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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Vinheta EB - Conquista do Paraíso.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Chefe nos Pampas



Cel José Gobbo Ferreira
07/12/2003
Com pompa, circunstância, alegorias, plumas e paetês, foi exumado o que sobrou do ex-presidente parvo-comunista Jango Goulart. O defunto havia defuntado na frente de sua fiel companheira, devido a um ataque cardíaco fulminante. Ela mesmo declarou isso várias vezes. No entanto, como ela poderia ter confundido infarto com envenenamento, tendo em vista a perfeita semelhança dos sintomas, decidiu-se exumá-lo.
Com a abissal incapacidade de fazer qualquer coisa que preste, o governo bolivariano brasileiro dedica-se agora à caça aos defuntos. Freud explica:
O grande timoneiro do bolivarianismo, Chávez, morreu recentemente (será?). Mas, uma morte comum não seria digna desse avatar de Bolívar. Então, ele começou a morrer em Cuba, ficou morrendo por algum tempo, desmorreu e morreu de novo. Tiveram que embalsama-lo e pô-lo a ferros em um ataúde para que parasse com essas presepadas.
O senhor Chávez, comunista como Jorge Amado, era leitor assíduo dele. Elegeu  Quincas Berro D´água como seu herói  e resolveu repetir aquelas façanhas.
Eis, porém que, mesmo embalsamado, no está muerto quién pelea, como já disse Martín Fierro. E, não podendo mais desfilar para baixo e para cima todo paramentado, o caudilho assumiu a forma de um passarinho (da espécie “plumatus imbecilis”) e continua dando conselhos a seu sucessor, devidamente  maduro para recebe-los.
Impressionados pela vivacidade do defunto Chávez e decepcionados com a inércia dos nossos, as atenções dos necrobolivarianos tupiniquins dirigiram-se primeiro a Juscelino, que morreu em um acidente rodoviário. A ideia era exumar Juscelino, o motorista e o carro. Este último não pode ser encontrado e o projeto foi abortado.
Mas Jango não escapou. De acordo com palavras de seu filho, foi montada uma equipe internacional, com a presença de um legista da família. Usaram os mais sofisticados procedimentos para a análise. E acharam provas! Não as que esperavam, mas a prova que esse governo que aí está é a fauna mais retardada que já habitou o planalto central (talvez o próprio planeta, mas isso está fora de meu alcance afirmar). O próprio Darwin reveria sua lei da evolução se tivesse conhecido esses espécimes.
Aconselho aos amigos que jamais corram o risco de dizer a um macaco que aquelas criaturas são descendentes dele. Macacos são muito perigosos quando se enfurecem.
Restam perguntas melancólicas: Quanto custou isso tudo? E, com a inocência de um Arcanjo: Quem pagará a conta?
Mas quando a idiotice ultrapassa certos limites, dá oportunidade a que atitudes sensatas sejam tomadas: Na cerimônia de reenterro, um Chefe militar, o General Carlos Bolivar Goellner soltou a voz que o Exército não ouvia há longo tempo.
Comandante Militar do Sul, enfrentou a tentativa de reescritura da história e negou qualquer erro histórico. Regulamento embaixo do braço, mostrou que honras fúnebres são um preceito regulamentar, estão no regimento das Forças Armadas e que o Comando do Exército é a autoridade competente para determina-las. São prestadas ao cargo de Presidente. No caso, foram prestadas a um ex-presidente perturbado em seu repouso pela imbecilidade da corte, e não à pessoa do Sr. Jango.
Deixou bem claro que as honras fúnebres não representavam um pedido de desculpas à família de Jango, pois o Exército não lhes deve desculpa alguma, muito pelo contrário.   
E continuou: “Não há nenhum erro histórico. A história não comete erros. Não se deve fazer nenhuma ilação sobre isso”.
Foi extremamente feliz ao dizer que o evento é apenas um ato de serviço trivial para a tropa, como seria patrulhar o Morro do Alemão ou a ajuda a pessoas em estado de calamidade. Nas Forças Armadas, a missão é dada por quem de direito e cumprida por quem a recebe. Simples assim.
“Não há nenhuma modificação para a instituição do Exército brasileiro. As instituições não mudam com a história. Podem mudar as pessoas, mas não houve qualquer modificação (na instituição), nenhuma”. Traduzindo: O Exército de hoje é o mesmo de ontem e de amanhã: O Exército de Caxias!
A pergunta mais capciosa foi sobre a decisão de exumar o presidente pré-bolivariano. E a resposta foi precisa, dando a César o que é de César: “Isso não tem nada a ver conosco, não há nenhuma interferência ou posicionamento nosso. Cabe à família e às pessoas competentes determinarem esse ato.”
 O PT se supera e exulta a cada vez que comete uma imbecilidade maior que a anterior. Essa foi um passo à frente. Tem a cara dele. Seria uma injustiça negar-lhe os créditos por mais essa idiotice. E o General foi bastante criterioso nesse ponto.
Nós, do grupo Monte Castelo, uma das Chapas que concorrerão às eleições do Clube Militar em 2014, apresentamos armas ao General Carlos Bolivar Goellner. Vemos nele o exemplo do Chefe de que o Exército se orgulha. Chefes que estão começando a se sensibilizar com o estado da Pátria, malbaratada pelos maus brasileiros de sempre.
Ouvindo essas verdades, a Sra. Maria do Rosário acusou o golpe e teve um chilique. Mas nem leve isso em conta, meu General: um “intelectual” de meu tempo dizia sempre que os cães ladram, mas a caravana passa...

(Visite o site www.monte-castelo.org)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO - O Estado de S.Paulo - 01 Dez 2013
 
Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais - mesmo que controversos - erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a "nova sociedade". Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.
Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão deu-se em plena vigência do Estado de Direito, num momento em que o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal. Então, por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso, a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff... Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.
Em toada semelhante, o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade. "Estamos juntos", disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao País, o que dizer?
Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira. São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas. É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencerem à "base aliada" de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e das demais transgressões, como se o "hegemonismo petista" que os mantém fosse compatível com a democracia.. Que dizer, então, da parte da elite empresarial que se ceva dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?
Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que, ao deixar a presidência do STF, a onda moralizante dê marcha à ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da Pátria. São sinais alarmantes.
Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer, então, das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E sejamos francos: estamos berrando pouco.
É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue deslindar-se de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível. Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só aos consumidores, mas, em volume muito maior, aos audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem beneficiar-se do Estado distorce as práticas republicanas.
Tudo isso é arquissabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulopetismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.
 
* SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA