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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ANOMIA, O CASO BRASILEIRO

Maria Lucia Victor Barbosa 

O sociólogo Emile Durkeim (1858-1917) viveu as turbulências do início da sociedade industrial e isto influenciou sua preocupação com a ordem e com novas ideias morais capazes de guiar o comportamento das pessoas. Ele observou os conflitos resultantes das transformações socioeconômicas nas sociedades europeias e concluiu que havia um estado de anomia, ou seja, a ausência de leis, de normas, de regras de comportamento claramente estabelecidas.
Na atualidade o rápido desenvolvimento dos meios de transporte, de comunicação, da tecnologia, da ciência indica a transição para um mundo mais complexo onde o conhecimento de hoje é rapidamente ultrapassado amanhã. Nesse contexto valores são perdidos, instituições se desagregam, percepções entre o certo e o errado desaparecem e o indivíduo parece uma mosca tonta na janela de um trem-bala. Prevalece o individualismo, o hedonismo, a vulgaridade, a mediocridade, a imoralidade.
Como as sociedades são dinâmicas e não dá para permanecer nesse estado indefinidamente aos poucos vai se construindo uma nova ordem. Paralelamente começam a surgir novas representações coletivas, outro conceito de Durkeim a significar experiências advindas da influência grupal – família, partido político, religião, etc.- que suprem os indivíduos com ideias e atitudes que ele aceita como se fossem pessoais.
No Brasil, país da impunidade, do jeitinho, da malandragem sempre houve certa anomia. Um salvo-conduto para o desfrute impune de atos de corrupção. Uma largueza moral que encanta os estrangeiros que aqui vêm usufruí-la sem jamais ousarem repeti-la em seu país. Características essas culturais originadas historicamente e aprimoradas ao longo do tempo.
Contudo, foi com a entrada do PT na presidência da República que acentuou nossa anomia. Isso se deu através dos sucessivos e impunes escândalos de corrupção do partido que se dizia o único ético, o puro, aquele que vinha para mudar o que estava errado. No poder o PT se tornou não um partido não igual aos outros, mas pior.
Por isso mesmo foi marcante o julgamento do mensalão quando, pela primeira vez, poderosos e seus coadjuvantes foram parar na cadeia por conta da coragem e da firmeza do ministro Joaquim Barbosa auxiliado por alguns ministros do STF.
Lula da Silva sempre foi um homem de muita sorte ajudada por sua verborragia. Herdou um país sem inflação, além de políticas públicas as quais de certo modo imitou. No plano internacional reinava calmaria econômica. No âmbito interno nenhuma oposição partidária ou institucional. As performances escrachadas do “pobre operário” agradavam a maioria e formou-se uma representação coletiva que aceitava todos os desvios e desmandos do governo. Diante da roubalheira o povo dizia: “se eu estivesse lá faria a mesma coisa”.
O todo-poderoso Lula da Silva se reelegeu e fez mais, obteve um “terceiro mandato” sem precisar alterar a Constituição. Isso porque elegeu uma subordinada que não dá passo sem ouvir suas ordens.
Contudo, no final do segundo mandato de Lula da Silva a economia do Brasil paraíso começou a fazer água e os três anos da sucessora tem sido um fiasco retumbante.
O álibi para o descalabro é a a crise internacional, mas, na verdade foi a politica econômica incompetente e errática da presidente e do Mr M autor das mágicas contábeis, ou seja, do Senhor Mantega, que está nos conduzindo ao fracasso.
O governo do PT conseguiu nos transformar no país dos pibinhos, no lanterninha dos BRICS. A inflação cresce, tivemos em 2013 o maior déficit comercial de nossa história, com resultado negativo de US$ 81,3 bilhões, a geração de emprego recuou 18,6% no ano passado, a desvalorização cambial já é outro grave problema.
Existe, porém, algo mais que a economia. Lula da Silva se aliou à escória governamental, a começar pela América Latina. Insuflou ódios raciais. Jogou a Educação no nível mais baixo enquanto seu ministro Haddad tentava insuflar amoralidade na formação das crianças. A Saúde virou sinônimo de crueldade e não serão médicos cubanos, ideologicamente trazidos para cá, que reporão a falta de estrutura de hospitais e postos de saúde.
Agora está sendo colhido o que foi plantado com os votos no PT. A manifestação pacífica de junho, em 2013, foi só um passo tolhido pela entrada dos tais black blocs, politicamente inseridos ou não. Entretanto, várias outras manifestações vêm se espalhando pelo país de forma violenta com queima de ônibus, interdição de estradas, depredações, saques. Enquanto isso aumenta a força da criminalidade dando a nítida impressão de que um tenebroso Estado paralelo se sobrepõe ao Estado de Direito.
A rotineira barbárie da prisão de Pedrinhas é a ilustração mais perfeita da anomia brasileira a qual devemos agradecer aos nossos governantes, especialmente, ao governo do PT. 

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga

Assuntos Variados - Roda Viva - Parte I

Rolezinho...Uma Visão

NOVA FASE DE AGITAÇÃO SOCIALISTA PATROCINADA PELO GOVERNO DO PT ESCOLHE OS SHOPPINGS COMO ALVO FARA INSUFLAR A 'LUTA DE CLASSES'. É O COMEÇO DA CAMPANHA ELEITORAL.

Quando surgiram as tais manifestações nas ruas em meados de 2013, tendo como epicentro – como não poderia deixar de ser— a cidade de São Paulo (estado que é a cereja do bolo que o PT ainda não conquistou), chamei a atenção aqui no blog que não se tratava de manifestos espontâneos. Tratava-se de um esquema do PT que pretendia implantar a sua tal "reforma política" por meio de plebiscito. O partido do Lula já tinha as peças de propaganda prontas, conforme revelei aqui com exclusividade.
Denunciei que tudo isso não passava de um "golpe de Estado" branco, nos moldes dos ocorridos na Venezuela, na Bolívia e no Equador, sob a tutela geral do Foro de São Paulo, a organização socialista fundada por Lula e Fidel Castro em 1990, com o objetivo de transformar o continente latino-americano num consórcio de republiquetas estatizadas sob a sanha socialista.
A jogada do plebiscito do PT – que os socialistas apelidam jocosamente de "democracia direta" ou "popular", não prosperou. Estrategicamente, o PT recuou na tentativa de fazer passar o golpe de Estado que eles querem com a chancela do Congresso Nacional.
Pouco depois surgia, nas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro, os famigerados black blocs, promovendo a destruição do patrimônio público e privado impunemente. E impunes permanecem até hoje. Na ocasião, o Palácio do Planalto por meio do Gilberto Carvalho, o ajudante de ordens de Lula, anunciou que o governo estava 'surpreso' como os black blocs, que classificou como "um fenômeno que estava sendo estudado".
Depois disso, como num passe de mágica, os black blocs, passes livres e bate-paus correlatos sumiram de cena. A última notícia do tal "passe livre" é que seus agitadores estavam atuando no México, ou seja, exportando a técnica de agitação que vinham adotando no Brasil.
Todos esses movimentos de agitação fazem parte do plano socialista do Foro de São Paulo, que tem como braços operativos todos os partidos estatizantes da América Latina e que usam as frágeis democracias do subcontinente para implantar um regime semelhante ao de Cuba na região. O Foro de São Paulo é dirigido pelo PT, particularmente pelo senhor Marco Aurélio Garcia, coordenador vitalício da organização clandestina..
A aparente paz nas ruas do Brasil nos últimos meses representa apenas o reflexo da estratégia do movimento socialista do século XXI, de inspiração gramscista, de buscar a hegemonia socialista a partir das fraquezas das democracias da região, através de avanços e de recuos. Mas se as contas forem feitas, ver-se-á que a nação brasileira já sofre uma agitação permanente desde o primeiro dia em que Lula colocou as suas patas no Palácio do Planalto.
Entretanto, esse interregno de recuo estratégico, de novo, foi interrompido pela eclosão de um tipo de manifestação bizarra e debochada a que denominam de "rolezinho".

POR QUE OS SHOPPINGS?

Bizarrices e deboches à parte, os tais "rolés", constituem uma nova forma de ataque do movimento socialista liderado pelo PT no Brasil e na América latina. Se alguém pensa que esses "rolés" são coisas espontâneas, está redondamente enganado. A grande mídia, com as raras exceções de sempre, continua mentindo, omitindo, e fazendo o jogo sórdido do departamento de agitação do PT.
Trata-se de agitação muito bem planejada e que utiliza um contingente enorme de agitadores mercenários conhecidos como black blocs, passe livre e congêneres, e também as redes sociais, principalmente o Facebook. O ponto crucial desse movimento socialista tem como foco o exercício da "pedagogia da luta de classes", coisa que eles nunca conseguiram levar adiante no Brasil. Por isso, escolheram como alvo os shoppings, justamente os locais mais civilizados, mais bonitos, mais limpos e democraticamente abertos ao público em geral.
A escolha dos shoppings, como alvo de ataque desses socialistas (eufemicamente chamados de comunistas), é a versão urbana da ação do MST e pretende se transformar na base da guerrilha urbana, caso não haja uma firme reação das forças vivas da sociedade, principalmente paulistana.
Os shoppings são propriedades privadas, centros de compras e de lazer que funcionam como "microcidades" dentro de uma cidade. Possuem regras próprias de acordo com a legislação pertinente. E, como não poderia deixar de ser, os shoppings, como as cidades, possuem esquema de segurança e até mesmo corpo de bombeiros próprio e têm o dever de atender a uma enorme gama de exigências legais para funcionar.
Em função disso, cada shopping center é um extraordinário empreendimento que gera um apreciável volume de empregos diretos e indiretos e recolhe volumosos tributos ao Estado. Basta imaginar, como exemplo, quanto o Shopping Iguatemi de São Paulo paga de IPTU anualmente!
Os shoppings são, como alinhavei ligeiramente, uma atividade empresarial de alta complexidade. São milhares de pessoas que transitam diariamente dentro desses mega centros de compras e lazer, fato esse que impõe responsabilidades imensas aos seus administradores. Por isso, é totalmente inviável qualquer viés anárquico dentro de um shopping. Os shoppings dependem, assim e, sobretudo, de completa paz para funcionar bem. Por isso costumo tipificar os shoppings como "oásis" de sossego e segurança em meio a uma grande cidade ou metrópole suja e insegura. Há quem diga, com impressionante dose de razão, que as atuais megalópoles só serão razoavelmente habitáveis quando, em sua totalidade, vieram a funcionar como um enorme condomínio de shopping centers.
Para alcançar seus objetivos, é claro, a segurança dentro de um shopping tem que ter especial destaque. O acesso é livre, desde que os cidadãos que pretendem frequentar esses centros de compra sigam o padrão de comportamento adequado de pessoas de bem, sob a pena de que esses espaços de compra e lazer se transformem num verdadeiro inferno e colocando em risco a segurança e a própria vida das pessoas, já que são locais relativamente fechados. O requisito indispensável para frequentar um shopping é só e apenas a prática individual da civilidade e da urbanidade, numa atitude perene de ordem, ou seja, a observância das regras que permitem o convívio social harmônico.

A TÁTICA DA AGITAÇÃO

A escolha dos shoppings para a agitação, além de ser uma completa loucura em termos de segurança, por colocar a vida de centenas de pessoas em risco, busca a efetivação da sonhada, porém jamais conseguida no Brasil, e famigerada "luta de classes".
Os ricos verdadeiros, os magnatas, até podem frequentar shoppings, como de fato o fazem vez por outra. Todavia magnatas de verdade, convenhamos, são poucos em qualquer lugar do mundo. Esses centros de compras são frequentados basicamente por pessoas da classe média. Os magnatas, os ricos verdadeiros – e nada tenho contra eles e até os admiro – normalmente são pessoas discretas, ao contrário dos 'novos ricos'. Esses "nouveaux riches" também gostam de shoppings, porém são minoria entre seus frequentadores, também.
Quem usa shoppings, na verdade, são trabalhadores comuns, funcionários públicos, pequenos empresários, estudantes, enfim pessoas comuns que ralam no dia a dia, compram em longos parcelamentos, e em sua maioria comem "fast food" nas praças de alimentação e pertencem em sua esmagadora maioria de pessoas da classe média mediana e baixa.
Entretanto, pelo fato de os shoppings serem bonitos, bem decorados, limpos e que exigem como requisito para o seu uso exclusivamente a educação e bons modos e nunca que as pessoas levem dinheiro em espécie em suas carteiras ou o tipo de produto que pretendem comprar, o seu acesso é totalmente livre, tanto para as pessoas que chegam a pé ou em seus carros. Não raro são observados, parados nas áreas de estacionamento, ônibus fretados por grupos para visitarem o shopping...
Assim, esses centros de compras foram tomados pelos agitadores socialistas como ponto referencial de "opulência e riqueza", o que não deixa de ser verdade em comparação com a "miséria e pobreza" mental que os caracterizam. Transformaram esses locais de compras e de lazer em "ícones do luxo". Trata-se da construção de um emblema para mais uma tentativa de acirrar a tal "luta de classes". Acusam os shoppings de "segregar" as pessoas, o que é uma histriônica mentira. E a partir dessa mentira constroem um ambiente propício à luta de classes jogando miserável contra pobre e pobre contra remediado, ficando, os ricos – que pretensiosamente tentam atingir – amplamente fora do processo.
Não há nenhuma dúvida sobre o fato de que os tais "rolezinhos" constituem uma nova versão dos black blocs, dos passes livres e outros truques do arsenal socialista de agitação coordenado e financiado pelo atual governo do PT.
Notem que a campanha eleitoral presidencial começou no ano passado, no momento em que o grupo dos "passes livres" iniciou a agitação em São Paulo. Posteriormente, alguns incautos, fora do movimento socialista do PT, foram às ruas, mas logo viram que se tratava de uma arapuca montada pelo PT para viabilizar o tal "plebiscito da reforma política". Restou, nas praças, a agitação, o vandalismo, o quebra-quebra, até que agrediram diretamente o comandante da Polícia de São Paulo. Ato contínuo, houve ocorreu o "recuo tático".
Tudo isso faz parte da campanha eleitoral do PT. Os candidatos da "oposição" nem imaginam o que virá nos próximos meses até a eleição.
Os black blocs, passes livres e "rolezinhos" são apenas o começo da mais sórdida campanha presidencial que o Brasil já viveu. O Foro de São Paulo e o PT constituem a maior operação do neocomunismo do século XXI. É o resultado de décadas de ação sofisticada do marxismo cultural que domina todas as instâncias da vida social, começando pelas escolas, universidades e a grande mídia.
Notem por exemplo, que os "rolezinhos" foram primeiramente noticiados como uma novidade que estava ocorrendo por conta de "movimentos sem liderança nas redes sociais". Entretanto, na Folha de S. Paulo e outros veículos de mídia, "letrados" acadêmicos já dão consistência ideológica aos "rolés". É como se os textos já estivessem prontos para serem desovados alguns dias depois de ter eclodido mais essa barbárie desorganizacional socialista, se é que, de fato, já não estavam!
Aqui mesmo, no blog, a título de exemplo, revelei postagens no Twitter de jornalista do jornal O Estado de S. Paulo. Objetivamente, a verdade é que a grande mídia em sua totalidade está acumpliciada desde sempre com o neocomunismo do século XXI. Seus jornalistas são 99% socialistas e neocomunistas, de uma forma ou de outra estando comprometidos a restaurar, na América latina, o que foi perdido no leste europeu.
O jornalismo sempre foi uma categoria que reuniu e reúne o maior número de boçais, idiotas de todos os gêneros e tipos, trapaceiros, mentirosos, vadios e comedores de caraminguás oficiais. A chegada do PT ao poder fez com que os que se mantinham no "armário", assumissem a sua idiotice crônica estabelecida por anos de doutrinação socialista marxista (e outras) e infectassem quase todo o chamado "quarto poder".
Digo isso porque também sou jornalista há mais de 40 anos e convivi profissionalmente por muito tempo com essa gente.

A DESTRUIÇÃO DAS PMS

Cumpre, finalmente, revelar uma coisa muito perigosa que está acontecendo em todo continente latino-americano. Há a intenção – como ocorreu recentemente na Argentina – de se acabar com as polícias militares. Os atos de agitação têm em mira obter o confronto com a polícia e, num confronto, a polícia age como exatamente como polícia, na defesa da lei e da ordem.
Basta que um policial qualquer toque com um dedo num desses agitadores para, no dia seguinte, a Polícia Militar (em qualquer Estado da Federação) ser enxovalhada impiedosamente nas primeiras páginas dos jornalões e nos noticiários das grandes redes de televisão.
A destruição das polícias militares é um dos planos de ação do Foro de São Paulo. Ao que parece, tal tentativa está mais avançada na Argentina e eclodiu numa greve recente de policiais que degenerou numa escalada de violência e saques ao comércio varejista.
Ao mesmo tempo em que as Forças Armadas estão pontualmente sucatadas e desprestigiadas pelo governo central petista, a desmilitarização das polícias faz parte do enfraquecimento de uma das instituições onde historicamente sempre houve repulsa ao socialismo e ao comunismo.
Portanto, a Nação brasileira e as demais latino-americanas, estão assistindo, passivamente, ao desmonte dos últimos vestígios de democracia e liberdade através da generalização da insegurança pública, onde o PT cria os problemas para, em seguida, apresentar suas soluções socialistas, estatizantes, escorchantes em termos fiscais, e limitantes da liberdade individual.
Essas nações foram levadas a acreditar que o Estado é capaz de prover tudo o que as pessoas demandam. Ora, isso é um equívoco fatal e que conduz à pobreza absoluta da qual é emblema a ilha-cárcere de Cuba há 53 anos e mais recentemente a Venezuela chavezista e todos os demais países onde o socialismo ainda está implantado a ferro e fogo.
Trata-se, portanto, de uma realidade trágica que não poderá ser ignorada pelos candidatos da "oposição", por mais débil que se encontram no presente, na campanha ao pleito que ocorrerá em outubro deste ano no Brasil. A solução que se impõe é a existência de um candidato digno, capaz, com reputação de pessoa de bem, que possa aglutinar toda a insatisfação que se avoluma por trás de toda a traição petista aos valores cristãos da cultura brasileira.
Se a grande maioria de insatisfeitos e desesperançados busca um mote para campanha, este pode ser encontrado, em linhas gerais, neste modesto texto, como também em dezenas de outros que já produzi e postei aqui neste blog.

Lembre-se sempre:
"Embora ninguém possa voltar atrás e  fazer um novo começo, qualquer um pode  começar agora e fazer um novo fim".
Esta é uma comunicação oficial do Instituto Endireita Brasil. Reenvie imediatamente esta mensagem para toda a sua lista, o Brasil agradece.
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AUGUSTO ATHAYDE
aathayde@live.com

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Revolução Silenciosa...

Diego Casagrande

Não espere tanques, fuzis e estado de sítio.
Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevês e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades.
Não espere tanques nas ruas.
Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades.
Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.
Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.

A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar.
Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valorização do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem.
Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática.
Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos, não serve.
Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações.
Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser "humano" e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros.
Ter é incompatível com o ser. Esse é o princípio que estamos presenciando.
Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por consequência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente.
Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem.
A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara.

A constatação que faço é simples.
Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental - que é óbvio faz parte da revolução silenciosa - as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário.
Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos.
No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo..
São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa.
Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos.
Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que "tem" e é "dono" de algo, enquanto outros nada têm.
Como se houvesse relação de causa e efeito.

Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro "Geografia",obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro.
O Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade.
Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de "alguns" e que assentamentos e pequenas propriedades familiares "são de todos".
Aprendem que "trabalhar livre, sem patrão" é "benefício de toda a comunidade". Aprendem que assentamentos são "uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais".
E também aprendem a ler um enorme texto de... adivinhe quem?João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros.
O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que "meninos e meninas, a nova geração de assentados... formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST".
Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas.
Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazifascista.
Tristes são as consequências.
Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio.
Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim.
A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles.
O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar,
DIVULGAR, fazer pensar, incomodar os agentes da "Stazi" silenciosa.
É  o que faço
.
Não há silêncio que resista ao barulho!
 
Diego Casagrande é jornalista em Porto Alegre

Estelionato histórico

Escrito por Sérgio Paulo Muniz Costa

Imagine um Brasil que elegesse adversários políticos para presidente e vice-presidente da República, para exercerem juntinhos os seus mandatos, como aconteceu com JK e Jânio Quadros com João Goulart. E no qual Carlos Prestes, o líder do ilegal Partido Comunista Brasileiro, com sua prisão decretada, submisso a uma potência estrangeira responsável pela morte de brasileiros – a hoje finada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – circulasse faceiro por aí, reunindo-se escondidinho com autoridades e afirmando estar "no governo".

Some-se a isso um presidente anterior, Getúlio Vargas, que descobriu que o "mar de lama" que o cercava no palácio mandava matar opositores e, desesperado ante a perspectiva de ser alijado do poder, decidiu se matar. Subtraia então um presidente em exercício, Carlos Luz, decidindo dar um golpe para não deixar o sucessor eleito tomar posse, com o seu ministro da Guerra, o General Lott, dando um contragolpe com direito a correria de tropas pelo Rio de Janeiro e tiro de canhão em navio de guerra da Marinha apinhado de políticos.

Se ouviu falar, mas não entendeu nada de uma estória de marinheiros rebelados no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, extrapole para uma tragédia bem recente e visualize os controladores de voo da Aeronáutica, arrolados na investigação do acidente da aeronave da Gol em 2006, depois de presos por indisciplina, saírem libertos pelo presidente da República, em triunfo diante das câmeras, carregando nos ombros um "Brigadeiro do Povo", e que o ministro (ou comandante) da Aeronáutica que os puniu se demitisse.

Volte um pouquinho para ver se entende o motim dos sargentos em Brasília e coloque militares da ativa armados e entrincheirados num ministério da Esplanada, amotinados contra uma decisão do STF. Multiplique tudo pela renúncia de Jânio Quadros, eleito pela direita, e a convocação de João Goulart,que estava visitando a China comunista em plena Guerra Fria,para assumir o governo.

Divida isso pela apresentação por um deputado no Congresso Nacional do documento dos ministros militares, alertando que aquilo não ia dar certo, e Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, em resposta, promovendo um levante armado no Rio Grande do Sul, estado que governava. Eleve tudo ao quadrado com João Goulart, presidente em pleno poder, berrando num comício em frente ao Ministério da Guerra para uma multidão ensandecida que pedia "reformas de base" na "lei ou na marra", indo participar dias depois de uma assembleia de dois mil sargentos no Automóvel Clube do Brasil.

Complicado não? Mas esse era o Brasil de cinco ou seis décadas atrás.O que aconteceu, só pode hoje ser imaginado, pois nada disso está nos livros. Foi apagado. Afinal, em sociedades não desenvolvidas, os poderosos do momento podem promover ou proibir os livros que bem entendem, pretendendo reescrever a história a seu bel prazer, e isso, por sinal, faz parte do desconhecimento que as caracteriza.

Por incrível que pareça, não são livros que fazem a História. Eles podem ser elogiados, queimados ou ignorados. O que faz a História são os registros dos fatos e a memória dos acontecimentos, sujeitos ao reexame dos pesquisadores e às interpretações dos historiadores. Neste ano, não serão os incontáveis livros, filmes, peças teatrais, seminários, reportagens e programas de rádio e TV sobre 1964 -de cunho sectário e marxista mas pagos com o dinheiro de todos nós - que irão alterar a memória e a História do Brasil.

No entanto, o apagamento transitório da História, a recusa em examinar prudentemente os acontecimentos de nosso passado tem consequências, políticas.

É difícil imaginar que o maniqueísmo esquerdista que se pratica hoje no País não afete a nossa capacidade de apreender a realidade. Emprega-se o Exército e as polícias para expulsarem milhares de brasileiros de suas terras em nome de supostos direitos posteriores, ao mesmo tempo em que se impede que defendam o incontrastável direito anterior de propriedade.

A miscigenação e a tolerância que marcaram nossa evolução histórica foram descartadas, substituídas por um racialismo que compromete a unidade nacional e a paz social. Impõe-se à população ordeira e trabalhadora uma legislação cada vez mais intrusiva e extorsiva, ao mesmo tempo que se transige no cumprimento da lei e da ordem por marginais individuais e coletivos.

Um país que recentemente se orgulhou de universalizar o ensino elementar, queda-se perplexo diante da falência das escolas em ensinar o mínimo a muitos.

A liberdade de ação que a esquerda dispõe atualmente para desgovernar o Brasil foi conquistada com a falsificação do passado. Algo tão eficaz que conseguiu calar a direita e o centro do espectro politico no debate sobre os rumos do País.

Parte expressiva da dita oposição tem as mesmas origens esquerdistas dos grupos hegemônicos no poder e tem-se a impressão de que simplesmente gostaria de sê-los, em gênero, número e grau.

Havia durante o regime militar mais pluralismo politico e ideológico do que existe hoje. Isso é um fato e assinala um retrocesso do qual muito pouca gente se dá conta.

A diferença entre o Brasil de 1964 e 1985 é abismal, não só do ponto de vista econômico e social. O arcabouço politico, jurídico e institucional da atual república é também o resultado do reformismo do regime militar, goste-se dele ou não. Apenas alguns ousarão afirmar isso ao longo de 2014, mas o mínimo que conseguirem servirá sempre para lembrar que aquilo que fazemos com nossa memória enquanto povo é o que definirá o que seremos como nação.


Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

SOCORRO! PAPAI VIROU PETISTA!' - O MILAGRE DA EDUCAÇÃO


O pai chega em casa vestido numa novíssima camisa do PT. Entra no quarto do filho e beija o retrato de Che Guevara na parede.
O rapaz espantado pergunta?
- Que é isso paí? Ficou maluco? Logo você que é o maior "coxinha", "reaça" de primeira vestindo a camisa do PT?
- Que nada filho! Agora sou petista! Conversamos tanto sobre o Partido que você me convenceu! PT! PT! VIVA O PT! - grita o velho.
O rapaz, membro do DCE da universidade onde já faz um curso de quatro anos há oito anos e fiel colaborador da JPT não se aguenta de tanta alegria!
- Senta aí companheiro! Vamos conversar! O que foi que te levou a essa decisão?
O pai senta-se ao lado do filho e explica:
- Pois é... cansei de discutir contigo e passei a achar que você tem razão. Por falar nisso, lembra do Luís, aquele que te pediu dois mil reais da tua poupança emprestado para dar entrada numa moto?
- O que tem ele? Pergunta o filho...
- Pois é.. Liguei pra casa dele e perdoei a dívida. E fiz mais! Falei que ele não precisa se preocupar com as prestações, pois vou usar oitenta por cento da sua mesada para pagar o financiamento!
- Pai!!!!! Você ficou louco? Pirou?
- Filho, lembre-se que agora nós somos petistas" Perdoar dívidas e financiar o que não é nosso com o que não é nosso é a nossa especialidade! Temos que dar o exemplo! E tem mais! Agora 49% do seu carro eu passei para sua irmã. Vendi pra ela quase a metade do seu carro! Dessa forma você continua majoritário mas só podendo usá-lo em 51% do tempo!
- Mas o carro é meu, papai! Não podia fazer isso! Não pode vender o que não é seu!
- Podia sim! Nossa Presidenta fez isso com a Petrobrás e você foi o primeiro a apoiar! Só estamos seguindo o caminho dela!
O garoto, incrédulo e desolado entra em desespero, mas o pai continua:
- Outra coisa! Doei seu computador, seu notebook e seu tablet para os carentes lá do morro. Agora eles vão poder se conectar!
- Pai! Que sacanagem é essa?
- Não é sacanagem não, filho! Nós petistas defendemos a doação do que não é nosso, lembra? Doamos aviões, helicópteros, tanques... O que é um computador, um tablet e um note diante disso?
Prestes a entrar em colapso, o garoto recebe a última notícia:
- Filho, lembra daquele assaltante que te ameaçou de morte, te espancou e roubou teu celular? Vou agora mesmo retirar a queixa e depois para a porta da penitenciária exigir a soltura dele, dizendo que ele é inocente!
- Pai... pelo amor de Deus... Você não pode fazer isso... O cara é perigoso!
- Perigoso nada! É direitos Humanos que nós pregamos, filho! Somos petistas com muito orgulho!
- Mas o cara me espancou! Me roubou, pai!
- Alto lá! Não há provas disso! Isso é estado de exceção! O rapaz é inocente! Nós fizemos a mesma coisa com os companheiros acusados no mensalão!
- Mas ele estava armado quando a polícia chegou!
- E daí????? Ele estava armado mas quem prova que a arma era dele? A revista Veja? Isso é coisa de reaça, filho!
- Papai, você ficou doido!
E o pai finaliza:
- Fiquei doido, ô seu filho da puta? Na hora de defender bandido que roubou uma nação você é petista, mas se roubarem você, deixa de ser. Na hora de doar, perdoar dívidas e fazer financiamentos com o que é dos outros, você é petista. Mas se fizer o mesmo com você, deixa de ser. Na hora de dilapidar o patrimônio nacional, vendendo o que é mais precioso e não pertence ao PT e sim ao povo, você é petista, mas se vender metade do que é seu, você deixa de ser!
Dito isso, tirou o cinto de couro grosso e mandou a cinta no moleque!
- TO-MA IS-SO SEU FI-LHO DA PU-TA CRE-TI-NO PRA APRENDER A SER HOMEM E ASSUMIR SUAS IDEIAS! VAGABUNDO ORDINÁRIO! SALAFRÁRIO! PEGA AS SUAS COISAS E SUMA DAQUI!
- Vou pra onde, papai? Perguntou chorando...
- FODA-SE! Agora você é um dos sem-teto que você defende, seu moleque cagão! E vai se consultar com médico cubano, porque eu cancelei teu plano de saúde!
Dois dias depois o moleque bateu na porta curado. Não era mais petista e não havia mais DCE ou JPT. E nem chamava o pai de "reaça".
O milagre da educação aconteceu. O mal do petista é falta de cintada no lombo!
(por Marcelo Rates Quaranta)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ideologia e moralidade

Ruy Fabiano

Há momentos na história em que o espírito de uma nação – mais especificamente de sua classe letrada – se revela por inteiro.
É o que ocorre no episódio do Mensalão. Inicialmente, não se esperava que dele nada resultasse, o que, por si só, já revela algo de substantivo a respeito de nossa cultura.
Dentro dela, não é comum – para não dizer que é inédito - que pessoas influentes paguem por seus crimes. A maioria da opinião pública, pois, estava cética em relação ao destino dos mensaleiros. Seriam inocentados e, em breve, estariam de volta.
Deu-se, porém, o contrário: foram presos. Na reação à prisão, sustentada por amplos setores da intelectualidade e do meio artístico, tem-se um retrato da moralidade do país.
A hostilidade nas redes sociais e nos jornais a Joaquim Barbosa deixa claro que, acima da moral, está a ideologia. Ou por outra, sem ideologia - de esquerda, claro - não há moral.
“Aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da lei”, sustentava Getúlio Vargas. A solidariedade a José Genoíno, em face de sua enfermidade, não se estendeu a outro condenado, mais enfermo que ele, Roberto Jefferson, que padece de um câncer irreversível.
Está mais enfermo, mas não é da turma. Não merece compaixão. Criou-se, no Mensalão, a figura esdrúxula do delito ideológico. O roubo de esquerda é legítimo; o de direita, não.
Tal distorção já vigora há tempos em relação aos direitos humanos: um preso político em Cuba merece o que recebe; num regime militar de direita, não.
Um torturado sob Pinochet mobiliza inúmeras comissões de direitos humanos; um sob Fidel Castro provoca silêncio e compreensão.
A Comissão da Verdade investiga crimes de meio século atrás, mas só os cometidos contra a esquerda. Só eles merecem o rótulo de abomináveis. Os que ela cometeu – e cometeu diversos, devidamente comprovados – passam como fatalidades.
E é esse mesmo pessoal – que conta a História pelo viés ideológico - que acusa o Supremo Tribunal Federal de ter feito julgamento político no Mensalão.
O processo levou sete anos para chegar ao plenário. Os autos formavam montanhas de papel, mais de 50 mil páginas. Só a leitura do relatório consumiu dois dias.
Cada acusado teve sua devida defesa - e até embargos infringentes, não previstos na lei, foram aceitos. Não houve qualquer cerceamento ao devido processo legal.
Mais da metade dos ministros, inclusive o relator, foi nomeada na gestão do PT. Se tentativa houve de politizar o julgamento, foi da parte favorável aos mensaleiros, com manobras protelatórias, que resultaram inúteis.
Na execução da pena, os sentenciados exibiram de público o seu injustificado protesto, brandindo punhos cerrados, com críticas ferozes ao Judiciário. Reclamaram das condições carcerárias, mesmo já tendo o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, providenciado com antecedência a construção de anexos mais confortáveis para receber os companheiros.
O governador, num gesto inédito – já que é um agente do Estado e os sentenciados delinquiram contra o Estado -, deu-se ao desplante de visitá-los na prisão, ao lado de parlamentares, furando a fila de familiares de outros presos, que aguardavam desde a madrugada autorização para ingressar no presídio.
A OAB, ausente durante todo o julgamento, só se manifestou para endossar as críticas dos mensaleiros e reclamar da suposta severidade do presidente do STF. Presos comuns – como os de Pedrinha, no Maranhão – não causam qualquer consternação, nem à OAB, nem aos grupos de direitos humanos.
Não têm grife ideológica. São vítimas contemporâneas, que vivem em regime de terror. Podem ter suas aflições interrompidas já, mediante intervenção desses grupos que se proclamam humanitários, mas, à exceção de vozes isoladas e impotentes, não sensibilizam os ativistas dos direitos humanos ideológicos.
Não faltam vozes, à esquerda, reclamando do moralismo que condenou os mensaleiros. Mas essas mesmas vozes fizeram carreira política com discursos moralistas, frequentemente falsos.
O já falecido senador Humberto Lucena foi cassado por imprimir um calendário na gráfica do Senado. O deputado Ibsen Pinheiro foi cassado graças a um falso extrato bancário, que o mostrava milionário. O extrato foi entregue por José Dirceu à redação de uma revista semanal, que o publicou como verdadeiro. Dez anos depois, desfez-se a farsa, mas já era tarde.
O ex-ministro Eduardo Jorge, do PSDB, foi execrado publicamente como corrupto numa manobra do PT com um procurador da República, Luiz Francisco de Souza, que saiu de cena depois que o partido assumiu a Presidência da República.
O PT hoje prova do veneno que serviu à política brasileira. Nos 23 anos que precederam sua chegada ao poder, pôs em cena a famosa recomendação de Lênin aos militantes comunistas: “Acuse-os do que você faz”.
O tiro um dia sairia pela culatra. Saiu.

Ruy Fabiano é jornalista.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Moleques, canalhas e a ditadura


O tema da canalhice na politica brasileira tem sido bem explorado, o   humorismo à indignação. Mas a molecagem, aquele outro defeito moral que   povoa nosso cotidiano não ocupa o mesmo espaço na crônica política. Em casa,   na vizinhança de rua, sabemos bem o que é a molecagem, coisa de meninos e  meninas que fazem suas artes e saem de fininho, como se nada tivessem com   pequenas malvadezas e prejuízos comuns nos lares com infância. 
 
Sem querer   apelar para qualquer síntese simplista, não é absurdo dizer que, ao longo de   nossa educação, é a responsabilização pelas nossas molecagens que evita que  nos transformemos em canalhas. O problema no Brasil de agora é que a canalhice e a molecagem se  tornaram cívicas e, se não estão institucionalizadas, certamente elas são nítidas  no cinismo comum àqueles que corrompem, prevaricam e desgovernam,   conseguindo sempre eximir-se. 
Adotando uma clivagem ideológica, esse mal  cívico é praticado tanto por por canalhas de direita como por  moleques de esquerda que se  comprazem secretamente desses seus "atributos" em que consumam o poder   que desfrutam.
 
Em suma, orgulham-se disso, não se sentindo obrigados a   qualquer satisfação. E pior, arrogantes, atribuem qualquer crítica ao moralismo,  pejorativamente, como se fosse possível dar por encerrada a busca entre o certo   e o errado.
O ano de 2014, eleitoral, promete ser pródigo. Ilicitudes, imoralidades e agressões serão perpetradas, contra o público e o privado, ao abrigo da não   responsabilização, via de regra praticada mediante a transferência ou  transfiguração de sujeitos, causas e objetos. Fatos e acontecimentos serão   descaradamente invertidos, omitidos e distorcidos. E profissionais cuidarão   disso.
 
Mas essa prática, que se tornou comum no panorama político brasileiro,  tem uma origem não tão distante. Faz vinte anos que, pela primeira vez na História do Brasil, inauguramos um regime politico sem golpe de Estado. E se isso aconteceu foi por que muito da convicção liberal que inspira a atual  República fundada em 1985 esteve presente, na situação e oposição, no regime   anterior, assumidamente autoritário, mas inequivocamente reformista.  
 
Nada disso é levado em conta hoje em dia. O termo usado nos   comunicados dos grupos armados radicais dos anos 60 e 70 conquistou hoje o  inconsciente da sociedade. Jamais se escreveu tanto sobre ditadura no País, seja de que regime fora, entre outros autoritários e o realmente ditatorial que vigorou entre 1937 e 1945. 
Basta fazer um levantamento nas edições dos jornais do   país desde 1985 para constatar que o uso da expressão registrou  um incremento correspondente ao empoderamento da esquerda revolucionária, exponencial   nos últimos dez anos no Brasil. Político, portanto.
 
Inventar a ditadura foi a única  opção que restou a uma esquerda que não soube se reinventar. E como se tem   visto nas comissões da "verdade" e no jornalismo chapa branca que as promove,  é fácil reinventar continuamente a ditadura para não perder o poder.  
 
Convém sempre lembrar que as coisas não aconteceram assim nas  sociedades mais desenvolvidas. As transformações sociais nos Estados Unidos e  Europa desde o pós-Segunda Guerra Mundial foram fruto da expansão da   educação, conhecimento e produtividade, e não de qualquer engenharia social.  
 
Foram essas transformações e não a alienação dos grupos terroristas e dos   intelectuais engajados, que vicejaram lá tanto como aqui, que deram rumo às   sociedades. Mesmo antes do colapso do comunismo, a esquerda que contava já   se desmarxizava, colocando-se, programaticamente, no espectro politico.
 
Não foi   o que ocorreu por aqui. Fomos duplamente colonizados, ou melhor,  recolonizados. Primeiramente pela esquerda intelectual parisiense que deitou   raízes no pensamento brasileiro, e depois pela ideologia de gênero e de raça da  Califórnia, um produto tardio da primeira, que encontrou no Brasil o campo ideal para aplicação de sua arte da desconstrução social e histórica.
 
O irônico é  que quanto mais nos atrasamos, mais antiamericanos nos tornamos – e agora,   também, anti-europeus.  
O principal uso para a invenção da ditadura é político. A vitimização que   começou como chantagem virou coerção, e vem silenciando qualquer linha de   pensamento para o enfrentamento das questões nacionais que não seja a   marxista, ou revolucionária.
 
Contribui para isso o menosprezo que a elite   brasileira demonstra  pelo conhecimento, acostumada a enxergá-lo somente como um   subproduto acessório à sua riqueza e poder. Também a falta de um discurso dos   liberais sobre a nação deixa-os vulneráveis à pecha de não patrióticos, que a   esquerda nacionalisteira soube tão bem lhes impingir. 
Falha também quem se   opõe ao projeto de poder da esquerda revolucionária insistindo em apenas   rebatê-la, sem colocar ideias próprias e factíveis, colocando-se assim, de   antemão, numa posição de inferioridade.
 
Nesse sentido, são simplesmente patéticos os protestos de lideranças setoriais e políticas escandalizadas com os   descalabros em curso, mas que não se empenham em qualquer processo de   reflexão e debate sério sobre os rumos do País, deixando o campo livre para   grupos articulados no poder central promoverem o desgoverno que se assiste.  
Não sabemos se prevalecerão os canalhas e moleques, não os  miúdos, mas os  graúdos. Isso está além de qualquer previsão ou vontade individual. Entretanto, para   mudar as coisas no Brasil, um bom começo seria reconhecer que eles existem,   têm poder, andam juntos e se reinventam.
 
Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O ‘perigo vermelho’


Arnaldo Jabor

É necessário alertar a população pensante para essa mediocridade ideológica anacrônica e fácil para cooptar jovens sem cultura política

Retiraram o corpo de João Goulart da sepultura para examiná-lo. Coisa deprimente, os legistas examinando ossos de 40 anos atrás para saber se foi envenenado. Mas, havia também algo de um ritual de ressurreição encenada. Jango voltava para a turma que está no poder e que se considera vítima de 1964 até hoje. Só pensam no passado que os “legitima” com nostalgia masoquista de torturas, heranças malditas, ossadas do Araguaia, em vez de fazerem reformas no Estado paralítico e patrimonialista.
Querem continuar a “luta perdida” daqueles tempos ilusórios. Eu estava lá e vi o absurdo que foi aquela tentativa de “revolução” sem a mais escassa condição objetiva. Acuaram o trêmulo Jango, pois até para subversão precisavam do Governo. Agora, nossos governantes continuam com as mesmas ideias de 50 anos atrás. Ou mais longe. Desde a vitória bolchevique de 1921, os termos, as ilusões são as mesmas. Aplica-se a eles a frase de Talleyrand sobre a volta dos Bourbons ao poder: “Não aprenderam nada e não esqueceram nada”.
É espantosa a repetição dos erros já cometidos, sob a falácia do grande “teólogo” da História, Hegel, de que as derrotas não passam de “contradições negativas” que levam a novas teses. Esse pensamento justificou e justifica fracassos e massacres por um ideal racional. No PT e em aliados como o PC do B há um clima de janguismo ou mesmo de “brizolismo”, preferência clara da Dilma.
Brizola sempre foi uma das mais virulentas e tacanhas vozes contrárias ao processo de desestatização.
Mas, além dessas mímicas brasileiras do bolchevismo, os erros que querem repetir os comunistas já praticavam na época do leninismo e stalinismo: a mesma postura, o mesmo jargão de palavras, de atitudes, de crimes justificados por mentiras ideológicas e estratégias burras. Parafraseando Marx, um espectro ronda o Brasil: a mediocridade ideológica.
É um perigo grave que pode criar situações irreversíveis a médio prazo, levando o país a uma recessão barra pesada em 2014/15. É necessário alertar a população pensante para esse “perigo vermelho” anacrônico e fácil para cooptar jovens sem cultura política. Pode jogar o Brasil numa inextrincável catástrofe econômica sem volta.
Um belo exemplo disso foi a recusa do Partido Comunista Alemão a apoiar os socialdemocratas nas eleições contra os nazistas, pois desde1924 Stalin já dizia que os “socialdemocratas eram irmãos gêmeos do fascismo”. Para eles, o “PSDB” da Alemanha era mais perigoso que o nazismo. Hitler ganhou e o resto sabemos.
Nesta semana li o livro clássico de William Waack “Camaradas”, sobre o que veio antes e depois da intentona comunista de 1935 (livro atualíssimo que devia ser reeditado), e nele fica claro que há a persistência ideológica, linguística, dogmática e paranoica no pensamento bolchevista aqui no Brasil. A visão de mundo que se entrevê na terminologia deles continua igual no linguajar e nas ações sabotadoras dos aloprados ao mensalão — o fanatismo de uma certeza. Para chegar a esse fim ideal, tudo é permitido, como disse Trotsky: “a única virtude moral que temos de ter é a luta pelo comunismo”. Em 4 de junho de 1918, declarou publicamente: “Devemos dar um fim, de uma vez por todas, à fábula acerca do caráter sagrado da vida humana”. Deu no massacre de Kronstadt, em 21.
No Brasil, a palavra “esquerda” continua o ópio dos intelectuais. Pressupõe uma “substância” que ninguém mais sabe qual é, mas que “fortalece”, enobrece qualquer discurso. O termo é esquivo, encobre erros pavorosos e até justifica massacres. Temos de usar “progressistas e conservadores”.
Temos de parar de pensar do Geral para o Particular, de Universais para Singularidades. As grandes soluções impossíveis amarram as possíveis. Temos de encerrar reflexões dedutivas e apostar no indutivo. O discurso épico tem de ser substituído por um discurso realista, possível e até pessimista. O pensamento da velha “esquerda” tem de dar lugar a uma reflexão mais testada, mais sociológica, mais cotidiana. Weber em vez de Marx, Sérgio Buarque de Holanda em vez de Caio Prado, Tocqueville em vez de Gramsci.
Não tem cabimento ler Marx durante 40 anos e aplicá-lo como um emplastro salvador sobre nossa realidade patrimonialista e oligárquica.
De cara, temos de assumir o fracasso do socialismo real. Quem tem peito? Como abrir mão deste dogma de fé religiosa? A palavra “socialismo” nos amarra a um “fim” obrigatório, como se tivéssemos que pegar um ônibus até o final da linha, ignorando atalhos e caminhos novos.
A verdade tem de ser enfrentada: infelizmente ou não, inexiste no mundo atual alternativa ao capitalismo. Isso é o óbvio. Digo e repito: uma “nova esquerda” tem de acabar com a fé e a esperança — trabalhar no mundo do não sentido, procurar caminhos, sem saber para onde vai.
No Brasil, temos de esquecer categorias ideológicas clássicas e alistar Freud na análise das militâncias. Levar em conta a falibilidade do humano, a mediocridade que se escondia debaixo dos bigodudos “defensores do povo” que tomaram os 100 mil cargos no Estado.
Além de “aventureirismo”, “vacilações pequeno burguesas”, “obreirismo”, “sectarismo”, “democracia burguesa,” “fins justificando meios”, “luta de classes imutável” e outros caracteres leninistas temos de utilizar conceitos como narcisismo, voluntarismo, onipotência, paranoia, burrice, nas análises mentais dos “militantes imaginários”.
Baudrillard profetizou há 20 anos: “O comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de des-funcionamento e da desestruturação brutal”, (vide o novo eixo do mal da A. Latina).
Sem programa e incompetentes, os neobolcheviques só sabem avacalhar as instituições democráticas, com alguns picaretas-sábios deitando “teoria” (Zizek e outros). Somos vítimas de um desequilíbrio psíquico. Muito mais que “de esquerda” ou “ex-heróis guerrilheiros” há muito psicopata e paranoico simplório. Esta crise não é só politica — é psiquiátrica.

Morro do Chapéu

Recomendado por meu amigo e companheiro de utopias, Arthur Oscar Guimarães.
Artigo que deveria ser amplamente divulgado.
Um pequeno exemplo de que no Brasil existem feitos exemplares que não são divulgados pelas seis famílias que controlam a ‘grande imprensa’ brasileira. Porque será que não divulgam as coisas boas que se fazem pelo Brasil?
(de Jorge Portugal – Educador e Poeta)

Morro do Chapéu é uma cidade da Bahia, da região da Chapada Diamantina, conhecida pela delícia de sua temperatura média, pela beleza da “Ferro Doido” e pelo Centro de Pesquisas Ufológicas de “seu” Alonso.
Recentemente, outra façanha de “Morro” me encantou mais ainda: há cinco anos, um empresário da cidade, Luciano da Casa do Pão, resolveu dar uma pequena mostra de solidariedade para ajudar estudantes da rede pública no seu desempenho escolar.Começou doando um computador para o aluno que tivesse o melhor aproveitamento ao longo do ano. Isso já deixou a comunidade estudantil atenta e empenhada em ganhar o cobiçado prêmio.
No ano seguinte, outros empresários e profissionais liberais juntaram-se a Luciano e ampliaram o leque das premiações: notebooks, motos, uma agência bancária local ofereceu uma poupança de R$ 2.000,00 (dois mil reais, a dentista do lugar entrou com tratamento ortodentário por um ano. Além disso, aos melhores das séries finais do fundamental e médio, garantiram cestas básicas por um ano,
O movimento foi crescendo com a participação entusiasmada de mais pessoas da cidade. Hoje, premiam, principalmente, o desempenho escolar (notas boas) e a assiduidade.
Primeiro resultado: existem alunos, há dois anos, sem uma falta sequer e as “supermédias“ chegam a atingir a nota 9,75, levando em conta todas as matérias.
Segundo resultado: a elevação da média do IDEB dos alunos do município.
A entrega dos prêmios é feita em noite de gala, com a comunidade presente, em clima de verdadeiro “Oscar da Educação Morrense”.
Não à toa, num distrito de Morro do Chapéu chamado Fedegosos, conheci a escola pública Edigar Dourado Lima, que me fez parecer estar entrando em algum colégio suíço, dada a organização, limpeza e alto padrão de civilidade entre professores, servidores e alunos. O diretor, Professor Edinho, tem tratamento de pop-star pela sua comunidade.
Pergunto à Bahia e ao Brasil: será que só Morro do Chapéu consegue fazer isso? Que tal pegarmos esse extraordinário exemplo e espalharmos pelo restante do país?
Morro do Chapéu: copiem sem moderação!

Jorge Portugal – Educador e Poeta

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Rascunho para 2014

Arnaldo Jabor

Repito a piada: não sou pessimista; sou um otimista bem informado

O ano de 2013 foi muito bom. Muito didático. Aprendemos a ver as coisas pelo lado torto. Ótimo, pois nossa verdade está no avesso. Aprendemos que corrupção no Brasil não é apenas endêmica; é eterna. Ela está encravada na alma de nossos políticos. Corrupção é vida. Foi através dela que construímos este país, no adultério entre o público e o privado ou entre o “púbico e a privada.” Daí nasceu nosso mundo: estradas rotas, a espantosa construção de Brasília, onde já gastamos trilhões de dólares com passagens aéreas para homens irem ao Planalto implantar perucas ou visitar as amantes e casas de mães joanas.
Aprendemos que apenas 30% da população são realmente alfabetizados. O resto é analfabeto funcional que assina o nome, mas não sabe mais nada. E isso é bom para eleições, pois um povo ignorante é ótimo para eleger canalhas.
No entanto, tudo tem um lado bom, nossa estupidez estimula uma criatividade cultural de axés e garrafinhas, aumenta a fé com milhões de novos evangélicos dando dinheiro para pregadores traficantes, estimula a boçalidade combativa, como as emocionantes batalhas entre torcidas, shows de MMA espontâneos nas arquibancadas. Estupidez é entretenimento. O país já virou novela de suspense. É uma escola. Com a prisão dos mensaleiros, enxergamos que nosso sistema penitenciário é o inferno vivo. Estupradores, chacinadores protestam contra o conforto dos petistas. Finalmente, Zé Dirceu conheceu a luta de classes e foi-nos útil: iluminou-nos sobre o sistema carcerário.
Vimos como a escrotidão e o idealismo são primos. Neste ano aprendemos por exemplo que não existe primavera, nem árabe nem brasileira. E isso é mais realista. Chefes de Estado preferem secretamente que o Assad ganhe a guerra contra a al-Qaeda, que já tomou conta. Menos esperança, mais sabedoria. O mundo ganhou um pessimismo iluminado. Graças ao bravo nerd Snowden, que revitalizou o Putin da Rússia, o líder da moda que protege a destruição da Síria, prejudicou o Obama e abriu portas para novos ataques do terror. Ou seja, aprendemos que tudo se ramifica em contradições inesperadas, que um bem pode virar um mal e um hacker babaca pode mudar o mundo.
Já sabemos que milagres acontecem, mas são logo destruídos. Milhões se ergueram em junho, numa aurora política aparente, mais uma “primavera”; no entanto, os black blocks, espécie de al-Qaeda punk de imbecis, vieram nos lembrar da realidade: estupidez e mediocridade política são a clássica realidade brasileira. Enquanto Sarney reina, Agnelo Queiroz se agarra no Lula e Jacques Wagner destrói a Bahia, já sabemos que os horrorizados cariocas, chocados com o grande “crime” do helicóptero do Cabral, vão eleger a nova catástrofe: nosso estado governado por Garotinho, Crivellla ou Lindinho. Será o fim do Estado do Rio, durante a Olimpíada. Vivam os cariocas, as bestas quadradas do apocalipse! Pedem para ser mortos duas vezes.
Já sabemos também que “a infraestrutura sórdida do país foi culpa dos governos anteriores”. Ao menos foi o que disse a Dilma diante de FHC e do Clinton (que vexame...) depois de 11 anos do PT no poder. Só não sabemos o que o PT fez em 11 anos, mas isso é curiosidade de neoliberais canalhas, o que será corrigido com a reeleição de Dilma, quando teremos uma regulamentação bolivariana nessa mídia conservadora que teima em estragar os prazeres da mentira. Finalmente entendemos que quem fez o Plano Real não foi o FHC, como afirma a mídia de direita; foi o Lula, com preciosa ajuda de Mantega.
Já entendemos que a Dilma é brizolista. Também já sabemos que o Brasil anda na contramão dos próprios velhos países socialistas como China e Vietnã. Como escreveu Baudrillard: “o comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de desfuncionamento e da desestruturação brutal”, vide o novo eixo do mal da América Latina. Nós somos um bom exemplo desconstrutivo do que era o comunismo.
Já sabemos que privatização chama-se hoje concessão, que lucro ainda é crime e que aos poucos os empreendedores que fizeram o país, antes de o PT existir, são aceitos ainda com relutância pelos donos do poder.
Já sabemos que nosso ministro da economia é a própria Dilma, pois o Mantega só está lá porque ela manda nele. Por que não bota o Delfim, ou o Palocci, que já salvou o Brasil uma vez? Ele é um dos petistas respeitáveis. O outro morreu há pouco — Marcelo Déda, raridade, inteligente, com senso de humor e do bem.
Neste ano, aprendemos: A Justiça não anda sozinha. Se não fossem dois grandes homens, Ayres Brito e Joaquim Barbosa, nada teria acontecido. Aprendemos que o Mercosul tem de acabar. Aprendemos que o Legislativo só funciona no tranco de ameaças do povo. Agora já perderam o medo de novo.
Já sabemos que a política tem sido um espetáculo, como um balé. No Brasil, a política já é um país dentro de outro, com leis próprias, ética própria a que assistimos, impotentes. Os fatos perderam a solidez — só temos expectativas. E tudo continuará. Saberemos no ano que vem quantos campos de futebol de floresta foram destruídos por mês nas queimadas da Amazônia, enquanto ecochatos correm nus na Europa, fazendo ridículos protestos contra o efeito estufa; saberemos quantos foram assassinados por dia, com secretários de segurança falando em “forças-tarefas” diante de presídios que nem conseguem bloquear celulares, continuaremos a ouvir vagabundos inúteis falando em “utopias”, bispos dizendo bobagens sobre economia, acadêmicos decepcionados com os “cumpanheiros” sindicalistas, enquanto a República continuará a ser tratada no passado, com as nostalgias masoquistas de tortura, ressurreição de Jango e JK, heranças malditas, ossadas do Araguaia e nenhuma reforma no Estado paralítico e patrimonialista. Não vivemos diante de “acontecimentos,” mas só de “não acontecimentos”.
Repito a piada: não sou pessimista; sou um otimista bem informado.
Continuaremos a não acontecer em 2014.