“A impunidade é segura quando a
cumplicidade é geral.”
MARQUÊS DE MARICÁ (1773-1848)
Waldo Luís Viana*
O país apodrece a olhos vistos e ninguém tem peito de denunciar o fato.
O Estado aparelhado, com a pletora de ministérios, cargos de confiança (22 mil)
e pool de partidos corruptos dá os últimos vagidos. A falsa gerentona caminha
claudicante sem plano de governo definido, tapando os buracos plenos que a era
petista criou.
A inflação voltou e o país não pode entrar em recessão porque ela quer
se reeleger, antecipando o pleito em todos os seus passos populistas. Todos
sabem que medidas econômicas e políticas impopulares têm que ser aplicadas, mas
não serão.
O Brasil precisa de reformas urgentes, política, administrativa,
tributária e de gestão federativa, que obviamente serão adiadas, porque é
importante confirmar a urna para os petistas. É um país rifado para garantir a
próxima eleição.
Não importam as sucessivas tragédias vividas aqui, como a seca
interminável, as chuvas poderosas derrubando encostas e ceifando vidas de
pobres e mutimiseráveis, a insegurança nas cidades, as estradas destruídas, os
portos ineptos, contanto que se garantam os delírios das empreiteiras. Afinal
são elas que depositarão o numerário requerido para o próximo pleito, a gostosa
“caixinha”...
Os empresários privados, acostumados a lotear o Estado para os seus
interesses, não querem mais investir o próprio dinheiro sem a anuência do
BNDES, a prostituta do capitalismo petista, sempre pronto a escamotear a
desindustrialização flagrante, montada há dez anos.
A PETROBRÁS, joia da coroa no governo, caiu em prantos, em meio ao
descalabro a que foi submetida. É uma empresa de petróleo em decadência,
sofrendo de processos de acionistas menores em Nova Iorque e com estratégias de
desmobilização de patrimônio para pagar dívidas e falsos projetos populistas
que não deram certo. É uma empresa aparelhada pela pelegada vadia, que teima em
destruir tudo na República. São os cupins do fracasso, esfrangalhando tudo,
principalmente o orgulho dos brasileiros. Os petroleiros, outrora ufanistas,
nem têm mais participação nos lucros, porque estes sumiram da sua genitora.
Para nos divertir, o governo Dilma acena com comissões da verdade,
apologia dos gays, da prostituição midiática e outras prestidigitações
gramcistas, capazes de destruir os valores cristãos, tutelares da
nacionalidade, em nome de uma desestruturação da educação e da cultura por
dentro, mediante apologia de cantores mortos sob overdose, duplas caipiras e
funkeiros que amam a bandidagem. A mesma que assola as cidades, desfeiteando a
polícia cúmplice e as autoridades que sempre dizem que vão trazer de volta a
calma aos cidadãos sofridos.
Impostos escorchantes, que esmagam qualquer revolta contra a derrama
civil, financiam cartões corporativos, verbas secretas e as mutretas em viagens
ao exterior, com depósitos de dinheiro sonante em paraísos fiscais e mordomias
principescas em viagens presidenciais.
Aqui dentro, temos hospitais sucateados, praticamente destruídos,
estuprando a Constituição, que também não é obedecida quanto ao problema
crônico da educação. Por que os políticos não educam seus filhos nas escolas
públicas e não colocam parentes em hospitais do Estado? Você sabe bem a
resposta...
Mas temos Copa do Mundo e Olimpíada, não é? Os empreiteiros vão cobrar
suas taxas de urgência superfaturadas, sobrando aquela graninha, em mala preta,
para os políticos se reelegerem. A máquina pública a mercê dos donos do país,
que privatizam o Estado para distribuir benesses a seu ventríloquos no
Congresso e na máquina executiva, sangra a olhos vistos e pede socorro. Aí
surge a inflação e descontroles como uma dívida interna impagável e projetos
mal gerenciados, como as ridículas iniciativas de crescimento, que todos sabem
onde vão dar...
No orçamento público, porém, ficam congeladas as benesses para pagamento
da dívida e superávit primário, que consomem 42% de toda a peça, demonstrando
que um governo pretensamente esquerdista e nacionalista cumpre rigorosamente –
e com habitual descaramento – todos os compromissos com as agências
multilaterais do exterior. E quem não elogiaria um governo que remete 167
bilhões de dólares/ano para os agentes da finança internacional?
E o mais interessante é que se fala que a miséria se extinguiu, porque
nossas agências estatísticas dizem que é classe média quem recebe mais de 271
reais por mês. Quer dizer, torna-se classe média quem fatura 130 dólares,
enquanto para padrões norte-americanos é pobre quem recebe mensalmente cerca de
1.500 dólares! Vale dizer, tentamos nos nivelar por baixo, em padrões de
economias de quarto mundo!
Essas distorções não são discutidas pela mídia toda comprada pelas
verbas publicitárias e bônus de volume. Afinal, todos têm que sobreviver e é
impossível discutir o país em universidades, centrais sindicais e organizações
estudantis, caladas pelo vil metal que amamentam seus dirigentes “aliados”. Tal
prodigalidade é garantida pelo que recolhe a Receita Federal, cuja sanha
arrecadadora todos conhecem na pele.
Então o que nos sobra. Espernear, reclamar com o bispo ou utilizar a
lentidão de tartaruga do Poder Judiciário? Não, o brasileiro não reclama,
porque sempre espera que um otário dê a cara a tapa na frente do rebanho. O
brasileiro é o espertinho do bolsa-família, sequioso pela espórtula da cachaça.
E fazendo filho a torto e a direito para garantir as benesses cumulativas da
preguiça. Nesse sentido, o governo constituiu o Macunaíma como símbolo
nacional: sem nenhum caráter e não querendo fazer nada...
Eu menino ouvia de meus pais, que não me ensinaram a roubar, que Deus
ajuda a quem cedo madruga. Na era petista temos, ao contrário, a entronização
da segunda lei da termodinâmica: o país entra em entropia, em desorganização
completa, rumo à energia zero, porque o universo é preguiçoso e o nosso governo
também.
Pobre país, pobre povo, a espera do dilúvio fecal...
_____
*Waldo Luís Viana é escritor, economista e poeta, esperando o conserto
das coisas no desconcerto do mundo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário