“Tudo
me é lícito, mas nem tudo me convém” (Paulo,
I Cor., X, 23).
Sendo
o homem intrinsecamente livre para pensar e agir, o alerta do Apóstolo
insere-se, perfeitamente, no contexto das idéias.
Ao
admitir a violência revolucionária como postulado de sua filosofia, Marx
condenou à execração ética todo o acervo de uma brilhante concepção.
O
argumento dos fins humanitários não justifica a tirania dos meios, por afrontar
a lei universal da harmonia que deve reger as relações humanas.
Ninguém
tem o direito de impor aos semelhantes as soluções de sua preferência, sobretudo
quando ameaçam a liberdade individual e o patrimônio privado.
Ao
longo da História, o Brasil tem sido vítima contumaz dos próprios filhos
rebeldes, de mentes colonizadas por idéias estrangeiras, ao serviço de uma
metrópole geopolítica.
Patrocinados
pelo expansionismo estalinista, os insurgentes de 1935 apunhalaram a alma
nacional, nas vítimas adormecidas do 3º Regimento de Infantaria e da Escola de
Aviação Militar.
Sufocada
a intentona, sobreviveu a motivação subterrânea, voltando a emergir no início da
década de 1960, sob os termos revisionistas do XX Congresso do Partido Comunista
da União Soviética.
Ao
dividir-se o movimento, as facções fundamentalistas retomaram o uso da força no
final da década, sob novo patrocinador estrangeiro, sendo contidos pela
repressão governamental.
Quem
adota a violência não pode eximir-se da reciprocidade. A sociedade nacional, de
índole pacífica e ordeira, ainda não descobriu a vacina patriótica para o vírus
da traição.
Acolhidos
novamente pelo espírito conciliador da Nação, grupos ideológicos chegaram ao
poder, aproveitando-se da via democrática que tanto buscaram destruir.
A
ética revolucionária, porém, não se satisfaz com a pacificação política.
Desconhecendo o sentimento de perdão consagrado nas iniciativas de anistia desde
1822, acaba de ser instituído um mecanismo potencialmente revanchista,
cinicamente destinado à busca da verdade.
Atualmente,
os auspícios ideológicos de Gramsci justificam até mesmo a corrupção que grassa
no cenário político, absolvendo a consciência laxa dos militantes no
poder.
Enquanto
houver imprensa livre, no entanto, a verdade dos fatos voltará a aparecer,
dissipando os miasmas de tirania.
A
quem, licitamente, se deixa dominar por uma idéia, convém a reflexão de Goeth:
“Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser”.
(por
Maynard Marques de Santa Rosa)