Continencia

Continencia
Caserna

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Mensagem à Jornalista Mirian Leitão


Sra Jornalista Mirian Leitão

Paulo Chagas (*)

Assisti, há pouco, sua entrevista com o Ministro Celso Amorim, da Defesa. Não fui surpreendido por seus objetivos, sempre destrutivos, quando se trata da imagem das Forças Armadas.

A Sra, desta feita, usa como mote as respostas das Forças às demandas da Comissão da Verdade, a respeito de atividades repressivas ao terrorismo realizadas em instalações militares, no período da “luta armada”.

Eu, ao discordar das suas posições, exerço o direito de transmitir-lhe e de divulgar minha opinião crítica sobre o conteúdo da sua conversa com o Sr Ministro.
 
Inicio, lembrando-a de que estávamos, efetivamente, em guerra e que as instalações militares, em quaisquer circunstâncias, servem para albergar recursos humanos e materiais destinados à guerra, bem como para preparar contingentes para que nela sejam empregados!
 
No tipo de guerra (Terrorismo) que se travava no Brasil, iniciada por uma minoria de comunistas inconformados com a rejeição de seus planos pela sociedade, os quartéis foram atacados, agregando-lhes a condição de “praças de guerra”.

No combate ao terrorismo cresce de importância a atividade de inteligência e esta pode e deve ser executada nos quartéis. Portanto, não há ou houve desvio de finalidade dessas instalações no período em que vivíamos em ambiente de guerra.

Simples e justificável, não lhe parece?

Em outro ponto de sua entrevista a Sra insiste na divisão das Forças em “de hoje” e “de ontem”. Para, definitivamente, livrá-la desse pensamento, sugiro-lhe um rápido passeio pela história das nossas FFAA, a Sra poderá constatar  que os Militares, desde Guararapes até o "Alemão" e a “Maré”, carregam e continuarão a carregar a herança de feitos e que os mesmos não pertencem ao passado ou aos que lá estiveram naqueles momentos, mas a todos os militares, de ontem, de hoje e de amanhã, porque são heranças de honra, de glória e de responsabilidade!
 
Cara Sra Mirian, o que está feito não pode ser mudado e pertence a todos os militares.  Não há como apagar a história nem há como fugir à responsabilidade sem que os soldados deixem de ser eles mesmos. Não há ordem ou desconforto, de quem quer que seja, que os possa fazer esquecer ou ser menos responsáveis ou orgulhosos dos feitos e fatos que compõem a sua história, sob pena de terem que abdicar do orgulho de serem Militares Brasileiros!

Os militares não têm comemorado, ostensivamente, o 31 de Março porque são disciplinados e cumprem as ordens consideradas pelos Comandantes como compatíveis com os limites da autoridade das pessoas que as emitem, mas isto não significa que tenham qualquer arrependimento da atitude que tomaram naquela data, sob aclamação maciça da Nação, nem tampouco que não se orgulhem da derrota que impuseram aos terroristas.

Certamente que aí não se incluem os excessos que eventualmente tenham sido cometidos sem a justificativa do interesse maior da segurança coletiva.

Escarafunchar, desta forma, num passado de meio século, além de perda de tempo, é desconsideração e descaso para com a totalidade dos brasileiros honestos, pacíficos e trabalhadores que, hoje, são torturados e mortos diuturnamente pela insegurança em todos os setores da vida pública e privada sob a responsabilidade do Estado, inclusive no que se refere à própria Defesa Nacional!

A Sra observou muito bem na entrevista que as FFAA têm sido chamadas em demasia para acudir a Nação. É verdade, mas em um país governado por falsos profetas, corruptos, demagogos e incompetentes, só os militares, mantidos à distância da contaminação, são confiáveis a qualquer hora, para quaisquer missões emanadas de qualquer dos poderes constitucionais.

Antes de terminar, Sra Jornalista Mirian Leitão, informo-lhe que, nos  Colégios e nas Escolas Militares, modelos de ensino para o Brasil e para o mundo todo, pratica-se não só a verdade, mas a  honestidade, a probidade, a lealdade e a responsabilidade, portanto, não há ranço, vontade ou anseio autoritário que possa impor-lhes versões da história!

Finalizando, devo, ainda, dizer-lhe que pedido de desculpas é devido por quem deve, não por quem tem crédito, e, copiando a voz do povo, nas ruas e nos estádios, com a censura que me impõe a educação familiar e militar, eu lhe digo: “Ei, Dona Mirian, vá rever os seus valores”!

Respeitosamente,

(*) Gen Bda Paulo Chagas

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Nossas Escolas


R. Penny *, publicado no Instituto Liberal

O relato pessoal de um professor de História da prefeitura de São Paulo que revela o caos e o domínio esquerdista na educação pública brasileira
Sou professor concursado. Funcionário público. Tenho estabilidade e só posso ser exonerado se aprontar algo cataclísmico. Recebo rigorosamente em dia, sou crivado de benefícios trabalhistas, posso faltar quando quiser sem ser incomodado e não tenho de apresentar resultados. Ao final da carreira gloriosa, terei direito a aposentadoria integral.
Sobrevivi à dominação comuno-petista e à coação explícita das esquerdas terroristas na universidade.
Formei-me em história, o maior reduto “intelequitual” da corja. Não tive uma mísera aula sobre História Medieval ou uma definição político-social do Império Romano. Era apenas doutrinação marxista. Qualquer postura liberal era rechaçada de imediato pela maioria estridente.
De posse do canudo, passei num concurso, para, literalmente, buscar “endireitar” um pouco o ensino de História, atualmente agonizando nas mãos dos guevaristas.
Leciono para 6° e 7° anos do Ensino Fundamental numa escola na periferia paulistana, reduto que se considera acarinhado pelo PT por receber o assistencialismo comprador de votos do partido. Tenho quórum constante. Meus alunos não faltam nem sob chuva de enxofre com medo de perder o benefício do leite ou o bolsa-família. A presença maciça é um ponto positivo, mas seria melhor se ao menos trouxessem o material escolar (que receberam integralmente da prefeitura). Anos de permissividade e tolerância à indisciplina os tornaram imunes aos poucos mecanismos de controle que tenho. Damos o material, mas não podemos exigir que o levem. Damos o uniforme, mas não podemos impedir que entrem se estiverem sem ele, e em tempos de funk ostentação, o desfile fashion se torna inevitável. O Estatuto da Criança e do Adolescente os garante. Não há fator que posso impedir o Acesso e Permanência.
E isso os alunos aprenderam. Podem não ter aprendido a decompor frações, a enumerar a herança filosófica grega e a conjugar o futuro do pretérito, mas aprenderam que, perante a lei, são inimputáveis.
Alunos me xingam e me afrontam porque represento a autoridade que eles aprenderam nas manifestações recentes a repudiar, vendo a polícia apanhar nos protestos e ainda ser considerada a culpada por isso.Fui recentemente ameaçado de ir parar “na vala” por ter erguido minha voz com um aluno. Não sou “melhor do que ele” para querer impor minha vontade. Palmas para Paulo Freire!
Não há livros didáticos para os trinta e cinco alunos de cada sala. Por ser material compartilhado, há nas páginas pichações toscamente grafadas, com xingamentos e palavras de baixo calão, com crassos erros de ortografia.
Sou orientado a usar o livro deteriorado, mesmo sendo uma tranqueira escrita por prosélitos de Fidel. Outros materiais de apoio não podem passar disso, textos de apoio, comprados com meu dinheiro. A escola não tem condições de tirar cópias a meu bel-prazer. A verba da escola tem outros importantes destinos. Não está sujeita aos meus caprichos pedagógicos e ideológicos.
Há um laboratório de informática excelente. Não posso reclamar. O professor responsável é formado em geografia. Não tem preparo. Fez dois cursos na Diretoria Regional de Educação, ministrados por alguém que deve saber menos que ele e não consegue orientar-nos a como usar o ambiente. Os alunos usam o laboratório como lan-house. A burocracia para usar o equipamento para, por exemplo, fazer uma pesquisa em sala sobre os benefícios da Revolução Industrial é desalentadora. Querem que os alunos fiquem com a opinião do livro. Foi a Revolução do Capitalismo Perverso e Assassino.
Na sala dos professores a situação é ainda mais inominável. Num quadro de avisos um aviso de greve “eminente”. Sei que a categoria presta histórica reverência ao “grevismo”, não obstante, o erro ortográfico, em tal ambiente, deveria ser imperdoável. Não conhecem a diferença entre “iminente” e “eminente”, nem o contrassenso crasso que é um funcionário público concursado, prestador de um serviço essencial, entrar em greve para questionar o salário que aceitara ao ler o edital, prestar o concurso e tomar posse do cargo.
Recebemos “formação” diária. Oito horas-aula por semana a mais no holerite. É o momento em que os educadores se reúnem e atualizam-se. Mostram as fotos da viagem de fim de semana que postaram no “face”, fazem pedidos nas revistas “Avon” e “Natura” que proliferam-se no meio mais do que qualquer livro de pedagogia. Entre uma ação pitoresca e outra, motivos de greve são aventados, afinal, ninguém é de ferro.
O representante do sindicato aparece mais vezes na escola que o supervisor da Regional. Também cumpre seu “papel” de forma mais efetiva. Há sempre a possibilidade de um novo levante irromper se um abono, benefício ou exigência da “categoria” não for acatado.
O Conselho de Escola, como propagam orgulhosamente, é soberano. Toma as decisões que ditam o rumo das verbas. Definiu a compra de um telão para a Sala de Leitura. Agora, graças ao Conselho, os alunos entram na sala, onde há oito mil livros, para assistir comédias de gosto discutível e animações da Disney. A professora de Sala de Leitura sorri e não esconde que a situação melhorou muito. Agora ninguém tira os livros do lugar e lhe dá trabalho extra. Os oito mil livros, adquiridos às expensas dos contribuintes, estão protegidos da ação dos desavisados que poderiam cometer a temeridade de querer lê-los. Estão agora onde querem que estejam: adornando prateleiras.
Em flagrante desrespeito aos alunos frequentes, se um desaparece por seis, sete ou mesmo oito meses inteiros, devo proporcionar a ele a oportunidade de fazer um (!) trabalho de compensação que apague suas faltas. O trabalho, me explicam os superiores, não deve ser difícil demais. Apenas uma documentação para o prontuário que garanta a promoção do aluno para o ano seguinte, sem ter frequentado este. E lá vou eu, passar de ano, rumo ao Ensino Médio, um analfabeto que me imprimiu uma página da wikipedia e colocou o primeiro nome em cima, em garranchos de letra de forma, já que ele não aprendeu a cursiva e foi promovido mesmo assim.
Chega a reunião pedagógica bimestral e lá vamos nós, receber um pouco mais de “Paulo-Freirezação”. Tudo de acordo com a cartilha. Nós fingimos que ensinamos e eles fingem que aprendem.
Mas tudo bem. Temos estabilidade, aposentadoria integral e, claro, greves bienais que aumentam nossos benefícios regularmente.

* Professor de História

terça-feira, 17 de junho de 2014

O palanque e o tribunal

Autor: Sérgio Muniz(*)














A ministra Maria Elizabeth Teixeira Rocha, que assumirá a presidência do Superior Tribunal Militar dia 16, em substituição ao general-de- Exército Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, declarou que vai dar publicidade aos arquivos do tribunal referentes ao período da ditadura militar e que é a favor da revisão da anistia à luz dos tratados internacionais, da aceitação de militares homossexuais e da inclusão das mulheres como combatentes do Exército Brasileiro, entremeando uma surpreendente declaração sobre a “diferença” instalada na Justiça mediante os julgamentos procedidos por mulheres.

Oportunizado em clima eleitoral, esse discurso que coincide com a militância ideológica utilizada para mobilizar politicamente as ditas minorias bem que poderia ficar por aí, não fosse sua autora membro da corte incumbida de julgar as apelações e os recursos das decisões dos juízes de primeiro grau da Justiça Militar da União, conforme previsto na Constituição.

Embora a maior parte das declarações da ministra se refira a temas que fogem de sua competência funcional, subjazendo como meras opiniões, algumas delas repercutem diretamente na capacidade do tribunal cumprir a sua função: distribuir justiça.

Afinal, partindo de um magistrado, o principal argumento da Doutora Elizabeth Rocha para rever a Lei da Anistia à luz de tratados internacionais é chocante: passada a necessidade de "forjar esse pacto, esse acordo de transição", ele pode ser revisto.

Que conceito dejustiça sustenta tal relativismo? Qual precedente da História do Brasil serve de amparo a esse revisionismo? Que princípio constitucional pode levar o Brasil a abdicar de sua soberania? Que país pode almejar estabilidade, progresso e paz acicatado pelo discurso da vingança e do arbítrio? Que grau de isenção se pode esperar de julgadores movidos por tais razões? Nenhum!

Ao longo das declarações da ministra subsistem contradições que despertam justificadas preocupações. A primeira delas é o esquecimento da polêmica acerca da divulgação, durante a campanha eleitoral de 2010, dos registros existentes no STM acerca da hoje presidente Dilma Roussef, inacessíveis à imprensa.

Mais grave é a ministra denunciar a diferenciação de cidadãos pela orientação sexual enquanto prega uma justiça de gênero, na qual, supostamente, mulheres julgariam melhor do que os homens. Por fim, repete-se o velho erro de pretender impor-se a todos capacidades iguais a despeito de suas diferenças de gênero, uma perversão da atualidade que prejudica justamente as mulheres.

Entretanto, o mais irônico das declarações da ministra é ela, a título de denunciar o regime militar, exaltar o papel do STM durante aquele período na concessão de habeas corpus, na garantia de liberdade de imprensa, na defesa do direito de greve e na condenação aos excessos no combate à luta armada, assinalando assim a existência, àquela época, das garantias e contrapesos cuja sobrevivência hoje tememos, ameaçados pelo discurso ao qual a ministra se associa.

O palanque chegou aos tribunais. O problema é ele chegar aos quartéis.


(*) Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Porque Tenho Vergonha de Ser Brasileiro!


Já fui ufanista de primeira linha, acreditava piamente no Brasil Grande
Fui entusiasta de tudo que tinha a marca nacional e num futuro país gigante
Que nosso gigante que era adormecido havia afinal despertado do sono
E que as coisas que o povo havia desistido haveriam afinal deixar de ser sonho
As estradas rasgando todo o interior e as novas hidrelétricas gerando a energia
Tirando o país de seu velho torpor e levando nossa gente a abandonar a letargia
Ponte Rio Niterói, Tucuruí, Itaipu, Transamazônica, eram todas obras colossais
Que nos deixavam com orgulho e plena convicção que o atraso ficara pra trás
O antigo complexo de Jeca Tatú era coisa que parecia relegado às calendas
No campo dava soja, criava-se zebu, o nosso progresso contrariava as lendas
Lendas que diziam não termos petróleo e nem terras férteis em nossos cerrados
Criamos do açúcar a alternativa ao óleo e nossas colheitas nos deixavam animados
Crescimento na faixa de 16 por cento com emprego pleno e bem remunerado
Povo orgulhoso, na indústria só aumento, oitava economia de um país iluminado
Havia civismo, muito patriotismo, nas escolas se ensinavam valores elevados
Erguia-se garboso nosso pavilhão e os cantos exaltavam nossos vultos sagrados
Só cometemos um erro grosseiro que teria grave impacto no futuro da nação
Deixamos de investir maciçamente no mais importante de tudo – a área da educação
Todavia, novos rumos foram sendo traçados em nome do que se chama democracia
O que é natural, pois o povo é sagrado e em seu nome aquela deve ser exercida
No entanto, que estranho, o novo ungido sequer chegou a ter assumido
E um jagunço maranhense tomou o lugar do presidente recém-falecido
Aí começou um novo período e a ganância por cargos chegava à irracionalidade
As goelas famintas, as brigas por migalhas e a volúpia despida de qualquer moralidade
E o Brasil tão garboso com um futuro -esperava-se grandioso- foi descendo a ladeira
Planos econômicos mirabolantes, uma inflação galopante e a partir daí a desgraceira
Um substituto jovem “caçador de marajá” se encarregou de acabar com as nossas esperanças
Eram mutretas sem fim, supositórios de cocaína, pajelanças lá na Dinda e infinitas lambanças
Enfim, depois de tantas confusões, tramoias e acusações até de seu próprio irmão
Caiu de podre a “República das Alagoas” de forma melancólica e desprezo do povão
Aí assumiu o vice do “topete” que ao menos manteve no cargo alguma liturgia
Com uma equipe notável de economistas, enfim no Brasil uma moeda decente surgia
Surfando no Plano Real FHC se elegeu e começou no Brasil uma imensa “privataria”
Isso porque havia chicanas em favor de alguns “eleitos” e a coisa enveredou pela putaria
Vendia-se todo e qualquer bem público por um preço aviltado e imoral
Sob o argumento canalha que “o importante é manter a maioria nacional”
Os homens do PSDB eram cultos, elegantes, nutrindo pelos “milicos” um ódio visceral
Nosso salário aviltado, o material sucateado e nós padecendo calados apesar de todo o mal
O ministro do exército, um anão de corpo e moral usava suas funções de maneira desvairada
O imoral Zoroastro favorecia seu “peixes” dando-lhes “bocas ricas” e pro resto era porrada
Começou uma louca orgia de milionárias indenizações para ex-guerrilheiros comunistas
E aos militares que impediram a comunização restou apenas a pecha de serem fascistas
Após todo esse período onde se comprou no Congresso uma espúria reeleição
Sofremos mais quatro anos de aperto, sempre sofridos e com o pires na mão
De repente, uma novidade! Surgia uma nova esperança com um partido proletário
Que prometia de tudo: dignidade, probidade, honradez e pra todos bom salário
A figura de seu líder outrora um sapo barbudo que bradava e a massa assustava
Agora aparecia como o “Lulinha Paz e Amor” que a quase todos cativava
Mais uma vez nos agarramos na esperança de que o “a paz havia vencido o medo”
Que engano – os novos salafrários trataram de provar o contrário bem cedo
Empurraram seus sicários em todos os cargos públicos com avidez e sem pudor
Multiplicando cargos comissionados em todas as áreas—nunca se viu tal furor
O dinheiro público passou a não ter mais dono, sendo usado a bel prazer
E o sapo barbudo quadrilheiro mostrou enfim ao país o que veio fazer
Beberrão e apedeuta, criou cestas, montou farsas e inventou o “mensalão”
Comprando quase todo o Congresso para impor seus desvarios à nação
Lula gatuno, mentiroso, pusilânime, cachaceiro, putanheiro e boquirroto
É o modelo perfeito e acabado do que pode haver de mais escroto,
Bonifrate das figuras mais execradas do mundo fica jogando o seu fel
Em cima dos “pobres” yankees, já que admira Chávez, Morales e Fidel
Comanda uma turba pesada que pratica tudo de mais abominável
Assassinatos, invasões, depredações – enfim, tudo de execrável
Piranhas famintas por verbas, uma massa ordinária, que se dizia proletária
Não tem limites pras merdas que impõem à massa ignara de forma salafrária
E a classe média explorada nunca pagou tanto imposto para saldar essa conta
Cestas que a classe baixa ignorante foi comprada pelo farsante nesse louco faz de conta
O povão prostitui-se por todo tipo de cesta, tal como uma besta que corre atrás da cenoura
E eles, os ex proletários? Hoje viraram burgueses e estão todos muito endinheirados
Milionários, nem escondem a montanha de dinheiro conseguida em negócios safados
É tanta negociata que nem se pode contar, um escândalo por dia nem vale a pena falar
E ao nosso Brasil, coitado, só resta chorar um triste fim de quem sabe que vai quebrar
Quando a classe média revoltada com toda essa patifaria foi para as ruas protestar
A canalha mandou um bando de “black blocs” para o movimento desmoralizar
E hoje? O que temos nós? Qual o rescaldo de tudo?
É, meus amigos, é um tempo muito bicudo
A classe média acuada não sabe mais o que fazer
Falta um líder de valor para algum plano lhes trazer
E com a moralidade? Ninguém mais tem compromisso
Os valores familiares? O povão já nem liga pra isso
Um povo ignorante que prefere do governo esmolar
Do que se sustentar aprendendo a trabalhar
Os professores nas escolas pelos alunos afrontados
Sequer podem reprovar e vivem amedrontados
As mães não ligam se os filhos tem as notas de um jegue
Só interessa a frequência – assim a bolsa ela recebe
O garoto vai seguindo ainda que esteja em tudo mal
Para se formar com louvor um analfabeto funcional
E o que falar da saúde? É o mais total desrespeito
Com pacientes no chão porque não há sequer um leito
Faltam médicos, enfermeiras e qualquer medicamento
Para as famílias atingidas só resta o atroz sofrimento
A moral no comportamento também despencou toda vida
Com as meninas em tenra idade fazendo o que até Deus duvida
Mandam fotos no WhatsApp totalmente desinibidas
Para os garotos que estão “a fim” - e sim, todas despidas
A tal da Vênus Platinada tem culpa nessa perdição
Mostrando em suas novelas uma louca “pegação”
É beijo gay para lá, um avô pai do filho de seu filho pra cá
Casais desfeitos porque a mulher preferiu virar homossexual
Com toda essa surubada apresentada como coisa normal
E no tal do “Big Brother”? Lá, todo mundo come – e dá
Exposição de corpos seminus como se fora uma vitrine
Bandalheira permanente de quem nada mais exprime
Ganhar a vida com estudo passou a ser uma exceção
Trabalhar um corpo sarado hoje causa mais sensação
Além disso dá um melhor retorno financeiro
Pois a Playboy geralmente paga bom dinheiro
Assim, em vez de trabalhar com ciência profunda
Ficou bem mais rentável possuir uma boa bunda
Não sou de jeito nenhum um modelo de grandes virtudes
Mas já passaram das medidas todas essas atitudes
Orgulho é ser capaz de fazer algo notável – sempre pensei
Mas hoje se orgulham de queimar rosca e gritar: “sou gay”!
O garoto no metrô sentado no banco dos preferenciais
Pode ver um velho de idade provecta – não levanta jamais
Acha mais confortável fingir que esta a dormitar
Que ter a dignidade de ser civilizado e levantar
As vagas nos shoppings destinadas a cadeirantes
São ocupadas por jovens com seus UVs possantes
Não existe mais local que possa se dizer protegido
Assaltos ocorrem em qualquer lugar -tudo é zona de perigo
Passeatas em protesto por morte de traficante
É coisa corriqueira e cada vez mais constante
Ruas interditadas, quebradeira e pneus carbonizados
Mulheres e crianças imoladas em ônibus queimados
O bandido pode assaltar, estuprar e até polícia matar
Mas se o policial revidar? Os direitos humanos vão atacar
É uma inversão imbecil de tudo que pode ser perfeito
Pois direitos humanos é apenas para humanos direitos
E a canalha esquerdista orquestrando essa barulheira
Total falta de respeito, vale tudo, qualquer bandalheira
Em 31 de março do ano 2013, na porta do clube militar
Um pivete agitador ousou no rosto de um ancião escarrar
O homem com 92 anos, outrora um respeitado general
Passou por essa afronta que deve ter lhe causado imenso mal
Brasileiro ainda é mal-educado, desrespeitoso e iconoclasta
Que sem qualquer pejo pra lama nossos grandes vultos arrasta
É um povo sem memória, sem civismo e não ativo
Sem vergonha, clientelista, corrupto e muito passivo
Com essa atitude bovina vai seguindo a sua vidinha
Conformado com as migalhas de sua existência mesquinha
Nossos índices de criminalidade superam países em guerra
150 assassinatos por dia – fora os corpos que não se enterra
Hoje somos o motivo de galhofa para todo o mundo
Conhecidos como estereotipo de povo ladrão e vagabundo
Nosso maior artigo de exportação pro exterior
São travestis que infestam a Europa – um horror!
Se em Hollywood se faz um filme com ladrão bem sucedido
Pode contar: seu destino é o Brasil, para poder ser admitido
Assim, com imensa tristeza eu lhes falo: “cansei”!
Desse povo ignoto que sequer respeita a lei
Que pena! Nosso Brasil é um país tão lindo
Praias maravilhosas, matas verdes e céu azul infindo
Não sofremos terremotos, tsunamis ou tufões
Mas somos, certamente, um povinho de anões
Anões na moralidade e das coisas mais sagradas
Anões que compactuam com a coisas mais safadas
Quisera ganhar na loteria para levar minha família
Para um pais decente que dispensasse vigília
Onde pudéssemos sair na madrugada tranquilos
Passear pelos parques observando os esquilos
Onde a criminalidade fosse algo quase inexistente
E onde meus netinhos aprendessem valores decentes
Infelizmente estou velho e já me sinto incapaz
De fazer alguma loucura contra isso – me falta gás
Assim, espero em breve atingir meu objetivo
Partir desse país, fugir desse povo apodrecido
Desculpem minha catarse, pois muito me alonguei
Mas é com imensa tristeza que nessas linhas versei
Bye, bye, Brasil, espero poder dizer em breve
Quero terminar meus dias com uma vida mais leve
Saint-Clair Paes Leme – filósofo de botequim pé-sujo.

domingo, 15 de junho de 2014

Verdade e política


Sérgio Paulo Muniz Costa
Historiador


A discussão da Lei da Anistia vem proporcionando boas oportunidades para a conscientização a respeito do passado recente, com ou sem revisionismo, componente inevitável da dinâmica de mobilidade social. No entanto, a conotação emocional, ideológica e, por que não dizer, oportunista, que predominou até aqui nesse debate é prejudicial ao ponto de inviabilizá-lo, cristalizando antagonismos que revivem velhos erros da vida política brasileira e impondo outros, novos, absolutamente infundados.
O grande equívoco reiterado até aqui nessa questão – intencionalmente ou não – é misturar a ruptura institucional de 1964 com o surto de luta armada revolucionária subsequente.
Em 1964 aconteceu mais uma rebelião apoiada pelas classes médias, deflagrada por governadores de estado, contando com tropas do Exército e a participação da classe política. O regime estabelecido (goste- se dele ou não) deu início a um ciclo de reformismo, dito autoritário, que produziu modificações tão amplas e profundas na vida nacional que levaram à sua natural e progressiva extinção, ainda que num tempo considerado excessivo até mesmo por muitos dos que o d e f e n d e ra m .
O que o tornou excepcionalmente polêmico – muito além do fato de ser mais um regime de exceção na história política brasileira – foi a sua contemporaneidade a um dos maiores movimentos de contestação cultural da História e à Guerra Fria que se impôs através do terror atômico e da luta ideológica. As flores abalaram regimes democráticos e comunistas, levantando barricadas e cantando a paz. Os tiros e bombas também não distinguiram ditaduras de democracias, espalhando morte e destruição indiscriminadamente, segundo a lógica da guerra em curso.
O Brasil não ficaria imune a nada disso. Cultura e uma feliz desimportância geopolítica nos mantiveram ao largo do pior, mas não de tudo.
Na resiliência de nossa precariedade institucional, o Estado cumpriu seu dever de manter a lei e a ordem instruídas no apoio da sociedade e nos diplomas legais do regime. A ameaça não veio das tentativas canhestras de ex-integrantes do governo deposto, mas de uma guerrilha bem fundamentada ideologicamente que foi patrocinada, orientada e financiada do exterior, e que jamais, em nenhum momento teórico ou prático, pretendeu apelar à lei para restaurar direitos violados, a condição apontada por John Locke para legitimar a resistência armada.
Uma maior ponderação à luz da História, de seus fatos e acontecimentos, e da evolução do pensamento político faria bem à vida nacional Não é saudável querer vencer de qualquer maneira, misturando anistia com indulto, legitimando assassinatos com a infâmia do colaboracionismo ou insistindo em duvidoso moralismo para se sobrepor a leis e instituições. A verdade não é. Se for perseguida em muitos meandros, de forma incansável, mas honesta, poderá falar apenas, por muitas vozes, razões e perspectivas. Talvez tudo que desse caleidoscópio se extraia venha a ser uma consciência da política como a realização do possível para evitar o mal.
E será muito, se pudermos.

Sérgio Paulo Muniz Costa, historiador, foi delegado do Brasil na Junta Interamericana de Defesa, órgão de assessoria da OEA para assuntos de segurança hemisférica.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A decadência do Ocidente

Mario Vargas Llosa – El Pais – 31 Mai 2004
 
Mesmo que aparentemente os partidos tradicionais –populares e socialistas– tenham vencido as eleições ao Parlamento Europeu, ambos perderam muitos milhões de votos e o fato central dessa eleição é a irrupção torrencial em quase toda a Europa de partidos de ultradireita ou de ultraesquerda, inimigos do Euro e da União Europeia, que querem destruir para ressuscitar as velhas nações, fechar as fronteiras à imigração e proclamar sem rubor sua xenofobia, seu nacionalismo, sua filiação antidemocrática e seu racismo. Que haja matizes e diferenças entre eles não dissimula a tendência geral de uma corrente política que até agora parecia minoritária e marginal e que, nessa disputa eleitoral, demonstrou um crescimento espetacular.
 
Os casos mais emblemáticos são os da França e da Grã-Bretanha. A Frente Nacional de Marine Le Pen, que até poucos anos era um grupelho excêntrico, agora é o primeiro partido político francês – não tinha nenhum deputado europeu e agora tem 24 – e o UKIP, Partido da Independência do Reino Unido, depois de derrotar conservadores e trabalhistas tornou-se a formação política mais votada e popular do berço da democracia. Ambas as organizações são inimigas declaradas da construção europeia, querem enterrá-la e ao mesmo tempo acabar com a moeda comum e levantar barreiras inexpugnáveis contra a imigração, que consideram responsável pelo empobrecimento, o desemprego e o crescimento da delinquência em toda a Europa ocidental. A extrema direita venceu também na Dinamarca, na Áustria os eurofóbicos do FPÖ alcançaram 20%, na Grécia o ultraesquerdista antieuropeu Syriza ganhou as eleições e o Partido neonazista Amanhecer Dourado (que teve 10% dos votos) mandou três deputados ao Parlamento Europeu. Catástrofes parecidas, mesmo que em porcentagens algo menores, ocorreram na Hungria, Finlândia, Polônia e demais países europeus onde o populismo e o nacionalismo também aumentaram sua força eleitoral.
 
Os movimentos antissistema podem enterrar, mais cedo ou mais tarde, a União Europeia
Alguns comentaristas se consolam afirmando que esses resultados indicam um voto de raiva, um protesto momentâneo mais do que uma transformação ideológica do velho continente. Mas como está claro que a crise da qual resultaram os altos níveis de desemprego e a queda do nível de vida levará ainda alguns anos para ficar para trás, tudo indica que a virada política que essas eleições mostraram, ao invés de ser passageira, provavelmente durará e talvez se agrave. Com quais consequências? A mais óbvia é que a integração europeia, se não for completamente freada, será muito mais lenta do que o previsto, com quase certeza de que haverá debandada entre os países membros, começando pelo britânico, que já parece quase irreversível. E, acossada por movimentos antissistema cada vez mais robustos e operando em seu seio como uma quinta coluna, a União Europeia estará cada vez mais desunida e abalada por crises, políticas falidas e uma contestação permanente que, a curto ou longo prazo, poderiam enterrá-la. Desse modo, o mais ambicioso projeto democrático internacional iria a pique e a Europa das nações crispadas regressaria curiosamente aos extremismos e paroxismos que levaram às matanças vertiginosas da Segunda Guerra Mundial. Porém, inclusive se não se chega ao cataclismo de uma guerra, sua decadência econômica e política seguiria sendo inevitável, à sombra vigilante do novo (e velho) império russo.
 
Enquanto me inteirava dos resultados das eleições europeias, lia, no último número de The American Interest, revista dirigida por Francis Fukuyama (Maio/Junho 2014), uma fascinante pesquisa intitulada America Self-Contained? (que poderia ser traduzida como “América ensimesmada?”), na qual uma quinzena de destacados analistas estadunidenses de distintas tendências examina a política externa do Governo do Presidente Obama. As coincidências saltavam à vista. Não porque nos Estados Unidos tenha havido uma irrupção do populismo nacionalista e fascistão que poderia acabar com a Europa, mas porque, com métodos muito diferentes, o país que até agora havia assumido a liderança do Ocidente democrático e liberal ia se eximindo discretamente de semelhante responsabilidade para confinar-se, sem traumas nem nostalgia, em políticas internas cada vez mais desconectadas do mundo exterior e aceitando, neste globalizado planeta de nossos dias, sua condição de país destronado e menor.
 
Os críticos divergem sobre as razões dessa “decadência”, mas todos estão de acordo que ela se reflete em uma política externa na qual Obama, com o apoio inequívoco da maioria da opinião pública, se livra de maneira sistemática de assumir responsabilidades internacionais: sua retirada do Iraque, primeiro, e, agora, do Afeganistão, depois dos fracassos evidentes, pois em ambos os países o islamismo mais destruidor e fanático continua fazendo das suas e enchendo as ruas de cadáveres. Por outro lado, o governo dos Estados Unidos se deixou derrotar pacificamente pela Rússia e pela China quando ameaçou intervir na Síria para por fim ao bombardeio com gases venenosos feitos pelo governo de Assad sobre a população civil, e não só não o fez como tolerou sem protestar que aquelas duas potências continuassem fornecendo armamento letal à corrupta ditadura. Inclusive Israel se deu ao luxo de humilhar o governo norte-americano quando este, através do empenho do Secretário de Estado Kerry, tentou uma vez mais ressuscitar as negociações com os palestinos, sabotando-as abertamente.
 
Novas formas de autoritarismo, como as da Rússia e da China, substituíram as antigas
Segundo a pesquisa da The American Interest, nada disso é casual e nem pode ser atribuído exclusivamente ao governo de Obama. Trata-se, pelo contrário, de uma tendência muito mais antiga e que, mesmo tendo ficado soterrada e velada por um bom tempo, encontrou, como consequência da crise financeira que golpeou com tanta força o povo estadunidense, a oportunidade de crescer e se manifestar por meio de um governo que se atreveu a materializá-la. Ainda que a ideia de que os Estados Unidos se atrapalhem para solucionar seus próprios problemas e, para acelerar seu desenvolvimento econômico e devolver à sociedade os altos níveis de vida que alcançou no passado renuncie à liderança do Ocidente e a intervir em assuntos que não lhe digam respeito diretamente nem representem uma ameaça imediata a sua segurança seja objeto de críticas entre a elite e a oposição republicana, ela tem um apoio popular muito grande dos homens e mulheres comuns, convencidos de que os Estados Unidos devem deixar de se sacrificar pelos “outros”, entregando-se a guerras caríssimas em que dilapida seus recursos e sacrifica seus jovens, enquanto o trabalho escasseia e a vida se torna cada vez mais dura para o cidadão comum. Um dos ensaios da pesquisa mostra como cada um dos importantes cortes em gastos militares que Obama fez teve o respaldo esmagador da população.
 
Quais conclusões tiramos disso tudo? A primeira é que o mundo já mudou muito mais do que acreditávamos e que a decadência do Ocidente, tantas vezes prognosticada na história por intelectuais sibilinos e amantes das catástrofes, passou por fim a ser uma realidade de nossos dias. Decadência em que sentido? Antes de mais nada, do papel diretor, de liderança, que tiveram a Europa e os Estados Unidos no passado mediato e imediato, para muitas coisas boas e algumas más. A dinâmica da história já não nasce só ali, mas também em outras regiões e países que, pouco a pouco, vão impondo seus modelos, usos e métodos ao resto do mundo. Essa descentralização da hegemonia política não seria ruim se, como acreditava Francis Fukuyama quando da queda do Muro de Berlim, a democracia liberal se expandisse por todo o planeta erradicando a tradição autoritária para sempre. Infelizmente isso não aconteceu, muito pelo contrário. Novas formas de autoritarismo, como os representados pela Rússia e pela China de nossos dias, substituíram as antigas, e é a democracia que começa a retroceder e a encolher-se em toda parte, debilitada pelos cavalos de Troia que começaram a se infiltrar naquelas que acreditávamos ser cidadelas da liberdade.