'Rir com dente é
fácil'.
Quero ver agora que o preço das
commodities caiu, que o modelo de exploração de petróleo criado pela presidenta
prova-se inviável, que a Petrobras não consegue mais segurar a inflação
artificialmente baixa, que o pibinho petista não vai sequer chegar a 2%, que o
Brasil começa a ser encarado como um país onde é difícil fazer negócio por tanta
intervenção e achaques às empresas, que o prazo razoável de fazer as importantes
reformas (previdenciária, tributária, fiscal, política...) já venceu, que não
houve um mísero progresso nas variáveis que impactam o aumento da produtividade
e da competitividade (infraestrutura, educação, ciência e tecnologia), que todos
os esforços foram direcionados à anabolização dos números no curto prazo em
detrimento da poupança e do investimento no longo, que os sete (eu disse SETE)
pacotes lançados nos últimos meses para tentar ressuscitar o paciente moribundo
mostraram-se tão patéticos quanto as pessoas que os maquinaram, que as famílias
estão endividadas até o talo de tanto estímulo ao consumo, que a arrecadação já
dá demonstração de queda (mesmo com o aumento das alíquotas, o que representa
perda real em base tributável — ou atividade
econômica)...
Eu poderia continuar por mais uma semana
elencando a sequência de burradas dos governos petistas. E olha que eu nem
entrei no mérito moral — aí, é "capivara" mesmo, ficha
policial.
Com economia aquecida e uma carga
tributária boçal (em ambos os sentidos: quantidade e qualidade), é fácil ter
muito dinheiro para gastar. Distribuir aos pobres parece coisa de gente de bom
coração. Renda na mão de pobre vira consumo e consumo conta para o PIB. E, na
mão de petista, vira voto na certa. Mas, agora que o dinheiro vai começar a
rarear, quero ver onde vai estar o coração dessa gente. Ou vão cravar mais fundo
os dentes no setor produtivo da sociedade ou vão ter que escolher o que deixa de
receber recursos. Tenho certeza de que o caixa 2 das campanhas eleitorais deles
está garantido — até porque este parece ser (por mais surreal que possa parecer)
o ÁLIBI dos 36 réus do mensalão.
O fato é que, 10 anos depois, o pobre
brasileiro pode ter ficado momentaneamente menos pobre na carteira, mas não se
tornou um milímetro mais capaz de enfrentar os desafios do mundo moderno em que
o país compete. Basta ver que os analfabetos
funcionais das faculdades de gesso do Luladdad chegam a 38% (é inacreditável,
mas é verdade).
Acabada a farra da gastança, voltaremos
para a mesma estaca em que estávamos antes. Um pouco piores, na verdade, graças
aos retrocessos que representam os constantes ataques às instituições da
sociedade (a Justiça, a liberdade de imprensa, a independência dos poderes, o
que restava de honradez no Congresso, a política externa que deixou de servir à
nação para se dobrar a um projeto particular de poder...) e às bases da economia
de mercado tão sólidas que os petistas herdaram de seus antecessores mais
capazes (a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Bolsa Escola — este, sim, carregava
uma contrapartida que produzia um efeito positivo no longo prazo em vez de
boçalizar a população com esmola–, a autonomia do Banco Central, a
confiabilidade dos dados oficiais, o modelo de privatização, o ordenamento
jurídico que atraiu o investidor estrangeiro, a estabilidade econômica e de
regras...).
Eu não mordo os cotovelos porque as
pessoas estão menos pobres. Mordo de ver que o PT
transformou em mais um vôo de galinha a maior oportunidade que o Brasil
jamais teve de entrar definitivamente para a elite global. Mordo de ver que gente inteligente como você não
consegue perceber a destruição do nosso futuro que está sendo promovida dia após
dia por gente que só quer se locupletar e perpetuar seu poder sobre a máquina
estatal — cada dia maior e mais nefasta para a economia e, por extensão,
à sociedade. Mordo de ver que estamos abandonando as fontes que trouxeram
riqueza para este país para nos alinharmos cada
dia mais aos membros do Foro de São Paulo — do qual fazem parte o mais
abominável ditador do século na América do Sul e o grupo narco-guerrilheiro que
ele apóia no país vizinho. Mordo de ver
que gente do bem ainda se alinha com os maiores bandidos que já ocuparam o poder
central deste país. Mordo de pena. Mordo de tristeza. Mordo de
desesperança.
Elizabeth Rondelli, doutora
em Ciências Sociais, professora aposentada das Universidades Federais do Rio de
Janeiro e Juiz de Fora
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