Continencia

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Porque Tenho Vergonha de Ser Brasileiro!


Já fui ufanista de primeira linha, acreditava piamente no Brasil Grande
Fui entusiasta de tudo que tinha a marca nacional e num futuro país gigante
Que nosso gigante que era adormecido havia afinal despertado do sono
E que as coisas que o povo havia desistido haveriam afinal deixar de ser sonho
As estradas rasgando todo o interior e as novas hidrelétricas gerando a energia
Tirando o país de seu velho torpor e levando nossa gente a abandonar a letargia
Ponte Rio Niterói, Tucuruí, Itaipu, Transamazônica, eram todas obras colossais
Que nos deixavam com orgulho e plena convicção que o atraso ficara pra trás
O antigo complexo de Jeca Tatú era coisa que parecia relegado às calendas
No campo dava soja, criava-se zebu, o nosso progresso contrariava as lendas
Lendas que diziam não termos petróleo e nem terras férteis em nossos cerrados
Criamos do açúcar a alternativa ao óleo e nossas colheitas nos deixavam animados
Crescimento na faixa de 16 por cento com emprego pleno e bem remunerado
Povo orgulhoso, na indústria só aumento, oitava economia de um país iluminado
Havia civismo, muito patriotismo, nas escolas se ensinavam valores elevados
Erguia-se garboso nosso pavilhão e os cantos exaltavam nossos vultos sagrados
Só cometemos um erro grosseiro que teria grave impacto no futuro da nação
Deixamos de investir maciçamente no mais importante de tudo – a área da educação
Todavia, novos rumos foram sendo traçados em nome do que se chama democracia
O que é natural, pois o povo é sagrado e em seu nome aquela deve ser exercida
No entanto, que estranho, o novo ungido sequer chegou a ter assumido
E um jagunço maranhense tomou o lugar do presidente recém-falecido
Aí começou um novo período e a ganância por cargos chegava à irracionalidade
As goelas famintas, as brigas por migalhas e a volúpia despida de qualquer moralidade
E o Brasil tão garboso com um futuro -esperava-se grandioso- foi descendo a ladeira
Planos econômicos mirabolantes, uma inflação galopante e a partir daí a desgraceira
Um substituto jovem “caçador de marajá” se encarregou de acabar com as nossas esperanças
Eram mutretas sem fim, supositórios de cocaína, pajelanças lá na Dinda e infinitas lambanças
Enfim, depois de tantas confusões, tramoias e acusações até de seu próprio irmão
Caiu de podre a “República das Alagoas” de forma melancólica e desprezo do povão
Aí assumiu o vice do “topete” que ao menos manteve no cargo alguma liturgia
Com uma equipe notável de economistas, enfim no Brasil uma moeda decente surgia
Surfando no Plano Real FHC se elegeu e começou no Brasil uma imensa “privataria”
Isso porque havia chicanas em favor de alguns “eleitos” e a coisa enveredou pela putaria
Vendia-se todo e qualquer bem público por um preço aviltado e imoral
Sob o argumento canalha que “o importante é manter a maioria nacional”
Os homens do PSDB eram cultos, elegantes, nutrindo pelos “milicos” um ódio visceral
Nosso salário aviltado, o material sucateado e nós padecendo calados apesar de todo o mal
O ministro do exército, um anão de corpo e moral usava suas funções de maneira desvairada
O imoral Zoroastro favorecia seu “peixes” dando-lhes “bocas ricas” e pro resto era porrada
Começou uma louca orgia de milionárias indenizações para ex-guerrilheiros comunistas
E aos militares que impediram a comunização restou apenas a pecha de serem fascistas
Após todo esse período onde se comprou no Congresso uma espúria reeleição
Sofremos mais quatro anos de aperto, sempre sofridos e com o pires na mão
De repente, uma novidade! Surgia uma nova esperança com um partido proletário
Que prometia de tudo: dignidade, probidade, honradez e pra todos bom salário
A figura de seu líder outrora um sapo barbudo que bradava e a massa assustava
Agora aparecia como o “Lulinha Paz e Amor” que a quase todos cativava
Mais uma vez nos agarramos na esperança de que o “a paz havia vencido o medo”
Que engano – os novos salafrários trataram de provar o contrário bem cedo
Empurraram seus sicários em todos os cargos públicos com avidez e sem pudor
Multiplicando cargos comissionados em todas as áreas—nunca se viu tal furor
O dinheiro público passou a não ter mais dono, sendo usado a bel prazer
E o sapo barbudo quadrilheiro mostrou enfim ao país o que veio fazer
Beberrão e apedeuta, criou cestas, montou farsas e inventou o “mensalão”
Comprando quase todo o Congresso para impor seus desvarios à nação
Lula gatuno, mentiroso, pusilânime, cachaceiro, putanheiro e boquirroto
É o modelo perfeito e acabado do que pode haver de mais escroto,
Bonifrate das figuras mais execradas do mundo fica jogando o seu fel
Em cima dos “pobres” yankees, já que admira Chávez, Morales e Fidel
Comanda uma turba pesada que pratica tudo de mais abominável
Assassinatos, invasões, depredações – enfim, tudo de execrável
Piranhas famintas por verbas, uma massa ordinária, que se dizia proletária
Não tem limites pras merdas que impõem à massa ignara de forma salafrária
E a classe média explorada nunca pagou tanto imposto para saldar essa conta
Cestas que a classe baixa ignorante foi comprada pelo farsante nesse louco faz de conta
O povão prostitui-se por todo tipo de cesta, tal como uma besta que corre atrás da cenoura
E eles, os ex proletários? Hoje viraram burgueses e estão todos muito endinheirados
Milionários, nem escondem a montanha de dinheiro conseguida em negócios safados
É tanta negociata que nem se pode contar, um escândalo por dia nem vale a pena falar
E ao nosso Brasil, coitado, só resta chorar um triste fim de quem sabe que vai quebrar
Quando a classe média revoltada com toda essa patifaria foi para as ruas protestar
A canalha mandou um bando de “black blocs” para o movimento desmoralizar
E hoje? O que temos nós? Qual o rescaldo de tudo?
É, meus amigos, é um tempo muito bicudo
A classe média acuada não sabe mais o que fazer
Falta um líder de valor para algum plano lhes trazer
E com a moralidade? Ninguém mais tem compromisso
Os valores familiares? O povão já nem liga pra isso
Um povo ignorante que prefere do governo esmolar
Do que se sustentar aprendendo a trabalhar
Os professores nas escolas pelos alunos afrontados
Sequer podem reprovar e vivem amedrontados
As mães não ligam se os filhos tem as notas de um jegue
Só interessa a frequência – assim a bolsa ela recebe
O garoto vai seguindo ainda que esteja em tudo mal
Para se formar com louvor um analfabeto funcional
E o que falar da saúde? É o mais total desrespeito
Com pacientes no chão porque não há sequer um leito
Faltam médicos, enfermeiras e qualquer medicamento
Para as famílias atingidas só resta o atroz sofrimento
A moral no comportamento também despencou toda vida
Com as meninas em tenra idade fazendo o que até Deus duvida
Mandam fotos no WhatsApp totalmente desinibidas
Para os garotos que estão “a fim” - e sim, todas despidas
A tal da Vênus Platinada tem culpa nessa perdição
Mostrando em suas novelas uma louca “pegação”
É beijo gay para lá, um avô pai do filho de seu filho pra cá
Casais desfeitos porque a mulher preferiu virar homossexual
Com toda essa surubada apresentada como coisa normal
E no tal do “Big Brother”? Lá, todo mundo come – e dá
Exposição de corpos seminus como se fora uma vitrine
Bandalheira permanente de quem nada mais exprime
Ganhar a vida com estudo passou a ser uma exceção
Trabalhar um corpo sarado hoje causa mais sensação
Além disso dá um melhor retorno financeiro
Pois a Playboy geralmente paga bom dinheiro
Assim, em vez de trabalhar com ciência profunda
Ficou bem mais rentável possuir uma boa bunda
Não sou de jeito nenhum um modelo de grandes virtudes
Mas já passaram das medidas todas essas atitudes
Orgulho é ser capaz de fazer algo notável – sempre pensei
Mas hoje se orgulham de queimar rosca e gritar: “sou gay”!
O garoto no metrô sentado no banco dos preferenciais
Pode ver um velho de idade provecta – não levanta jamais
Acha mais confortável fingir que esta a dormitar
Que ter a dignidade de ser civilizado e levantar
As vagas nos shoppings destinadas a cadeirantes
São ocupadas por jovens com seus UVs possantes
Não existe mais local que possa se dizer protegido
Assaltos ocorrem em qualquer lugar -tudo é zona de perigo
Passeatas em protesto por morte de traficante
É coisa corriqueira e cada vez mais constante
Ruas interditadas, quebradeira e pneus carbonizados
Mulheres e crianças imoladas em ônibus queimados
O bandido pode assaltar, estuprar e até polícia matar
Mas se o policial revidar? Os direitos humanos vão atacar
É uma inversão imbecil de tudo que pode ser perfeito
Pois direitos humanos é apenas para humanos direitos
E a canalha esquerdista orquestrando essa barulheira
Total falta de respeito, vale tudo, qualquer bandalheira
Em 31 de março do ano 2013, na porta do clube militar
Um pivete agitador ousou no rosto de um ancião escarrar
O homem com 92 anos, outrora um respeitado general
Passou por essa afronta que deve ter lhe causado imenso mal
Brasileiro ainda é mal-educado, desrespeitoso e iconoclasta
Que sem qualquer pejo pra lama nossos grandes vultos arrasta
É um povo sem memória, sem civismo e não ativo
Sem vergonha, clientelista, corrupto e muito passivo
Com essa atitude bovina vai seguindo a sua vidinha
Conformado com as migalhas de sua existência mesquinha
Nossos índices de criminalidade superam países em guerra
150 assassinatos por dia – fora os corpos que não se enterra
Hoje somos o motivo de galhofa para todo o mundo
Conhecidos como estereotipo de povo ladrão e vagabundo
Nosso maior artigo de exportação pro exterior
São travestis que infestam a Europa – um horror!
Se em Hollywood se faz um filme com ladrão bem sucedido
Pode contar: seu destino é o Brasil, para poder ser admitido
Assim, com imensa tristeza eu lhes falo: “cansei”!
Desse povo ignoto que sequer respeita a lei
Que pena! Nosso Brasil é um país tão lindo
Praias maravilhosas, matas verdes e céu azul infindo
Não sofremos terremotos, tsunamis ou tufões
Mas somos, certamente, um povinho de anões
Anões na moralidade e das coisas mais sagradas
Anões que compactuam com a coisas mais safadas
Quisera ganhar na loteria para levar minha família
Para um pais decente que dispensasse vigília
Onde pudéssemos sair na madrugada tranquilos
Passear pelos parques observando os esquilos
Onde a criminalidade fosse algo quase inexistente
E onde meus netinhos aprendessem valores decentes
Infelizmente estou velho e já me sinto incapaz
De fazer alguma loucura contra isso – me falta gás
Assim, espero em breve atingir meu objetivo
Partir desse país, fugir desse povo apodrecido
Desculpem minha catarse, pois muito me alonguei
Mas é com imensa tristeza que nessas linhas versei
Bye, bye, Brasil, espero poder dizer em breve
Quero terminar meus dias com uma vida mais leve
Saint-Clair Paes Leme – filósofo de botequim pé-sujo.

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