“Seu
Presidente
Sua
Excelência mostrou que é de fato
Agora
tudo vai ficar barato
Agora o
pobre já pode comer
Seu
Presidente,
Pois
era isso que o povo queria
O
Ministério da Economia
Parece
que vai resolver "...
Ministério
da Economia (Geraldo Pereira & Arnaldo Passos)
Natural de Juiz de Fora, Geraldo Theodoro Pereira faleceu após enfrentar
Madame Satã no restaurante Capela, templo da Lapa histórica rebatizado como
Nova Capela. O sobrevivente, homossexual praticante e brigão indigesto,
alternava-se da macheza primitiva à pederastia incisiva na média a cada
seis meses, e ai de quem o esnobasse. Entrevistado do Pasquim
em 1971 alegou revide a provocações de Geraldo, vítima de traumatismo
craniano.
Diferente versão propaga vingança motivada pelo assédio fracassado de Satã a
incorrigível mulherengo. Fato é que da altercação entre os valentões, figuras
notórias da Lapa boêmia, resultou a morte do compositor aos trinta e sete
anos de idade, agora exposto à manipulação ideológica de
inominável farsa histórica.
Acessar o site La France qui samba exige tolerância cavalar
a sandices assim: - "... Bien Sûr,
cette samba du "Ministère de l´economie" ne fut pas composée par lui
en pensant a Lula. Nous sommes en 1951 et la reférence est Getúlio Vargas qui
venait d`acceder au pouvoir, cette foi-ci- élu democratiquement par le peuple
bresilien". Sabem nada esses franceses tendenciosos, da política e menos ainda
da cultura popular brasileira onde Geraldo e Wilson Batista, entre outros,
pontificaram no viés da ironia.
Desnudar motivações desampara visões distorcidas. Wilson, flamenguista roxo,
compôs No boteco do José: - "Vamos lá que hoje é de graça,
no boteco do José, entra homem, entra menino, entra velho, entra mulher, é só
dizer que é vascaíno, que é amigo do Lelé...". Distraído da paixão
rubro-negra surfava na popularidade do legendário Expresso da Vitória
cruzmaltino, tal fizera em 1937 para enaltecer - ele, vadio assumido - a onda
getulista no Bonde São Januário que "leva mais um operário, sou eu
que vou trabalhar". Fala sério...
Falso Patriota, Escurinho, Falsa Baiana e Acertei no Milhar, por exemplo -
essas de Geraldo - são preciosas crônicas musicadas de peculiar estilo autoral,
sofisticado nas letras singelas abordando figuras e costumes nacionais de
meados do século passado. Enfatizar lhes o sentido literal desconsidera a
malandragem - no bom sentido -, a amplitude temática e a picardia musical de
verdadeiros historiadores modestos, ferinos, engraçados e
geniais.
Pensando além, navegamos em mares revoltos de percepções desatadas nas representações
subjetivas da realidade - versões - que reprocessadas intencionalmente geram
cultos, lendas, farsas e arremedos factuais.
Logo vislumbrei confrades de personas antagônicas deles mesmos, o que ilustra -
lato sensu- teatralização existencial dos seres humanos por necessidade ou
opção.
O exótico Dom Cobra - diligente contraditório - obscurece aluno e
profissional competente; o Sr Boita B - flor de pessoa, faca na boca e Beretta
encaixada nas axilas - evidencia inteligência extraordinária; Cléo, poeta do
bas-fond? Impossível, renega o refinamento do eminente fingidor literário;
Damerran Smith & Wesson? Ora, ora! O fero guerreiro agita no Fortal
pós-delícias de Iracema, que ninguém é de ferro; a alegria solar de Mário
Augusto? Omite raro talento gerencial confirmado há pouco em Salvador; carranca
matinal do Paca? Lenda ultrapassada pela simpatia explícita do (persona)gem.
Sejamos sinceros: conviver acarreta doses moderadas de farisaísmo social - a
invenção do superego pelo Dr Sig comprova -, e vigilância cerrada para que
as inevitáveis versões narrativas não falseiem a realidade. Como no tal La France
qui samba, mais apropriado dizer La Verité qui samba.
Quanto aos meus estimados amigos - embusteiros deles próprios - certamente
merecem reconhecimento mais efusivo às suas virtudes primaciais, antes que
sucumbam a exuberantes personas.
Rio de
Janeiro, 13 de abril de 2017.
Dom Obá
III, farsante do Cad Cav 1039/72.
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