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terça-feira, 30 de julho de 2013

Discurso do Papa Francisco para os dirigentes....

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ENCONTRO COM A CLASSE DIRIGENTE DO BRASIL
DISCURSO DO SANTO PADRE
Teatro Municipal, Rio de Janeiro
Sábado, 27 de Julho de 2013
Excelências,
Senhoras e Senhores, bom dia!
Agradeço a Deus pela possibilidade de me encontrar com tão respeitável representação dos responsáveis políticos e diplomáticos, culturais e religiosos, acadêmicos e empresariais deste Brasil imenso.
Queria lhes falar usando a bela língua portuguesa de vocês mas, para poder me expressar melhor manifestando o que trago no coração, prefiro falar em castelhano. Peço-lhes a cortesia de me perdoar!
Saúdo cordialmente a todos e lhes expresso o meu reconhecimento. Agradeço a Dom Orani e ao senhor Walmyr Júnior as amáveis palavras de boas vindas, de apresentação e testemunho. Nas senhoras e nos senhores, vejo a memória e a esperança: a memória do caminho e da consciência da sua Pátria e a esperança que esta Pátria, sempre aberta à luz que irradia do Evangelho, possa continuar a desenvolver-se no pleno respeito dos princípios éticos fundados na dignidade transcendente da pessoa.
Memória do passado e utopia na perspectiva do futuro se encontram no presente, que não é uma conjuntura sem história e sem promessa, mas um momento no tempo, um desafio a recolher sabedoria e sabê-la projetar. Todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade, em uma Nação, são chamados a enfrentar o futuro "com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade", como dizia o pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima [“Nosso tempo”,in: A vida sobrenatural e o mundo moderno (Rio de Janeiro 1956), 106]. Queria compartilhar com os senhores e senhoras três aspectos deste olhar calmo, sereno e sábio: primeiro, a originalidade de uma tradição cultural; segundo, a responsabilidade solidária para construir o futuro; e terceiro, o diálogo construtivo para encarar o presente.
1. Antes de mais nada, é justo valorizar a originalidade dinâmica que caracteriza a cultura brasileira, com a sua extraordinária capacidade para integrar elementos diversos. O sentir comum de um povo, as bases do seu pensamento e da sua criatividade, os princípios fundamentais da sua vida, os critérios de juízo sobre as prioridades, sobre as normas de ação, assentam, fundem-se e crescem numa visão integral da pessoa humana.
Esta visão do homem e da vida, tal como a fez própria o povo brasileiro, recebeu também a seiva do Evangelho, a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com o próximo. A riqueza desta seiva pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e, ao mesmo tempo, um processo construtor de um futuro melhor para todos. Um processo que faz crescer a humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento; este é o modo cristão de promover o bem comum, a alegria de viver. E aqui convergem a fé e a razão, a dimensão religiosa com os diversos aspectos da cultura humana: arte, ciência, trabalho, literatura... O cristianismo une transcendência e encarnação; tem a capacidade de revitalizar sempre o pensamento e a vida, frente à ameaça da frustração e do desencanto que podem invadir os corações e saltam para a rua.
2. O segundo elemento que queria tocar é a responsabilidade social. Esta exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, por ajudá-las a ser hábeis na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige hoje o trabalho de reabilitar a política; reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade. O futuro exige também uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a estrada proposta. Já no tempo do profeta Amós era muito frequente a advertência de Deus: «Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível» (Am 2, 6-7). Os gritos por justiça continuam ainda hoje.
Quem detém uma função de guia – permitam-me dizer –quem a vida ungiu como guia deve ter objetivos concretos e buscar os meios específicos para alcançá-los, mas também pode haver o perigo da desilusão, da amargura, da indiferença, quando as aspirações não se realizam. Aqui faço apelo à dinâmica da esperança, que nos impele a ir sempre mais longe, a empregar todas as energias e capacidades a favor das pessoas para quem se trabalha, aceitando os resultados e criando condições para descobrir novos caminhos, dando-se mesmo sem ver resultados, mas mantendo viva a esperança, com aquela constância e coragem que nascem da aceitação da própria vocação de guia e de dirigente.
É próprio da liderança escolher a mais justa entre as opções, após tê-las considerado, partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo bem comum; por esta estrada, chega-se ao centro dos males da sociedade, para vencê-los com a ousadia de ações corajosas e livres. É nossa responsabilidade, embora sempre limitada, esta compreensão global da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro, refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes; devemos procurá-lo, devemos inseri-lo na própria sociedade. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária.
3. Para completar esta reflexão, além do humanismo integral, que respeite a cultura original, e da responsabilidade solidária, considero fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: a cultura popular, a cultura universitária, a cultura juvenil, a cultura artística e a cultura tecnológica, a cultura econômica e a cultura da família, e a cultura da mídia.Quando dialogam… É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que permaneça fechada na pura lógica ou no mero equilíbrio de representação de interesses constituídos. Considero também fundamental neste diálogo a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença da dimensão religiosa na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas.
Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre é a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos. Esta atitude aberta, disponível e sem preconceitos, eu a definiria como «humildade social» que é o que favorece o diálogo.  Só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras livre de suposições gratuitas e num clima de respeito pelos direitos de cada uma. Hoje, ou se aposta no diálogo, na cultura do encontro, ou todos perdemos.Todos perdemos… Passa por aqui o caminho fecundo.
Excelências,
Senhoras e Senhores!
Agradeço-lhes pela atenção. Acolham estas palavras como expressão da minha solicitude de Pastor de Igreja e do respeito e afeto que nutro pelo povo brasileiro. A fraternidade entre os homens e a colaboração para construir uma sociedade mais justa não são um sonho fantasioso, mas o resultado de um esforço harmônico de todos em favor do bem comum. Encorajo os senhores neste seu empenho em favor do bem comum, que exige da parte de todos sabedoria, prudência e generosidade. Confio-lhes ao Pai do Céu, pedindo-lhe, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, que cumule de seus dons a cada um dos presentes, suas respectivas famílias e comunidades humanas e de trabalho e, de coração, peço a Deus que lhes abençoe. Muito obrigado!


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sábado, 20 de julho de 2013

Escolhendo



* Sérgio Paulo Muniz Costa

O que está havendo com o Brasil, o país do futebol com mais católicos do mundo, que viveu confrontos nas imediações dos estádios em que sua seleção brilhava e agora se inquieta às vésperas da visita do Papa Francisco? Como é possível que tradicionais motivos de alegria e devoção da população brasileira tenham se transformado em oportunidades de frustração e constrangimento? Em pouco mais de um mês, a imagem do País foi alterada e hoje nos sentimos todos atingidos por algo que não compreendemos mas que nos acontece. A única certeza nesses dias de tumulto é que os nossos destinos vão depender do que decidirmos fazer com o que nos acontece, e o pior que podemos fazer é não termos a mesma audácia daqueles que estão agindo. No nosso caso, da esmagadora maioria da população, a audácia para pensar.
A semana foi pródiga em acontecimentos. Abriu-­‐se com as declarações de uma agência do governo que indicavam os protestos como a maior ameaça à visita do Papa, quase simultânea à manifestação do super-­ministro de que “o povo faria a segurança do Papa” e à reunião de ministros de estado com representantes do Vaticano para pressionarem por mudanças na programação oficial. Isto é o governo federal atuando como caixa de ressonância de um não se sabe o quê. Ao mesmo tempo, o ex-­presidente que em passado não distante esteve com blogueiros simpáticos ao PT, ressurgiu sorridente e saudável, cercado de jovens, fazendo em termos chulos e demagógicos a apologia dos protestos. Isto todo mundo sabe para quê, diante do que se dilui outra dúvida excruciante: a criatura está cumprindo o papel que lhe foi atribuído, desde o início.
Se a violência que tomou as ruas do Leblon na noite da 4a feira, dia 18 de julho, foi desconcertante, a coletiva de imprensa da cúpula de segurança pública do Rio de Janeiro no dia seguinte foi patética. Repetiu-­se ali a fraqueza das autoridades para enfrentarem no campo das ideias a vontade perversa que está transformando as ruas em campo de batalha. Bovinamente vamos aceitando a neutralização das forças de segurança pública mediante o constrangimento midiático praticado por uma facção da imprensa despudoradamente simpática ao caos e por intermédio da pressão de entidades nacionais e estrangeiras que sem terem qualquer responsabilidade pela Lei e pela Ordem pretendem impor limitações absurdas à sua imposição. E assim se encerra de forma melancólica esta semana surpreendente, com a disseminação não contestada da notícia de que as autoridades não sabem como lidar com os protestos durante a visita do Papa.
A maioridade politica da sociedade brasileira não a protege dos riscos e dos assaltos às suas instituições, aliás a nenhuma sociedade. A presente conturbação do quadro político nacional está inserida na moldura sucessória que se completa em 2014 e isso está patente nos conflitos dentro do condomínio do poder e entre os poderes da República, cuja origem é a vontade do exercício absoluto do poder pelo PT. Há parlamentares, autoridades e lideranças que resistem, na forma da Lei e dentro de suas atribuições, ao projeto de poder que ameaça a democracia brasileira, mas as suas atitudes e ações minguarão na medida em que continuarmos refugiados na cômoda visão dos protestos como iniciativas espontâneas e legítimas de uma população insatisfeita, ou pior, como já circula, extasiados na miragem sebastianista de que seremos “salvos” por uma intervenção não se sabe de quem, da qual desembarcam manifesta e preventivamente os militares, fartos de serem acusados de golpistas de oportunidade justamente pelos eternos golpistas da História.
Na verdade, a nossa maioridade política se confirma pela resistência ao pensamento que pretende pensar por nós, a começar pelo da parcela da intelligentsia brasileira sempre tão diligente e “científica” para atacar as crenças religiosas de tantos, mas sempre tão incapaz de se despir do próprio criacionismo com que insiste em impor fatos estranhos à sociedade para recriá-­la a seu molde. E não se diga que aqui se recorre ao reducionismo moralista da luta entre o bem e o mal. É mais simples: trata-­se da escolha entre o bom e o ruim e é mais do que tempo de sabermos distinguir um do outro.

* Historiador 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

CRIEMOS A NOSSA COMISSÃO DA VERDADE

"Aileda de Mattos Oliveira” 
Por que admitimos que o centro corruptor da nação estabeleça o controle das ações, impondo a antiordem dos valores comportamentais?
Por que admitimos a depredação dos bens patrimoniais por minorias que, a pretexto de condenar o estelionato político do governo, investem contra as forças policiais, que não encontram respaldo de seus respectivos governadores, principalmente o do Rio de Janeiro, que se escafede vergonhosamente?
Por que não exigimos o nome de quem paga os artefatos com os quais os neorrebeldes destroem o patrimônio público e particular? O dinheiro é do contribuinte, sabemos, mas quem o libera?
Por que permitimos que os policiais militares sofram espancamentos e provocações de jornalistas militantes ligados ao governo e filmem a reação dos policiais, mas não a causa que os levou a se defenderem, para forjarem atos de violência nas matérias sensacionalistas de seus jornais?
Por que não exigimos dos governadores a defesa desses homens, que agem em defesa da parte ordeira da sociedade, sem direito a retornar às suas casas, após um dia de trabalho? Nada fazem por necessitarem da bengala de Brasília para sustentarem-se politicamente com o tradicional servilismo à presidente.
Por que permitimos a perseguição às Forças Armadas, principalmente ao Exército, pelos permanentes guerrilheiros que tentam, por meio de seus articuladores, atingi-las, psicologicamente, com imposições recebidas das organizações mundiais que exigem dela, presidente, obediência, ferindo continuamente a nossa soberania? De feroz mercenária, torna-se mansa e submissa nas mãos de qualquer OEA.
Por que permitimos mais uma afronta aos militares e não reagimos ao Grupo de Trabalho que pretende infestar os quartéis com os miasmas de civis que nunca trabalharam em favor do país?
Por que não usamos da mesma pressão psicológica empregada contra as Forças, a fim de dobrarmos a cerviz dessa inconsequente presidente, já sem prumo na aparência e na mente, pela pegajosa submissão aos sarneys do Caribe.
Por que permitimos que a presidente de direito e o presidente de fato enviem dinheiro da nação brasileira a países cujos dirigentes são perversos ditadores, a fim de beneficiarem o desqualificado torneiro mecânico em seus negócios escusos?
Por que permitimos continuarem esvaziando o erário sem que exijamos a reposição dos muitos milhões que recheiam as contas particulares dos políticos mais indignos e repugnantes que já surgiram em qualquer país do mundo?
Por que não nos unamos e damos a resposta merecida e na justeza do peso político e social que as Forças Armadas sempre tiveram num país de irresponsáveis que jogam nas suas costas os problemas causados pela desobediência civil?
Criemos, a nossa CVSG – a Comissão da Verdade Sobre os Guerrilheiros e vamos levar essa máfia insaciável, que trabalha incansavelmente para a desagregação das unidades étnica e territorial e o esboroamento das Instituições, às barras dos tribunais, antes que a Justiça acabe tragada pela corruptora PEC 37, a da Impunidade.
Que seja convocada em ato público, a presidente que acumula o cargo de Comandante em Chefe (Que Deus me perdoe esta heresia!) para esclarecer à Nação, quando era Dilma ou Estela ou Dulce ou Patrícia ou Wanda, a “camarada de armas” de José Dirceu.
Que seja convocada para confessar quem lançou a bomba que matou covardemente o jovem soldado Mário Kozel Filho.
Que seja convocada para dizer que mão programou a bomba que mutilou Orlando Lovecchio e a que matou e mutilou no Aeroporto Guararapes.
Que seja convocada para dizer onde estão ou como gastou ou onde depositou os dólares roubados do cofre do então governador Adhemar de Barros.
Que diga se foi mentor (assim mesmo, não ajeitemos o gênero da palavra ao gosto desta senhora) dos assaltos a bancos com vítimas de inocentes clientes que aguardavam a sua vez. Que mostre as sequelas das contínuas torturas que diz ter sofrido. Talvez seja o corte da cabeleira desgrenhada como mostra a foto empunhando seu amigo fuzil.
Que seja convocada para explicar tanta versatilidade numa cabeça que hoje se mostra vazia de inteligência, de raciocínio, de clareza na expressão de um simples pensamento de quatro palavras. Diante da amostragem de ineficiência no trono que sempre desejou, supõe-se que, ou a Dilma é outra, e esta é a Estela ou Wanda, ou nenhuma delas. O país precisa saber a verdade desta senhora e de tantos outros, peças excrescentes da política nacional.
Que seja convocada a Maria do Rosário, a de maus bofes, para informar qual a sua real função num ministério criado por imposição de organizações internacionais que interferem constantemente na soberania do Brasil, porém, é paga pela própria vítima: o contribuinte brasileiro. Quem é esta maquiavélica criatura que usa nome de beata, mas nada mais é do que a encarnação do mal?
Que seja convocada a tal “ministra da mulher” cujo nome faço questão de não pronunciar e não digitar, pelo asco que me causa a sua vida mais que pregressa.
Que sejam convocados o Dirceu, o falso Genoíno, o Vanucchi que recebeu de seus patrões da OEA um assento de urtiga na CDH para tramar contra o próprio país. Que sejam convocados todos os demais traidores, cujas fotos estão em desfile constante pela internet.
Que sejam, enfim, mostrados em público os mercenários desejosos de implantar a “democracia” cubana, e atiram-se como chacais ao dinheiro público, para jogá-lo na sarjeta dos senis Castros e dos criminosos ditadores de países africanos.
Ações antidemocráticas são a marca registrada do rebotalho vermelho.
Este é o momento de criarmos a nossa CVSG, a Comissão da Verdade Sobre os Guerrilheiros, de ontem e dos que estão começando a irromper no país.
Está lançada a ideia fundamental!
(*Dr.ª em Língua Portuguesa, membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.)

terça-feira, 16 de julho de 2013

O marciano, o Brasil e Aristóteles


15 de julho de 2013 | 2h 05






DENIS LERRER ROSENFIELD *

Um marciano desembarcou há dias no planeta Terra e optou por conhecer o Brasil. Muito tempo atrás, antepassados dele visitaram a Grécia clássica e lá tomaram conhecimento da filosofia de Aristóteles, que os apaixonou. Levaram os manuscritos mais elaborados para Marte, deixando para os terráqueos o duro trabalho de edição de suas obras por séculos a fio. Haviam sido atraídos, particularmente, pelo princípio de não contradição, que passou a ser ensinado em todas as escolas. Mais especificamente, qualquer político deveria fazer provas duríssimas aplicando esse princípio aos assuntos públicos. Afinal, tratava-se de algo maior: a prevalência do bem comum.

Pois nosso amigo marciano ficou surpreso com o que estava acontecendo em nosso país, porque tudo o que via ele percebia como uma infração das regras mais elementares da lógica e, nesse sentido, de como entendia a política. Nas manifestações da última quinta-feira, anunciadas como "greve geral" ou como Dia Nacional de Lutas, ele não conseguia compreender o que poderia significar uma greve de movimentos sociais "organizados", como CUT e MST, aparelhados pelo PT e financiados pelos governos petistas, contra o próprio governo petista. Trocando em miúdos, isso significava uma greve do PT contra o PT. O princípio de não contradição estaria sendo infringido!
Como podia ser que, no 13.º ano de um governo petista, o PT se sentisse tão incomodado com seu próprio governo? Cansado de si mesmo? Desorientado consigo? O que diriam, então, os cidadãos confrontados com tal confusão? Como pode alguém fazer auto-oposição?

Ficou intrigado em especial ao se inteirar de uma expressão de muito uso no governo Lula e posta à prova no da presidente Dilma: a tal de "herança maldita". Não conseguia perceber bem o que significava. Em sua formação intelectual, além de Aristóteles, lera muito Descartes, quando de outra incursão de seus antepassados ao nosso planeta. Aprendera com o filósofo francês um critério de verdade baseado na clareza e distinção das ideias. Lógico como era, tratou de aplicar esse critério à expressão "herança maldita".

Qual não foi a sua estupefação ao constatar que a herança do antecessor, considerada "maldita" pelo ex-presidente Lula, fora "bendita", assegurando-lhe o êxito de seu primeiro mandato. Ficou sabendo que o primeiro governo petista mantivera as linhas básicas de sua política econômica e até social. Tinha tucanado. A lógica do governo teria sido uma e a retórica, outra. Isto é, fazia uma coisa e dizia o oposto. Não há princípio de não contradição que resista, além do problema de ordem propriamente moral de não reconhecimento.
Perseguindo ainda a clareza e a distinção das ideias, terminou por se compadecer da presidente Dilma, pois ela se viu numa sinuca de bico. Do ponto de vista moral, teve uma atitude digna ao qualificar a herança de seu próprio antecessor como "bendita", quando, na verdade, é "maldita". Está agora recolhendo seus frutos, que crescem nas ruas em manifestações autônomas. Seu discurso está, nesse sentido, impregnado de contradições, apesar de no início de seu mandato ter mantido a coerência ao reconhecer o legado de Fernando Henrique Cardoso. Aliás, de sua própria iniciativa, fez uma "faxina ética", mas depois recuou ao seguir novamente o seu antecessor.

Mas os dilemas do nosso marciano não pararam por aí. Seus princípios e critérios não cessavam de ser postos à prova - e que provação! Não conseguia atinar com o que o governo e o PT entendem por "movimentos sociais" quando confrontou duas manifestações, a monstro de semanas atrás e a esquálida de quinta-feira, esta uma caricatura daquela.
Ele mesmo, poucas décadas atrás, entrara em contato com outro grego, naturalizado francês, de nome Cornelius Castoriadis. Em privado era chamado Corneille, porém isso também o confundia por lembrar o célebre dramaturgo francês. O problema, todavia, não era esse. O que estava em questão era a distinção feita por esse filósofo entre "autonomia" e "heteronomia". Autonomia designava movimentos populares autônomos, genuínos, que brotavam da sociedade por ela mesma, lutando contra governos que os oprimiam ou não atendiam às suas reivindicações; heteronomia significava movimentos controlados por aparatos partidários e burocráticos, de uso corrente na esquerda, cujo objetivo consistia em substituir e aniquilar manifestações independentes da sociedade civil.
Ora, as manifestações de junho caracterizaram-se precisamente por ser autônomas, nascidas no seio da sociedade civil, ultrapassando qualquer "aparelho" que tenha procurado controlá-las. Foi um espetáculo de liberdade. Uma expressão da mais legítima indignação com distintos governos de diferentes partidos, sejam eles do PT, do PMDB ou do PSDB, tanto no nível federal quanto estadual e municipal.
Numa manobra de grande inabilidade, o governo federal e o PT, em vez de procurar atender à indignação generalizada dos cidadãos brasileiros, partiram para uma tentativa de cooptar e burocratizar movimentos autônomos. Puseram em pauta a heteronomia. Sindicatos financiados com recursos públicos e movimentos sociais organizados também custeados pelo governo, como o MST, usurparam a bandeira da liberdade e da moralidade. O resultado foi um fiasco total: ruas comparativamente vazias, burocratização das marchas, uniformização dos discursos e indignação fingida.
A presidente, com humildade, deveria ter reconhecido desde o início os seus erros e os de seu antecessor, resgatando o princípio de não contradição e a clareza e a distinção de ideias. Poderia ter aberto um novo caminho. Nosso amigo marciano, por sua vez, confuso, preferiu voltar ao seu planeta. Pelo menos lá reinam a coerência e a racionalidade.
* DENIS LERRER ROSENFIELD É PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR.

domingo, 7 de julho de 2013

PROPOSTA DA NAÇÃO BRASILEIRA



PNB 01 – Proposta da Nação Brasileira nº. 01

1 – Durante o mês de junho tivemos manifestações por todo o País denunciando vários problemas que a nossa Nação vem convivendo, diariamente, sem expectativa de alguma melhora que possa aliviar tanto sufoco.
A lista de reivindicações é enorme e percebemos um aspecto importante: todas são legitimas.
Foram mostradas por todos os meios de comunicações existentes e isso de certa forma surpreendeu os políticos que foram eleitos para nos representar. A surpresa foi tanta que, infelizmente, até hoje não vimos nenhuma proposta de solução razoável. O que se viu foi um jogo de empurra com o intuito de ganhar tempo e acreditar na velha máxima política: o povo vai esquecer com o passar do tempo.
Devido à maioria dos políticos serem do período do lápis e papel desconhecem que estamos vivendo um novo tempo. O tempo da “nuvem” ou da “Rede”. Por falar nisso esta proposta foi originada no nó 2000 da rede. E assim sempre será identificado porque o original deste documento tem um código. Segue o sentido das manifestações de Junho.
Diante da fraqueza das decisões e considerando que o POVO brasileiro tem em mãos o maior poder que a democracia nos outorga vamos lançar mão do nosso VOTO para alterar tudo que foi apresentado na lista de maneira ORDEIRA, DISCIPLINADA e com todo o apoio da Constituição Brasileira em vigor. Não precisamos de Referendo ou Plebiscito (economia monstruosa de tempo e dinheiro).
Vai exigir um esforço grande desta NAÇÃO, mas nada que seja superior ao que nós vivemos no dia-a-dia de nossas casas e cidades. Vamos utilizar a Internet como instrumento de trânsito desta Proposta e outras decisões que se fizerem necessárias. O importante é que A DECISÃO ESTARÁ NA MÃO DO POVO.
2 – A proposta terá o formato de um documento gerado pelo POVO e será reconhecido para identificar o que realmente se está pretendendo. Assim a proposta a ser aperfeiçoada é a seguinte:
___________________________________________________________________________________
NÃO votaremos nas eleições de 2014 em políticos que hoje estão com seus mandatos em vigência.
NÃO votaremos nas eleições de 2016 e 2018 em políticos que estejam hoje com seus mandatos em vigência.
NÃO votaremos em políticos que tenham ocupado cargo publico nos últimos 10 ou 12 anos.
NÃO votaremos em políticos que não sejam CLASSIFICADOS PELA FICHA LIMPA.
___________________________________________________________________________________
Estes itens não são definitivos e poderão ser aperfeiçoados por brasileiros interessados em contribuir para a melhora do País.
3 – Este documento vai percorrer todos os nós da Internet e dia 03 de Outubro de 2013 será publicado em todos os meios de comunicações existentes. Será o CARTAZ da NAÇÃO BRASILEIRA que perdurará até que tenhamos representantes dignos de um POVO HONESTO e trabalhador. Lembrem-se que temos milhões de Homens e Mulheres capazes de substituir esses 1000 que estão aí e NÃO NOS REPRESENTAM. E se até hoje não se lançaram a candidatos foi devido a Política de baixo nível existente em nosso País. São pessoas com competência técnica e política capazes de revolucionarem este País.
4 – Até 31 de Julho de 2013 criaremos um e-mail da NAÇÃO para acolher as sugestões. Até lá façam ou provoquem debates na rede. Usem de criatividades para RETER O PODER NA MÃO DO POVO.
5 – Convidamos sites especialmente preparados para publicarmos os currículos de Candidatos a cargos públicos aprovados pela Ficha Limpa, a relação de itens que o POVO deseja seja priorizada pelos Candidatos, votações de currículos e outras necessidades. Pode ser mais de um site.
6 – Sabemos de todas as armações que serão engendradas pelos atuais políticos para serem renovados em seus mandados. Não podemos impedir de que eles se candidatem, pois para o Governo a FICHA LIMPA pode ter umas manchas ou ser meio amareladas. Assim criaremos nossas listas de candidatos idôneos. IMPORTANTE: ESTAMOS ACIMA DE QUALQUER PARTIDO.
7 – Durante esse tempo, a partir de 3 de outubro de 2013 até a eleição de 2014, vamos fazer uma campanha elucidativa ao POVO visando retirar deles os medos impostos por diferentes cabrestos e que hoje são a garantia de reeleição de forma terceirizada pelos nossos prefeitos e vereadores. Sabedor do que se espera de um candidato eleito vamos monitorar como fazemos com as nossas obrigações diárias, pois só assim teremos os resultados esperados e poderemos chamá-los de nossos representantes.
8 – Um item importante. Os candidatos que constarem das listas elaboradas pela NAÇÃO não precisarão de verbas públicas ou privadas para se elegerem. O Povo vai dar espaço a eles na Internet utilizando todas as ferramentas poderosas (Google, Twitter, Facebook, Youtube) com todo tempo que seja necessário a sua exposição de atitude frente à lista de prioridades estabelecidas pelo POVO. Não se iludam porque as pessoas semianalfabetas e analfabetas devido às injunções atuais sabem utilizar os Telefones, IPAD, Iphone, etc. para difundirem suas notícias quando elas são providas de honestidade.
9 – Ao lançar esse manifesto pela NAÇÃO o Nó 2000 da rede acredita que a informação vai percorrer toda a Rede e surtirá o efeito que o Povo espera. Nunca podemos esquecer que o Povo tem sempre os governantes que merece.
10 – Para finalizar esta proposta lembre-se que ÉTICA é aquilo que você faz a vista de outras pessoas e CARÁTER é aquilo que você faz as escondidas.

Brasil, 7 de julho de 2013.

NAÇÃO BRASILEIRA
Nó 2000 - Rede Brasil da Internet




quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Fim do Resto - artigo de J. R. Guzzo


Um caderno de anotações sobre os fatos que vêm acontecendo no Brasil durante as três últimas semanas poderia conter, com bastante precisão e dentro da “margem de erro” tão útil aos institutos de pesquisa, o registro das seguintes realidades:

• A presidente Dilma Rousseff simplesmente não esta à altura da situação que tem o dever de enfrentar. Não sabe o que fazer, o que acha que sabe está errado, e, seja Iá que resolva, ou diga que está re­solvendo, não vai ser obedecida na hora da execução. O momento exige a grandeza, a inteligência e os valores pessoais de um estadista. Dilma não tem essas qualidades. O autor deste artigo também não sabe o que deveria ser feito – para dizer a verdade, não tem a menor idéia a respeito. Em compensação, ele não é presidente da República.
• A mais comentada de todas as propostas que a presidente anunciou para enfrentar a crise foi um miste­rioso plebiscito, do qual jamais havia falado antes, para aprovar uma nova Assembléia Constituinte destinada exclusivamente a fazer uma "profunda refor­ma política". Não houve, também aqui, a mínima preocupação em pensar antes de falar, para ver se existiria alguma ligação entre essa ideia e a possibi­lidade real de executá-la dentro das leis vigentes. Não existia, é claro. Resultado: a proposta de Dilma morreu em 24 horas, afogada num coro de gargalha­das. A hipótese otimista é que o governo esteja a viver, mais uma vez, um surto agudo de desordem mental e descontrole sobre seus próprios atos. A pessimista é que o PT, sob o comando do ex-presi­dente Lula, esteja querendo empurrar Dilma para uma aventura golpista.
• A única "reforma política" que o PT quer fazer, como se sabe há anos, é a seguinte: tirar do eleitor brasileiro o direito de escolher os deputados nos quais quer votar, obrigando a todos a votar numa "lista fechada" e composta exclusivamente de no­mes que os donos dos partidos escolherem; "financiamento público" para as campanhas, ou seja, sacar dinheiro do Tesouro Nacional e entregá-lo diretamente aos políticos nos anos eleitorais. Alem dos milhões que já recebem pelo "caixa dois" das em­presas privadas (e que o próprio Lula, numa "entrevista" armada durante o mensalão, considerou algo perfeitamente normal), receberiam também dinhei­ro que vem direto do contribuinte.
• A "reforma” Lula-PT não propõe nenhuma mu­dança, uma única que seja, em nada daquilo que a população realmente quer que mude, e que tem sido um dos alvos principais da ira das ruas: o fim de qualquer dos privilégios grotescos dos parla­mentares, como carro privado para cada um, casa de graça, verbas que podem gastar como quiserem, e que acabam sistematicamente no próprio bolso ou no de sua família. Podem faltar quanto quiserem.  Vendem ou alugam seus assentos a "suplentes”. A reforma petista mantém o absurdo sistema eleitoral que nega ao cida­dão brasileiro o direito universal de "um homem, um voto". Recusa o voto distrital, adotado em to­das as democracias verdadeiras do mundo. Nada disso: num ambiente de catástrofe, em que até uma criança de 10 anos sabe que o povo tem pelos políticos uma mistura de asco, desprezo e ódio, o PT quer dar ainda mais dinheiro a eles.
• A presidente disse que "está ouvindo" os indigna­dos que foram às ruas. Mas não está. Se estivesse, não existiria, em primeiro lugar, o inferno que é a vida diária de milhões de brasileiros, a quem o go­verno ignora: porque dá o Bolsa família, anuncia vitórias imaginárias e acha que governar é fazer truques de marquetagem, convenceu-se de que o povo está muito bem atendido. Escutando os protestos? Ainda em março, Dilma recusou uma suíte de 80 metros quadrados num hotel de luxo da África do Sul, por achar que era pequena demais. A culpa, é claro, foi passada ao Itamaraty. Mas, quando o fato se tornou conhecido, a presidente não disse nenhu­ma palavra de desculpa, nem mandou o Itamaraty tomar alguma providência para que um fato assim não se repita. Foi adotada uma única medida: de agora em diante o governo não vai mais revelar ne­nhum dado das viagens presidenciais.
• Ao longo de vinte dias. Dilma, seus 39 ministros e os mais de 20 000 altos funcionários de "livre no­meação" do governo não vieram com uma única ideia que pudesse merecer o nome de ideia. Suas propostas demoraram até a semana passada para aparecer - e, quando enfim vieram, anunciaram coisas desconectadas com a realidade ou entre si próprias, pequenas na percepção e nos objetivos, incompreensíveis ou apenas tolas. Foram tirando ao acaso de uma sacola, e jogando em cima do pú­blico, as miudezas que passaram por seu circuito mental nestes dias de ira: mudar a distribuição de royalties do petróleo, importar 10 000 médicos es­trangeiros, punir a "corrupção dolosa" como "cri­me hediondo" (Dilma, pelo jeito, imagina que pos­sa haver algum tipo de corrupção não dolosa), dar "mais recursos" para isso ou aquilo, melhorar a "mobilidade urbana". É puro PAC.
• No jogo jogado, tudo isso quer dizer três vezes zero. Numa hora dessas, eles vêm falar em royalties, assunto técnico que exigirá meses ou anos para ser reformulado? Importação de médicos? Só agora descobriram que faltam médicos no serviço público por causa da miséria que lhes pa­gam? Só depois que o povo foi para a rua perceberam que a corrupção é um crime abominável? Se os que mais roubam estão dentro da máqui­na do governo, como acreditar num mínimo de sinceridade nesse palavrório todo? A presidente e seu en­torno anunciaram medidas que só o Congresso pode aprovar. Outras dependem do Judiciário, ou de estados e prefeituras. O que sobra é o fim do resto.
• Os números apresentados até agora não fazem nenhum sentido. Falou-se em aplicar "50 bi­lhões" de reais em obras de "mobilidade urba­na". Que raio quer dizer isso? Parece que se trata de melhorar o transporte em metrô, trens e ônibus — mas não existe a mais remota infor­mação concreta sobre como fazer isso na práti­ca, nem onde, nem quando. Não foi uma provi­dência de verdade: é apenas uma cifra chutada e um amontoado de dúvidas. O trem-bala, por exemplo - será que entra nessa conta? Há algum projeto de engenharia pronto para alguma obra a ser feita? Alguém no governo sabe dizer onde estão os tais "50 bilhões"? Não é surpresa que um grupinho de garotos do Movimento Pas­se Livre tenha saído de um encontro com Dilma dizendo que ela é "completamente desprepara­da" no assunto. Os números citados para a saúde são igualmente desconexos: 7 bilhões de reais para "20 000" unidades de atendimento médico. Quais unidades? Onde? Esses “7 bilhões", se existissem, equivaleriam a 20% do que se estima que será gasto nas obras para a Copa de 2014. Dá para entender? É a fé cega na Incapacidade do povo brasileiro em fazer contas.
• A marca mais notável da defesa que o governo fez de si próprio, durante estes dias de revolta, é que não há uma defesa. Pedem que o povo reconheça as "transformações" que fizeram no país. Quais? Após dez anos de governo popular do PT, o Brasil está em 85° lugar no IDH — subiu apenas 5%; em todo esse tempo, e teve cresci­mento praticamente nulo durante os anos Dilma. Isso ocorreu num período de dramáticos avanços na renda de todos os países pobres: apenas entre 2005 e 2011, 500 milhões de pessoas saíram da pobreza em todo o mundo. O governo do petismo transformou o Brasil num país com 50 000 assassinatos por ano, e onde 75% da população não é capaz de entender plenamente o que lê. A rede publica de saúde foi transformada num monstro em que o cidadão pode esperar seis meses, ou um ano, por um exame clínico, e pacientes aguardam atendimento jogados no chão de hospitais, como se vivessem num país em guerra. A transforma­ção do sistema portuário criou um Brasil que não consegue embarcar o que produz nem desembar­car o que compra lá fora. Conseguiram, até, trans­formar o significado da palavra "corrupção", ao venderem a ideia de que qualquer denúncia contra a roubalheira do governo é "moralismo", ou seja, o erro é denunciar o erro.
• As ruas iradas de junho deixaram à vista de to­dos um fato que muita gente já sabe, mas quase nunca é mencionado: o ex-presidente Lula é um homem sem coragem. Líderes corajosos jamais se escondem nas horas de dificuldade brava. Ao contrario, vão para a frente, tomam posição nos lugares mais arriscados, e assumem a luta em defesa do que acreditam. Não ficam escondidos na população, fazendo seus pequenos cálculos para descobrir o lucro ou prejuízo que teriam ao aceitar suas responsabilidades - pensam, apenas, no seu dever moral, nos seus princípios e nos seus valores. Coragem é isso - mas isso Lula não foi capaz de mostrar. Onde está ele? Na hora em que o Brasil mais precisou de uma liderança em sua história recente, o homem sumiu. Vive dizendo que não há no mundo ninguém que saiba, como ele, subir no carro de som ou no palanque e "vi­rar" qualquer situação de massas. Na hora de agir, trancou-se na segurança do seu esconderijo. E a "negociação" - na qual também se julga um ás incomparável, onde foi parar? Para quem tem certeza de que negociou "a paz no Oriente Mé­dio", Lula teria de estar desde os primeiros mo­mentos tratando de montar algum tipo de negociação. Na vida real, limitou-se a cochichar com subalternos, dar palpite e falar mal dos outros. Lula sempre fez questão de achar “inimigos”. Pois achou, agora, todos os que poderia querer.
• Ficou claro que o governo está errando há dez anos a avaliação que faz da imprensa livre. Con­fundiram tudo: acharam que a internet, com a sua audiência sem limites, estava anulando jornais e revistas, quando na verdade tem feito exatamente o contrário: reproduz o que sai na imprensa para mi­lhões de pessoas que não leram o noticiário escrito. E agora? A internet mostrou-se um multiplicador incontrolável do conteúdo da imprensa, e a mais poderosa alavanca de notícias que jamais se viu no país. Vídeos amadores, diversos deles falados em inglês com legendas em português e dirigidos aos internautas do mundo todo, apresentaram denún­cias devastadoras e bem articuladas sobre a insânia governamental que levou o povo à rua. Em apenas uma semana, de 14 a 21 de junho, um desses ví­deos, entre dezenas de outros, teve mais de 1,3 mi­lhão de visualizações. Todas as informações que estão ali foram tiradas da imprensa livre. O gover­no não entendeu nada. Mas desta vez não teve co­mo mentir: não conseguiu dizer que as manifestações eram invenção da "imprensa de direita".
• Os descontentes de junho mos­traram mais uma vez, como a Bíblia nos diz em provérbios 16:18, que “a soberba vem antes da queda”. Nunca, possivelmente, o Brasil esteve sob o comando de gente tão soberba quanto Lula, Dilma e os barões do PT, e tão à vontade para exibir sua arrogância. Estão levando, agora, o susto de suas vidas, ao descobrirem que marquetagem, dema­gogia e exploração da ignorância não são mais suficientes para desviar a atenção do povo para o desastre permanente que causam ao país. Espantam-se que o povo faça contas - e se sinta roubado com uma Copa do Mundo que pode acabar custando até 35 bilhões de reais, mais do que as últimas três somadas. Espantam-se que as suas esperanças de livrar da cadeia, com velhacaria ju­rídica, os mensaleiros mais graúdos estejam desa­bando. Espantam-se ao saber que muita gente está cada vez mais cheia de gastar cinco horas diárias para ir ao trabalho e voltar para casa. Desafiaram o ensinamento básico de Abraham Lincoln: "Pode-se enganar a todos durante algum tempo; pode-se enganar alguns durante todo o tempo: mas não se pode enganar a todos durante o tempo todo". Estão colhendo o que semearam.