03 de maio de 2013 | 2h 06
Parece um absurdo, mas, infelizmente, não é. O PT,
fiel às suas origens golpistas, novamente tentou melar o jogo democrático.
Explica-se: os radicais da agremiação acabam de agir novamente contra as nossas
instituições. E estão aprendendo a fazê-lo de maneira cada vez mais sutil. Creio
não estar sendo um paranoico ao afirmar, com veemência, que tudo o que nós
conquistamos em termos de liberdade e direitos individuais, nas últimas décadas,
quase desmoronou em razão de manobras nos bastidores do malfadado partido da
estrela vermelha.
É triste constatar que, com tanto tempo na estrada,
os petistas ainda não sabem mudar de ideia nem querem mudar de assunto. Eles
continuam tentando moldar a realidade com o fim de que ela se enquadre no perfil
e nos postulados que, segundo eles, são os mais justos para a Nação.
Como disse Trotsky certa vez, a verdade não existe.
Verdadeiro, mesmo, é somente aquilo que o Partido Comunista dessa forma entende.
A revolução haverá de se cumprir, afirmavam os seus profetas, com, sem ou apesar
de seus opositores. Eu não imaginava que gente com tais convicções ainda
existisse. Pois não só existe, como também traz na boca um certo hálito de
sangue. Algo que só se encontra em animais carnívoros.
A última ofensiva dessa autêntica "quadrilha" se deu
por causa do julgamento dos réus da Ação Penal 470, o famigerado mensalão. Os
ministros do Supremo Tribunal Federal foram duros com os principais mentores do
esquema. Apesar de as penas, sob a ótica da opinião pública, terem sido brandas
demais, aos olhos dos condenados, ao contrário, elas se revestiram de uma rudeza
insuportável. Nos casos específicos de José Dirceu e de José Genoino - que
deverão passar um bom período no calabouço -, as sentenças soaram como um
provocação. Afinal, que legitimidade têm esses ministros togados - no entender
deles, claro - para ousarem condenar ao que quer que seja dois verdadeiros
heróis das causas populares, gente que pela "causa justa" arriscou a própria
vida?
Pois foi esse clima de inconformismo e animosidade
que levou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados a
aprovar a admissibilidade do projeto de teor mais golpista desde a
redemocratização do Brasil. Como é sabido, as chances de tamanha excrescência
jurídica vir a se tornar realidade são remotas. Mas fica registrado o alarme: à
menor contrariedade, eles se mostram dispostos a "pegar em armas",
novamente.
O regime democrático somente lhes convinha no início,
enquanto ainda eram fracos. Nas décadas de 1980 e 1990, eles eram os campeões da
moralidade (quem não se lembra disso?). Depois que chegaram ao poder, os falsos
pudores foram deixados de lado. Hoje o que prevalece é o MMA, cujas regras são
de fácil compreensão: entram dois no ringue e de lá só pode sair um.
E por que insisto num tema que ocupou as manchetes
apenas durante a semana passada? Porque ele é e sempre será motivo para
preocupação. Há muita gente por aqui - leia-se petistas - que se mantém cética
em relação à democracia e às suas necessárias instituições. E como tal
barbaridade foi possível? Simples: por intermédio de uma maioria artificialmente
forjada na composição da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara se
pretendeu, por alguns momentos, implodir uma das cláusulas pétreas da nossa
Constituição e - quem sabe? - transformar o Brasil de vez numa republiqueta de
bananas, aos moldes da Cuba dos irmãos Castro.
A CCJ aprovou, em primeira votação, uma proposta de
emenda constitucional, a PEC 33, pela qual todas as decisões da nossa Suprema
Corte, antes de valerem de verdade, terão de ser referendadas pelo Congresso
Nacional. Ou seja, a partir dessa emenda, se vier a ser sacramentado o que ela
dispõe, é o Parlamento que decidirá sobre tudo em nosso país. Nem a ditadura
Vargas nem os governos militares ousaram concentrar tanto poder. E para quê?
Sabe-se lá... Talvez para realizar o sonho de muitos companheiros de,
finalmente, instaurar no Brasil uma autêntica ditadura do
proletariado.
A questão é a seguinte: eles acham que sabem, em
pormenores, tudo de que o povo precisa. Só que o povo, infelizmente, ainda não.
É por isso que a ditadura se faz tão necessária. Durante o período de transição,
com certeza, haverá falta de todo tipo de alimentos, que abrangerá do pão ao
feijão. E o povo com fome parece que não consegue raciocinar direito. Logo
começa a pensar que a revolução não deu certo. Daí a rebelar-se será apenas um
passo...
Já deu para perceber que os marxistas típicos têm por
hábito raciocinar na contramão do que nós entendemos por bom senso. A resposta
de Trotsky àqueles que desejavam "fritá-lo" durante a reunião do XIII Congresso
partidário, sob a acusação de "desvios pequeno-burgueses", demonstra isso de
forma magistral: ele não só dominava o exercício da dialética, como sabia
valer-se dela com a habilidade de um esgrimista para se safar de situações
incômodas. O texto a seguir é uma eloquente amostra de seu talento: "Camaradas,
nenhum de nós deseja estar certo, ou pode estar certo, contra o Partido. Em
última análise, o Partido está sempre certo, porque é único instrumento
histórico que a classe trabalhadora tem (...). Só podemos ter razão com o
Partido e através do Partido, porque a História não criou nenhuma outra forma
para a realização do nosso direito".
Se tentarmos resumir o cerne do pensamento dialético,
chegaremos às seguintes conclusões: 1) O que é não é; 2) o que não é, no fundo,
é; 3) e quanto ao mais, tudo pode vir a ser. Entendendo isso, ninguém se
surpreende com capacidade dessa gente de distorcer a História a seu
favor.
Eles são inocentes. Culpados somos todos nós que já
acreditamos neles.
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