ter dito à Associação Paulista de Jornais que havia bandidos escondidos atrás da toga. Na réplica, Eliana Calmon disse que, na verdade, tentava proteger a instituição de uma minoria de bandidos.
Ao postergar o julgamento da ação dos magistrados contra o CNJ, o Supremo pareceu ter-se dado conta de que a ministra, por mais encurralada que esteja por seus pares, não é minoritária na opinião pública.
A última edição da pesquisa nacional que a Fundação Getúlio Vargas divulga periodicamente sobre a confiança na Justiça tira a ministra do isolamento a que Peluso tentou confiná-la com a nota, assinada por 12 dos 15 integrantes do CNJ, que condenou suas declarações.
Na lista das instituições em que a população diz, espontaneamente, mais confiar, o Judiciário está em penúltimo lugar (ver tabela abaixo). Entre aqueles que já usaram a Justiça a confiança é ainda menor.
A mesma pesquisa indica que os entrevistados duvidam da honestidade do Judiciário (64%), o consideram parcial (59%) e incompetente (53%).
O que mais surpreende no índice de confiança da FGV é que o Judiciário tenha ficado abaixo do Congresso, cujo descrédito tem tido a decisiva participação da Corte Suprema - tanto por assumir a função de legislar temas em que julga haver omissão parlamentar, quanto no julgamento de ações de condenação moral do Congresso, como a Lei da Ficha Limpa.
A base governista está tão desconectada do que importa que foi preciso um senador de partido de fogo morto, Demóstenes Torres (DEM-TO), para propor uma Emenda Constitucional que regulamenta os poderes do CNJ e o coloca a salvo do corporativismo dos togados de plantão. "Só deputado e senador têm que ter ficha limpa?", indagou o senador.
Ao contrário do Judiciário, os ficha suja do Congresso precisam renovar seus salvo-conduto junto ao eleitorado a cada quatro anos.
O embate Peluso-Calmon reedita no Judiciário o embate que tem marcado a modernização das instituições. Peluso tenta proteger as corregedorias regionais do poder do CNJ.



Nem sempre o que é federal é mais moderno. O voto, universal e em todas as instâncias, está aí para contrabalancear. Mas no Judiciário, o contrapeso é o corporativismo. E em nada ajuda ao equilíbrio. Em seis anos de existência, o CNJ já puniu 49 magistrados. A gestão Eliana Calmon acelerou os processos. Vinte casos aguardam julgamento este mês.
Aliomar Baleeiro, jurista baiano que a ministra gosta de citar, dizia que a Justiça não tem jeito porque "lobo não come lobo". A loba que apareceu no pedaço viu que dificilmente daria conta da matilha sozinha, aí decidiu uivar alto.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras.

A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES

O ano é 2020 D.C. - ou seja, daqui a nove anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
– Vovô, por que o mundo está acabando? 
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:
– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor? 
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios? 
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos. 
– E como foi que eles desapareceram, vovô? 
– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério. Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CASSANDO EVA!

* Sérgio Paulo Muniz Costa

A surpreendente iniciativa censória do governo federal que atingiu uma peça publicitária encenada pela modelo Gisele Bündchen nos desperta para a reflexão a respeito da androginia ideológica que vai se impondo à sociedade brasileira. Além de controversa, ela é absolutamente desnecessária para combater injustiças, abusos, estupros, agressões, assédios e assassinatos cometidos contra mulheres exatamente por que elas são mulheres.
O grande problema no trato da questão é o risco cada vez maior de ser taxado de sexista quem enxergue a mulher segundo as suas diferenças em relação ao homem. A garimpagem multiculturalista fez da mulher o filão mais rico da ideologia da discriminação, tornando difícil, senão impossível, tratar os homens e as mulheres segundo o que eles são – iguais perante suas diferenças.
Na verdade, um dos aspectos mais distintivos das sociedades segundo o seu grau de evolução foi (e ainda é) o tratamento dispensado ao sexo feminino. Nenhuma espécie foi tão condicionada pelas suas fêmeas como a humana, desde suas origens, quando variações biológicas tornaram mais difíceis os partos e as impediram de seguir o bando, alterando irreversivelmente as práticas grupais de caça, abrigo, proteção e alimentação.
Se tudo o mais não mostrasse a impossibilidade de suprimir diferenças entre os gêneros da espécie humana nos salva o entendimento de sexismo como “atitude discriminatória em relação ao sexo oposto” (AURÉLIO), algo que se torna realidade precisamente quando se nivelam homens e mulheres em todas as expressões e formas de vida em sociedade, negando-se mesmo as mais elementares proteções à mulher, duramente conquistadas, mas ainda insuficientemente reconhecidas.
Pode parecer surpreendente, mas a civilização a que pertencemos tem a seu crédito a valorização da mulher, não somente mediante o casamento instituído no século XII – quando passaram a se igualar o homem e a mulher –, mas também no deslocamento do senso estético do ideal masculino na Antiguidade para o feminino na Idade Média, como apontado por LE GOFF. Com isso, o ancestral ideal grego de excelência - a Arete - imposto à mulher na beleza, universalizaria o belo enquanto feminino, abstraindo-o do desejo e da necessidade, algo mais tarde codificado na estética iluminista.
Não é a beleza feminina como instrumento da sensualidade que cria a mulher-objeto, mas sim a sua transformação em meio apartado de um fim - o ideal de toda mulher independentemente de seus atributos físicos. Privá-la de seus atributos de beleza e sensualidade no recesso de sua vida marital é constrangê-la à própria negação, independentemente das formas de relação por que vier a optar.
É espantoso até onde pode ir o maniqueísmo da dominação que já contaminou tantas relações em sociedade. Querem destruir o primeiro e maior de todos os arquétipos: Eva.
Por decreto. 


*Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador e membro do CPE da UFJF.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ARMAS NUCLEARES, DILMA NA ONU PREGOU NO DESERTO...


Publicado no “CORREIO DO BRASIL/RJ” em 29 de setembro de 2011

Nossa presidenta não podia se despedir de Nova York sem incorrer na mesmice. Não sem antes cobrar da comunidade internacional, durante uma reunião da ONU, maior rigor na fiscalização de algumas nações, particularmente daquelas que detêm primazias e armas nucleares para fins militares. Eu fico a imaginar o que pensam os representantes da “gang dos 5” quando principiantes no grande jogo da disputa internacional se arvoram, assumindo mesmo a pele de verdadeiros e únicos campeões da paz mundial. Na oportunidade, a chefe do estado brasileiro, repetindo discursos de seus antecessores, assim se reportou de forma peremptória: -“É imperativo ter no horizonte a eliminação completa e irreversível das armas nucleares”. Cidadã presidenta, este tipo de horizonte por si só é também inatingível!
Senhora Dilma, vamos pensar as coisas como elas são, trata-se de um simples raciocínio aritmético: existe uma desproporção tirânica entre a população das duas superpotências mundiais e, logicamente, na capacidade de mobilização de efetivos para suas forças armadas. Em termos de armamento convencional de última geração, não há como se duvidar, os chineses já estão em pé de igualdade com os nossos “irmãos do norte”. Presidenta cidadã, a senhora é perspicaz o bastante para perceber que, nestas condições, desequilibra quem tem mais soldados, marinheiros e aviadores para empregá-los. Vossa Excelência há de convir: nenhum chefe de estado norte-americano, em sã consciência, poderia abrir mão da única arma capaz de garantir a sobrevida dos descendentes de Tio Sam.
Vamos agora descer um pouco o escalão e imaginar como pensam os três bandidos restantes da “esquadrilha”. Ingleses e franceses temeram, temem e temerão sempre os russos: é o medo atávico da etnia eslava que sempre viveu debruçada de forma ameaçadora por sobre a Europa Ocidental. A senhora, em sã consciência, acredita que britânicos e gauleses vão desmontar seus arsenais para depender, tão somente, do seu correspondente americano. Dona Dilma, a senhora acha que esses países, líderes da União Européia, não se levam a sério?
Alerta comandante-em-chefe das Forças Armadas Brasileiras! Por muito menos os britânicos estiveram aqui, no Atlântico Sul, para garantir a posse de duas ilhotas que, todos sabem, pertencem aos “hermanos”. Todavia, também, não há quem duvide: se a Argentina fosse a Índia ou o Paquistão, simplesmente, não teria tido lugar o melancólico conflito das Malvinas e muitas vidas teriam sido poupadas, tanto de um lado como de outro. Quero que alguém me diga como escapar deste paradoxo!
Presidenta, Vossa Excelência disse que a ONU deve se preocupar com a eliminação completa e irreversível das armas nucleares! Raciocine, imagine, pondere por um momento que seja, a Coréia do Norte já resolveu o problema dela e o Irã está só correndo atrás. Até os “senhores da guerra” já perceberam: também para esses países poder de dissuasão definido e imediato é garantia de sobrevida! Assim, não adianta procurar desenvolver material bélico convencional em longo prazo para a garantia das nossas riquezas nacionais se elas estão transbordando, se revelando agora, a olhos vistos, para os grandes predadores militares. Trata-se de um processo muito caro que demandaria longo tempo para fazer reverter o “gap” tecnológico que deles nos separam. Precisamos, sim, de algo mais, porém para ontem, se quisermos evitar a luta pelas amazônias verde e azul.
Permita-me agora descer ainda mais o escalão. Raciocinemos a problemática no nível “minhoca”: árabes e israelenses. Como poderia sobreviver o diminuto Israel em meio a uma horda de “tuaregues” ululantes, volteando suas adagas ao redor de suas fronteiras, sem o seu quinhãozinho de ogivas? Não espere mais Senhora Dilma Roussef, assuma agora a postura de quem realmente veio para modificar o “status quo” das desigualdades mundiais.
 
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Oficial General

Nióbio - Maior Riqueza do Brasil!

domingo, 2 de outubro de 2011

Quem legisla(rá)?

Jornal do Brasil Sérgio Paulo Muniz Costa

Existem boas razões para críticas indignadas à política brasileira, mas existem outras, melhores, para que ela continue a dar rumos à nossa sociedade. A quem prega a supressão da política cabe primeiro responder o que a substituirá. Entendida como a condição necessária à tomada de decisão em uma sociedade democraticamente ordenada, é pacífico que o seu enfraquecimento compromete o Estado de direito, fora do qual deixamos de existir nos nossos direitos e deveres. Sem política como serão decididas as muitas questões que dizem respeito ao nosso dia a dia?
Não há substituto para a atividade parlamentar – portanto, politica – na sociedade contemporânea. Se a política existe há muito tempo, ela só se democratizou com o Parlamento. Nesta nossa modernidade, tecnocratas, servidores de estado, empresários, lobistas, marqueteiros, ongueiros e jornalistas não substituem os políticos eleitos como representantes da soberania do povo, mas parece que no Brasil isso está escapando ao próprio Poder Legislativo à medida que ele se avilta e se submete, em nome de todos nós.
A maior revolução política da História, a Revolução Francesa, ao consumar a separação dos poderes, subtraiu “definitivamente o Poder Legislativo do monarca” (GAUCHET), o desiderato de toda evolução política do Ocidente. Ao longo desse processo houve ocasiões em que o Parlamento não esteve à altura de suas responsabilidades, mas elas acabaram passando à História como exemplos definitivos do que acontece quando ele é suprimido ou manietado, como se viu na Inglaterra de Cromwell e na França do Terror. Independentemente de quão sutis ou sofisticadas sejam as formas modernas de anulação do Parlamento, o resultado é o mesmo: quando ele se cala perde-se a liberdade.
Em meio à tempestade que vai se armando no cenário brasileiro, conviria reconhecer o mal que o sistema de coalizão que sustenta os governos nesta república está causando, cuja origem está no desregrado financiamento dos partidos políticos à custa de recursos públicos. A resultante perversa desse processo é a corrupção endêmica que degrada de maneira irreversível a atividade política nos três níveis da administração do país, e transborda de maneira visível às muitas expressões da vida social brasileira.
Ao admitirem tacitamente se colocar como reféns do poder – adotando práticas que podem ser discricionariamente desmascaradas ao sabor das conveniências do momento – os partidos políticos fracassam antecipadamente como unidades de luta pelo poder. Essa é a contradição intrínseca ao funcionamento dos partidos políticos no Brasil: lutam para participar do poder de uma maneira que lhes nega a fruição legítima do poder.
A equação é complexa, mas merece ser enfrentada. Até porque o resultado é conhecido. Para começar, é preciso que os partidos ao se lançarem na disputa pelo poder entendam-no de forma completa, aí muito bem incluída a lei. Se não for por uma variável moral ou ética – da qual desdenham cínicos pretensos inteligentes – que seja por lógica. 

*Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador e membro do CPE da UFJF