Na minha cidade natal,
o Rio de Janeiro, o título acima é a frase utilizada pelo assaltante ao informar
o assalto. Neste caso, a expropriação dos bens de uma senhorita, senhora ou
mulher idosa, hoje também chamada de “senhorinha”, que pode até se transformar
em latrocínio.
Por analogia, a expressão costuma se aplicar a qualquer caso
em que uma pessoa, “tia” ou “tio”, tenha sido frustrada nas suas expectativas ou
derrotada em algo que se propôs a fazer.
Nesses termos, dedico a presente
crônica aos democratas autênticos, aqueles que se identificam com os princípios
adotados em países como a França, a Inglaterra, a Itália, a Alemanha e os
Estados Unidos da América; que repudiam os princípios adotados na extinta
República Democrática da Alemanha e na atual República Popular Democrática da
Coreia do Norte; e que agora se mostram indignados ou temerosos com os rumos
adotados pelo governo da nossa presidente, a “tia” Dilma Roussef.
Não se
trata de defender a “reação democrática” ou qualquer outra ideia que sintetize o
ocorrido no Brasil em 31 de março de 1964, mas tão-somente de comentar as
consequências de uma segunda e fragorosa derrota da esquerda brasileira.
A
primeira ocorreu em 1935, nunca foi contestada e continua a ser comemorada pelos
vencedores, mas é possível que brevemente venha a ser censurada. Na segunda,
ocorrida em 1964, a derrota vem sendo transformada pelos vencidos em vitória da
democracia, e boa parte dos vencedores foi proibida de comemorá-la.
Os que
optaram, naqueles idos, pela luta armada, estão hoje no poder, e acham que
perderam uma batalha, mas estão vencendo a guerra. Enganam-se. Estão apenas
vencendo uma outra batalha.
Ainda é cedo para prever a decisão da guerra.
Para começar, quem quiser fazê-lo terá de aguardar o desfecho de dois eventos: a
Comissão da Verdade e as eleições presidenciais de 2014. Não sei se estarei vivo
para assistir, porém ouso fazer um prognóstico.
Digamos que Lula consiga
escapar das denúncias do Sr. Marcos Valério e do processo movido contra a sua
suposta ex-amante, a Sra. Rosemary Noronha (o que não passa de uma farsa
eleitoreira destinada a promover quem mandou investigá-la), que a Sra. Dilma
seja reeleita e que a Comissão da Verdade consiga a tal “catarse”. O povo
habilmente governado continuará ligado nos assuntos de sempre: bolsa-família,
inflação, auxílio-desemprego, saúde, educação, moradia e segurança.
Digamos
que, respaldados pela mídia, aproveitando o êxito na política e a ingenuidade ou
a omissão da maioria, os que detêm o poder consigam, através de artifícios
legais ou administrativos e alianças internacionais, neutralizar a capacidade de
reação das outras duas instituições responsáveis pelos nossos destinos, o
Congresso e o Judiciário. O povo habilmente governado ainda continuará ligado
nos assuntos de sempre: bolsa-família, inflação, auxílio-desemprego, saúde,
educação, moradia e segurança.
Digamos, ainda mais, que o Brasil importe
6.000 médicos cubanos, aí incluídas algumas centenas de agentes da inteligência
castrista; que o MST consiga impor sua autoridade no campo e a CUT consiga
mobilizar os operários, todos em defesa da democracia do partido único, da
abolição da propriedade privada, do sigilo postal e telegráfico, da liberdade de
imprensa e do direito de ir e vir; e que o julgamento do “mensalão” acabe em
“pizza”. O povo habilmente governado começará a desconfiar, mas talvez ainda
continue ligado nos assuntos de sempre: bolsa-família, inflação,
auxílio-desemprego, saúde, educação, moradia e segurança.
É bem verdade que
o Brasil não se resume a Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife,
Porto Alegre e outros grandes centros reféns da corrupção política e de sua
madrasta, a propaganda governamental. Contudo, embora o povo brasileiro resida e
trabalhe em milhares de municípios, não é possível negar que na maioria deles a
mídia governista se impõe.
Nas escolas e universidades, nossas crianças e
nossos jovens estão aprendendo uma nova História do Brasil, na qual a teoria do
contraditório, explorada nos casos de Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel Castro, Kim
Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un, entre muitos outros sanguinários ditadores,
não se aplica aos militares brasileiros, responsáveis pela morte de inocentes e
obstinados heróis como Lamarca, Grabois, Marighela e Prestes.
Em abril de
1964, eu tinha dezenove anos e era cadete da AMAN. Já possuía maturidade
suficiente para entender o significado da expressão “guerra fria”, perceber o
que acontecia no país em termos de corrupção e julgar as intenções dos que se
opunham ao movimento do qual eu participava. Nos quarenta anos seguintes,
confirmei os votos feitos em 1964. Neste período, como militar da ativa e da
reserva, percorri todo o meu país, convivendo com pobres e ricos, mas nunca
encontrei alguém que sequer tivesse tentado convencer-me de que aqueles jovens
defendiam a democracia. Mas ainda era um anticomunista “por formação”.
Nos
anos de 1990/91, fui testemunha ocular dos três maiores eventos políticos do
século XX, o término, de fato, da Segunda Guerra Mundial, a reunificação da
Alemanha e a dissolução da União Soviética, e tornei-me um anticomunista “por
convicção”. Lá, eles aprenderam que todos os que nasceram e cresceram sob a
tutela do marxismo-leninismo são “inaproveitáveis” para a democracia, como
vítimas de uma cruel lavagem cerebral. Aqui, os jovens adultos dos anos 80/90,
igualmente vítimas da propaganda esquerdista, fazem de conta que não
presenciaram a campanha em prol da “anistia ampla, total e irrestrita”, mas não
se esquecem das “diretas já!”.
Seja como for, estou entre os que acreditam
que haverá uma outra opção, pois o nosso povo não se identifica com o ideário
comunista, ama a liberdade, gosta de dizer o que pensa e não aceita o
“dedo-duro”. E acredito sobretudo porque, no Brasil, o Partido dos
Trabalhadores, a mais autêntica réplica do Partido Nazista alemão, o NSDAP, e
fiel herdeiro das tradições de Stalin, Hitler e Mussolini, felizmente chegou ao
poder antes da hora, haja vista que a maioria dos brasileiros nascidos entre
1940 e 1960, vacinada contra o nazismo e o comunismo, ainda está viva. Os mais
novos têm hoje 53 anos; em 1974, já cursavam o ginásio.
Ainda que o governo
se mantenha no poder por mais quatro ou oito anos, este tempo não será
suficiente para consolidar, por vias legais, ainda que ilegítimas, o processo
evolutivo destinado a introduzir o vermelho entre as cores nacionais (como na
logomarca da Copa de 2014, no carimbo que a Polícia Federal vem colocando nos
passaportes dos turistas que deixam o nosso país e nas imagens projetadas como
fundo das declarações de um dos nossos ministros, ao discorrer sobre a nova lei
que regula o emprego doméstico), a acrescentar a foice e o martelo à nossa
bandeira e a transformar o Brasil em República Popular
Democrática.
Entretanto, num país onde a ambição dos políticos não tem
limites, é possível que as nossas lideranças, amparadas numa invejável e forjada
popularidade, tentem adiantar o relógio da História, esquecendo ou subestimando
o refrão tantas vezes por elas mesmas repetido: “É preciso lembrar, para que não
se repita!”
Só espero que as consequentes ações ou reações ocorram também em
um 31 de março, para que jamais sejam esquecidas. Caso aconteçam, estou certo de
que, aonde quer que estejamos, teremos o prazer de dizer, entre risos ou
lágrimas: “PERDEU,TIA!”
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