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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Povo com independência



   Quadro de Pedro Américo./Reprodução


Persiste no País a incompreensão da nacionalidade, para o que contribui, em boa parte, a intelligentsia brasileira,  que costuma vir a público nos dias circunjacentes ao 7 de setembro para desconstruir a Independência do Brasil.
Ao mito da República sem povo, soma-se agora o da Independência sem povo (conforme artigo de José Murilo de Carvalho, "Independência sem povo",  publicado no O Globo de 10 de setembro).  Resta saber o que vai sobrar das instituições nacionais solapadas nos fundamentos de sua memória pelo mal disfarçado revisionismo que explora novas oportunidades nesta quadra de incertezas promovidas pelo governo federal e seus acólitos.
Houve povo na Independência,  sim, já no ato da aclamação de D. Pedro, em São Paulo, na noite de 7 de setembro de 1822, após o ato do Ipiranga. Ou não eram do povo os homens que constituíam a guarda de honra de D. Pedro?
Sim, eram do mesmo povo que sustentou a Independência de armas na mão e com subscrições públicas a compra de navios para Marinha Imperial e que nunca esteve afastado das comemorações do 7 de setembro, simplesmente por que o Exército é o povo em armas. Quem ainda não entendeu, que vá participar do 2 de julho, data de comemoração da Independência na Bahia.
É preciso estar muito distante do cotidiano nacional, das metrópoles aos sertões, para fantasiar uma tradição de comemorações da Independência do Brasil sem brasileiros.
E é preciso muito facciosismo para não ver que neste 7 de setembro o público foi afastado das comemorações não pelos militares, mas pelas milícias fascistas que, desde junho, usando a população como escudo, agridem impunemente a sociedade e o que lhe é caro, como o futebol, o Papa e a Pátria.
Os historiadores sabem que os acontecimentos se ligam uns aos outros, dos quais recebem e para os quais transmitem reflexos, ocupando-se eles de lhes determinarem causas, importâncias e significados ao se desincumbirem de sua complexa missão de interpretação e reconstrução histórica. 
O 7 de setembro, pela sua importância e significado, está definitivamente incorporado à História do Brasil como acontecimento cardeal onde culminaram muitos antecedentes de autonomia e mesmo de soberania, e a partir do qual derivam outros, formais, como a aclamação do Imperador, impossível de acontecer sem o 7 de setembro.
Não é a falácia da república popular que estenderá a soberania a todos os brasileiros. Mais sincero seria trabalhar para estender a todos os brasileiros o direito de conhecer, para começar, a sua História, a partir do que poderão gerar a riqueza que tornará o Brasil mais próspero e mais justo.
Conhecimento e educação: esta é a agenda legítima para o povo brasileiro ser independente dos que pretendem subjugá-lo pelo populismo e pelo clientelismo.
Sérgio Paulo Muniz Costa é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

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