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quinta-feira, 30 de maio de 2013

PERDEU, TIA!


25 de maio de 2013 20:36
Roberto Rodrigues escreveu:
Na minha cidade natal, o Rio de Janeiro, o título acima é a frase utilizada pelo assaltante ao informar o assalto. Neste caso, a expropriação dos bens de uma senhorita, senhora ou mulher idosa, hoje também chamada de “senhorinha”, que pode até se transformar em latrocínio.
Por analogia, a expressão costuma se aplicar a qualquer caso em que uma pessoa, “tia” ou “tio”, tenha sido frustrada nas suas expectativas ou derrotada em algo que se propôs a fazer.
Nesses termos, dedico a presente crônica aos democratas autênticos, aqueles que se identificam com os princípios adotados em países como a França, a Inglaterra, a Itália, a Alemanha e os Estados Unidos da América; que repudiam os princípios adotados na extinta República Democrática da Alemanha e na atual República Popular Democrática da Coreia do Norte; e que agora se mostram indignados ou temerosos com os rumos adotados pelo governo da nossa presidente, a “tia” Dilma Roussef.
Não se trata de defender a “reação democrática” ou qualquer outra ideia que sintetize o ocorrido no Brasil em 31 de março de 1964, mas tão-somente de comentar as consequências de uma segunda e fragorosa derrota da esquerda brasileira.
A primeira ocorreu em 1935, nunca foi contestada e continua a ser comemorada pelos vencedores, mas é possível que brevemente venha a ser censurada. Na segunda, ocorrida em 1964, a derrota vem sendo transformada pelos vencidos em vitória da democracia, e boa parte dos vencedores foi proibida de comemorá-la.
Os que optaram, naqueles idos, pela luta armada, estão hoje no poder, e acham que perderam uma batalha, mas estão vencendo a guerra. Enganam-se. Estão apenas vencendo uma outra batalha.
Ainda é cedo para prever a decisão da guerra. Para começar, quem quiser fazê-lo terá de aguardar o desfecho de dois eventos: a Comissão da Verdade e as eleições presidenciais de 2014. Não sei se estarei vivo para assistir, porém ouso fazer um prognóstico.
Digamos que Lula consiga escapar das denúncias do Sr. Marcos Valério e do processo movido contra a sua suposta ex-amante, a Sra. Rosemary Noronha (o que não passa de uma farsa eleitoreira destinada a promover quem mandou investigá-la), que a Sra. Dilma seja reeleita e que a Comissão da Verdade consiga a tal “catarse”. O povo habilmente governado continuará ligado nos assuntos de sempre: bolsa-família, inflação, auxílio-desemprego, saúde, educação, moradia e segurança.
Digamos que, respaldados pela mídia, aproveitando o êxito na política e a ingenuidade ou a omissão da maioria, os que detêm o poder consigam, através de artifícios legais ou administrativos e alianças internacionais, neutralizar a capacidade de reação das outras duas instituições responsáveis pelos nossos destinos, o Congresso e o Judiciário. O povo habilmente governado ainda continuará ligado nos assuntos de sempre: bolsa-família, inflação, auxílio-desemprego, saúde, educação, moradia e segurança.
Digamos, ainda mais, que o Brasil importe 6.000 médicos cubanos, aí incluídas algumas centenas de agentes da inteligência castrista; que o MST consiga impor sua autoridade no campo e a CUT consiga mobilizar os operários, todos em defesa da democracia do partido único, da abolição da propriedade privada, do sigilo postal e telegráfico, da liberdade de imprensa e do direito de ir e vir; e que o julgamento do “mensalão” acabe em “pizza”. O povo habilmente governado começará a desconfiar, mas talvez ainda continue ligado nos assuntos de sempre: bolsa-família, inflação, auxílio-desemprego, saúde, educação, moradia e segurança.
É bem verdade que o Brasil não se resume a Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e outros grandes centros reféns da corrupção política e de sua madrasta, a propaganda governamental. Contudo, embora o povo brasileiro resida e trabalhe em milhares de municípios, não é possível negar que na maioria deles a mídia governista se impõe.
Nas escolas e universidades, nossas crianças e nossos jovens estão aprendendo uma nova História do Brasil, na qual a teoria do contraditório, explorada nos casos de Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel Castro, Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un, entre muitos outros sanguinários ditadores, não se aplica aos militares brasileiros, responsáveis pela morte de inocentes e obstinados heróis como Lamarca, Grabois, Marighela e Prestes.
Em abril de 1964, eu tinha dezenove anos e era cadete da AMAN. Já possuía maturidade suficiente para entender o significado da expressão “guerra fria”, perceber o que acontecia no país em termos de corrupção e julgar as intenções dos que se opunham ao movimento do qual eu participava. Nos quarenta anos seguintes, confirmei os votos feitos em 1964. Neste período, como militar da ativa e da reserva, percorri todo o meu país, convivendo com pobres e ricos, mas nunca encontrei alguém que sequer tivesse tentado convencer-me de que aqueles jovens defendiam a democracia. Mas ainda era um anticomunista “por formação”.
Nos anos de 1990/91, fui testemunha ocular dos três maiores eventos políticos do século XX, o término, de fato, da Segunda Guerra Mundial, a reunificação da Alemanha e a dissolução da União Soviética, e tornei-me um anticomunista “por convicção”. Lá, eles aprenderam que todos os que nasceram e cresceram sob a tutela do marxismo-leninismo são “inaproveitáveis” para a democracia, como vítimas de uma cruel lavagem cerebral. Aqui, os jovens adultos dos anos 80/90, igualmente vítimas da propaganda esquerdista, fazem de conta que não presenciaram a campanha em prol da “anistia ampla, total e irrestrita”, mas não se esquecem das “diretas já!”.
Seja como for, estou entre os que acreditam que haverá uma outra opção, pois o nosso povo não se identifica com o ideário comunista, ama a liberdade, gosta de dizer o que pensa e não aceita o “dedo-duro”. E acredito sobretudo porque, no Brasil, o Partido dos Trabalhadores, a mais autêntica réplica do Partido Nazista alemão, o NSDAP, e fiel herdeiro das tradições de Stalin, Hitler e Mussolini, felizmente chegou ao poder antes da hora, haja vista que a maioria dos brasileiros nascidos entre 1940 e 1960, vacinada contra o nazismo e o comunismo, ainda está viva. Os mais novos têm hoje 53 anos; em 1974, já cursavam o ginásio.
Ainda que o governo se mantenha no poder por mais quatro ou oito anos, este tempo não será suficiente para consolidar, por vias legais, ainda que ilegítimas, o processo evolutivo destinado a introduzir o vermelho entre as cores nacionais (como na logomarca da Copa de 2014, no carimbo que a Polícia Federal vem colocando nos passaportes dos turistas que deixam o nosso país e nas imagens projetadas como fundo das declarações de um dos nossos ministros, ao discorrer sobre a nova lei que regula o emprego doméstico), a acrescentar a foice e o martelo à nossa bandeira e a transformar o Brasil em República Popular Democrática.
Entretanto, num país onde a ambição dos políticos não tem limites, é possível que as nossas lideranças, amparadas numa invejável e forjada popularidade, tentem adiantar o relógio da História, esquecendo ou subestimando o refrão tantas vezes por elas mesmas repetido: “É preciso lembrar, para que não se repita!”
Só espero que as consequentes ações ou reações ocorram também em um 31 de março, para que jamais sejam esquecidas. Caso aconteçam, estou certo de que, aonde quer que estejamos, teremos o prazer de dizer, entre risos ou lágrimas: “PERDEU,TIA!”

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