Maria Lucia Victor
Barbosa
O sociólogo Emile Durkeim
(1858-1917) viveu as turbulências do início da sociedade industrial e isto
influenciou sua preocupação com a ordem e com novas ideias morais capazes de
guiar o comportamento das pessoas. Ele observou os conflitos resultantes das
transformações socioeconômicas nas sociedades europeias e concluiu que havia um
estado de anomia, ou seja, a ausência de leis, de normas, de regras de
comportamento claramente estabelecidas.
Na atualidade o rápido
desenvolvimento dos meios de transporte, de comunicação, da tecnologia, da
ciência indica a transição para um mundo mais complexo onde o conhecimento de
hoje é rapidamente ultrapassado amanhã. Nesse contexto valores são perdidos,
instituições se desagregam, percepções entre o certo e o errado desaparecem e o
indivíduo parece uma mosca tonta na janela de um trem-bala. Prevalece o
individualismo, o hedonismo, a vulgaridade, a mediocridade, a imoralidade.
Como as sociedades são
dinâmicas e não dá para permanecer nesse estado indefinidamente aos poucos vai
se construindo uma nova ordem. Paralelamente começam a
surgir novas representações coletivas, outro conceito de Durkeim a
significar experiências advindas da influência grupal – família, partido
político, religião, etc.- que suprem os indivíduos com ideias e atitudes que
ele aceita como se fossem pessoais.
No Brasil, país da impunidade,
do jeitinho, da malandragem sempre houve certa anomia. Um salvo-conduto para o
desfrute impune de atos de corrupção. Uma largueza moral que encanta os
estrangeiros que aqui vêm usufruí-la sem jamais ousarem repeti-la em seu país.
Características essas culturais originadas historicamente e aprimoradas ao longo
do tempo.
Contudo, foi com a entrada do
PT na presidência da República que acentuou nossa anomia. Isso se deu através
dos sucessivos e impunes escândalos de corrupção do partido que se dizia o único
ético, o puro, aquele que vinha para mudar o que estava errado. No poder o PT se
tornou não um partido não igual aos outros, mas pior.
Por isso mesmo foi marcante o
julgamento do mensalão quando, pela primeira vez, poderosos e seus coadjuvantes
foram parar na cadeia por conta da coragem e da firmeza do ministro Joaquim
Barbosa auxiliado por alguns ministros do STF.
Lula da Silva sempre foi um
homem de muita sorte ajudada por sua verborragia. Herdou um país sem inflação,
além de políticas públicas as quais de certo modo imitou. No plano internacional
reinava calmaria econômica. No âmbito interno nenhuma oposição partidária ou
institucional. As performances escrachadas do “pobre operário” agradavam a
maioria e formou-se uma representação coletiva que aceitava todos os desvios e
desmandos do governo. Diante da roubalheira o povo dizia: “se eu estivesse lá
faria a mesma coisa”.
O
todo-poderoso Lula da Silva se reelegeu e fez mais, obteve um “terceiro mandato”
sem precisar alterar a Constituição. Isso porque elegeu uma subordinada que não
dá passo sem ouvir suas ordens.
Contudo, no final do segundo
mandato de Lula da Silva a economia do Brasil paraíso começou a fazer água e os
três anos da sucessora tem sido um fiasco retumbante.
O álibi para o descalabro é a a
crise internacional, mas, na verdade foi a politica econômica incompetente e
errática da presidente e do Mr M autor das mágicas contábeis, ou seja, do Senhor
Mantega, que está nos conduzindo ao fracasso.
O governo do PT conseguiu nos
transformar no país dos pibinhos, no lanterninha dos BRICS. A inflação cresce,
tivemos em 2013 o maior déficit comercial de nossa história, com resultado
negativo de US$ 81,3 bilhões, a geração de emprego recuou 18,6% no ano passado,
a desvalorização cambial já é outro grave problema.
Existe,
porém, algo mais que a economia. Lula da Silva se aliou à escória governamental,
a começar pela América Latina. Insuflou ódios raciais. Jogou a Educação no nível
mais baixo enquanto seu ministro Haddad tentava insuflar amoralidade na formação
das crianças. A Saúde virou sinônimo de crueldade e não serão médicos cubanos,
ideologicamente trazidos para cá, que reporão a falta de estrutura de hospitais
e postos de saúde.
Agora está sendo colhido o que
foi plantado com os votos no PT. A manifestação pacífica de junho, em 2013, foi
só um passo tolhido pela entrada dos tais black blocs, politicamente inseridos ou não.
Entretanto,
várias outras manifestações vêm se espalhando pelo país de forma violenta com
queima de ônibus, interdição de estradas, depredações, saques. Enquanto isso
aumenta a força da criminalidade dando a nítida impressão de que um tenebroso
Estado paralelo se sobrepõe ao Estado de Direito.
A rotineira barbárie da prisão
de Pedrinhas é a ilustração mais perfeita da anomia brasileira a qual devemos
agradecer aos nossos governantes, especialmente, ao governo do PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário