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Caserna

sábado, 10 de novembro de 2012

CUBA, O INFERNO NO PARAÍSO

Correio do Povo, Porto Alegre (RS)

Juremir Machado da Silva (jornalista gaúcho, da ala da esquerda, que  acompanhou o governador Tarso Genro - linha trotskista - em "visita" a Cuba, não se sabe para quê) 

     Na crônica da semana passada, tentei, pela milésima vez, aderir ao comunismo. Usei todos os chavões que conhecia para justificar o projeto cubano. Não deu certo. Depois de 11 dias na ilha de Fidel Castro, entreguei de novo os pontos.
     O problema do socialismo é sempre o real. Está certo que as utopias são virtuais, o não-lugar, mas tanto problema com a realidade inviabiliza qualquer adesão. Volto chocado: Cuba é uma favela no paraíso caribenho.
     Não fiquei trancado no mundo cinco estrelas do hotel Habana Libre. Fui para a rua. Vi, ouvi e me estarreci. Em 42 anos, Fidel construiu o inferno ao alcance de todos. Em Cuba, até os médicos são miseráveis. Ninguém pode queixar-se de discriminação. É ainda pior. Os cubanos gostam de uma fórmula cristalina: ‘Cuba tem 11 milhões de habitantes e 5 milhões de policiais’. Um policial pode ganhar até quatro vezes mais do que um médico, cujo salário anda em torno de 15 dólares mensais. José, professor de História, e Marcela, sua companheira, moram num cortiço, no Centro de Havana, com mais dez pessoas (em outros chega a 30). Não há mais água encanada. Calorosos e necessitados de tudo, querem ser ouvidos. José tem o dom da síntese: ‘Cuba é uma prisão, um cárcere especial. Aqui já se nasce prisioneiro. E a pena é perpétua. Não podemos viajar e somos vigiados em permanência. Tenho uma vida tripla: nas aulas, minto para os alunos. Faço a apologia da revolução. Fora, sei que vivo um pesadelo. Alívio é arranjar dólares com turistas’. José e Marcela, Ariel e Julia, Paco e Adelaida, entre tantos com quem falamos, pedem tudo: sabão, roupas, livros, dinheiro, papel higiênico, absorventes. Como não podem entrar sozinhos nos hotéis de luxo que dominam Havana, quando convidados por turistas, não perdem tempo: enchem os bolsos de envelopes de açúcar. O sistema de livreta, pelo qual os cubanos recebem do governo uma espécie de cesta básica, garante comida para uma semana. Depois, cada um que se vire. Carne é um produto impensável.
     José e Marcela, ainda assim, quiseram mostrar a casa e servir um almoço de domingo: arroz, feijão e alguns pedaços de fígado de boi. Uma festa. Culpa do embargo norte-americano? Resultado da queda do Leste Europeu? José não vacila: ‘Para quem tem dólares não há embargo. A crise do Leste trouxe um agravamento da situação econômica. Mas, se Cuba é uma ditadura, isso nada tem a ver com o bloqueio’. Cuba tem quatro classes sociais: os altos funcionários do Estado, confortavelmente instalados em Miramar; os militares e os policiais; os empregados de hotel (que recebem gorjetas em dólar); e o povo. ‘Para ter um emprego num hotel é preciso ser filho de papai, ser protegido de um grande, ter influência’, explica Ricardo, engenheiro que virou mecânico e gostaria de ser mensageiro nos hotéis luxuosos de redes internacionais.
     Certa noite, numa roda de novos amigos, brinco que, quando visito um país problemático, o regime cai logo depois da minha saída. Respondem em uníssono: Vamos te expulsar daqui agora mesmo’. Pergunto por que não se rebelam, não protestam, não matam Fidel? Explicam que foram educados para o medo, vivem num Estado totalitário, não têm um líder de oposição e não saberiam atacar com pedras, à moda palestina. Prometem, no embalo das piadas, substituir todas as fotos de Che Guevara espalhadas pela ilha por uma minha se eu assassinar Fidel para eles.
     Quero explicações, definições, mais luz. Resumem: ‘Cuba é uma ditadura’. Peço demonstrações: ‘Aqui não existem eleições. A democracia participativa, direta, popular, é uma fachada para a manipulação. Não temos campanhas eleitorais, só temos um partido, um jornal, dois canais de televisão, de propaganda e, se fizéssemos um discurso em praça pública para criticar o governo, seríamos presos na hora’.
     Ricardo Alarcón aparece na televisão para dizer que o sistema eleitoral de Cuba é o mais democrático do mundo. Os telespectadores riem: ‘É o braço direito da ditadura. O partido indica o candidato a delegado de um distrito; cabe aos moradores do lugar confirmá-lo; a partir daí, o povo não interfere em mais nada. Os delegados confirmam os deputados; estes, o Conselho de Estado; que consagra Fidel’.Mas e a educação e a saúde para todos? Ariel explica: ‘Temos alfabetização e profissionalização para todos, não educação. Somos formados para ler a versão oficial, não para a liberdade.
     A educação só existe para a consciência crítica, à qual não temos direito. O sistema de saúde é bom e garante que vivamos mais tempo para a submissão’. José mostra-me as prostitutas, dá os preços e diz que ninguém as condena: ’Estão ajudando as famílias a sobreviver’. Por uma de 15 anos, estudante e bonita, 80 dólares. Quatro velhas negras olham uma televisão em preto e branco, cuja imagem não se fixa. Tentam ver ‘Força de um Desejo’. Uma delas justifica: ‘Só temos a macumba (santería) e as novelas como alento. Fidel já nos tirou tudo.Tomara que nos deixe as novelas brasileiras’. Antes da partida, José exige que eu me comprometa a ter coragem de, ao chegar ao Brasil, contar a verdade que me ensinaram: em Cuba só há ‘rumvoltados’.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Nomes para lembrar ou para esquecer

Escrito por Sérgio Paulo Muniz Costa


Hitler e Mussolini: afrontando as instituições e a Constituição./Reprodução
A História, fonte de conhecimento para tantas ciências sociais, é um caminho para a compreensão dos acontecimentos. Hoje, dispomos de muitas referências históricas para o entendimento das estruturas políticas contemporâneas, mas o megaestudo de caso das patologias sociais que ainda inquieta corações e mentes do século 21 é o que ocorreu na Alemanha há oitenta anos, o mais documentado episódio da era dos equívocos. Uma combinação trágica de voluntarismo com populismo.  
O historiador Joachim Fest conta a resposta do indivíduo central dessa tragédia quando pediram a ele que considerasse a paz com a União Soviética, no outono de 1943: "Sabe, Ribbentrop, se eu entrar em acordo com a Rússia hoje, acabo declarando guerra novamente amanhã – esse é meu jeito". No caso, o "jeito" de Hitler significou a maior destruição da Europa do Leste desde a invasão mongol do século 13. 
Um outro biógrafo de Hitler, Ian Kershaw, mostra como "planejadores, organizadores, teóricos da dominação e os tecnocratas  do poder na liderança das SS viram a Polônia como um playground experimental" e, junto com políticos, servidores públicos "inventivos", oficiais e soldados, foram mortalmente eficazes na convicção de estarem "trabalhando para o Führer" – o que se explica naquilo que Renzo de Felice identificou como o "mito do chefe", essencial para um  "regime político de massa".
Povos se agitam e entram em conflito pelo que lhes parece justo. Como as pessoas, acertam e erram – mas como coletividades, seus acertos e erros são incomensuravelmente mais extensos e profundos à luz da História. Hoje, após muitos desastres, nossa civilização vive a pretensão de evitar o mal antes que se consume.
A devastação moral da Alemanha nazista ensina que não há equívoco atribuível a um só indivíduo, nem coletividades inocentes perante os infortúnios que ocorrem.  O caso alemão foi um exemplo extremo de como energia, capacidade e determinação de um povo podem causar tanto mal.
Mais importante é a lição daí extraída: não há povos melhores do que outros a ponto de não correrem risco de errar. Com suas crenças, rivalidades e vulnerabilidades, todos estão sujeitos ao erro e a única coisa que parece diminuir sua extensão é o medo de cometê-lo.
O medo de errar fez da política também a arte de causar o menor mal possível, a nós e aos outros. Na organização das sociedades isto tem nome: instituições. Povos que souberam promover sua liberdade, segurança e prosperidade trataram de construir, em primeiro lugar, a forma de se governar de acordo com a lei a ser obedecida por quem vai governar.
Essa instituição, a primeira de todas, tem nome: Constituição.
O que a História ensinou nesta parte do mundo é que o governo não faz a Constituição: cumpre-a. Isto também tem nome: democracia. Portanto, quando o mito do chefe supera as instituições, a democracia está em risco.
É o que está acontecendo no Brasil. O partido político que governa o País há quase uma década se recusa a acatar o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a prática política que o envolve no maior escândalo de corrupção de nossa história. Essa afronta às instituições, à Constituição e à democracia é justificada no discurso petista pelas "mudanças" que Lula teria promovido no País. O que a militância petista não percebe é que esse discurso coloca seu líder em estranha posição (que ele negou muitas vezes), semelhante à de um certo cabo Adolfo que mudou a Alemanha à custa de suas instituições, Constituição e democracia. 
Em relação ao julgamento dos golpistas de Munique em 1924, como asseverou John Toland, "o sentido político das acusações [...] contra Hitler, Ludendorff e mais oito acusados ultrapassava de muito o destino pessoal de cada um dos réus. A nova república e a democracia também estavam em julgamento".
Acossada por todos os lados, a República de Weimar deveu sua sobrevida também à condenação de alguns dos responsáveis pelo Putsch, o principal deles Hitler, que, no entanto, sairia da prisão antes do prazo de detenção, ovacionado como herói graças à propaganda e à intimidação à Suprema Corte da Baviera.
Está fora de questão que esta República no Brasil se deixe intimidar, uma tentativa que deve causar a mais viva indignação à sociedade e, muito particularmente, aos militantes do PT.
Afinal, o precedente histórico também tem nome: fascismo.

Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A Placa na AMAN: Uma interpretação

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Aileda de Mattos Oliveira

Os fatos que ocorrem no mundo oferecem várias leituras, embora uma seja suficiente para se ter uma visão do lado positivo e do lado negativo do acontecimento. Cabe às interpretações iluminarem os subentendidos, tornando claros, a cada passo, os pontos até então submersos na “estrutura profunda” do pensamento, conforme expressão do linguista Noam Chomsky. E nas profundezas do propósito das ações, acrescenta-se.

É necessário trazer à superfície o que não está expresso no discurso oficial, mas torna-se claro nas palavras de outros agentes e que se vão encaixando, no contexto, como peças de um jogo bem-armado.

É indispensável que se retire até mesmo do turvo pensamento da esquerda, seja dos condutores do partido seja de um simples prosélito, os indícios das futuras e mal-intencionadas investidas.

São carregados de rancor os atos governamentais e, por isso, resultam em acontecimentos sempre deploráveis. No caso em questão, o da ‘placa’, o governo não está sozinho no intento de desmoralizar uma instituição respeitável, de alto nível disciplinar e intelectual, e formadora do pensamento militar brasileiro.

A partir das palavras pronunciadas durante a encenação programada entre família e governo, algo começou a delinear-se, a destacar-se e a tornar-se visível aos olhos investigativos. Por si mesma, a tal placa transformou-se num objeto simbólico de autoafirmação política, de autoafirmação doutrinária, de ostentação de poder, de ambas as partes. Sim, a família já faz parte desse poder.

Se foi um ato execrável a introdução de uma placa no recinto militar, resultante de abominável servilismo do governo vermelho a uma organização estrangeira (OEA), ferindo profundamente a soberania nacional e a gloriosa Instituição AMAN, esse ato resultou do trabalho de uma ONG para a qual todas as portas internacionais estão abertas, desde que vise ao descrédito de alguma renomada instituição brasileira.

As palavras da mãe do cadete vitimado dão conta de que seu vocabulário mantém uma relação muito estreita com o usado pelo sistema em vigor que lhe facilitou todas as entradas e saídas.

Se há unidade vocabular, há unidade de pensamento e, a partir dessa sintonia entre os dois lados interessados, surge uma verdade até então não observada (creio) por ter a indignação de militares (Reformados) ficado acima de qualquer outra avaliação. Não podiam imaginar a sua querida Casa ofendida com a presença dos que renegam as cores brasileiras, pisando o mesmo chão, onde estão gravados no tempo os passos de todos os que por sobre ele passaram.

Frases retiradas do artigo do sequestrador Franklin Martins: ”esqueçamos o luto e vamos à luta“ (mãe); “um ato histórico de suma importância” (ongueiras Victoria Grabois e Cecilia Coimbra do Grupo Tortura Nunca Mais), dão o toque final da interação entre família e a representação governamental que se fez presente.

A verdade é que a placa passou a simbolizar a exteriorização ideológica da família, ajustada ao perfil do governo, o que leva a acreditar na existência de uma cumplicidade efetivada, levando à suposição de que poderia haver, no futuro, um militar passível de pôr em prática atividades antibrasileiras, dentro da própria Instituição, a serviço de Organizações subsidiadas com dinheiro público, para minar os alicerces constitucionais do Brasil. Foi com esses tipos de órgão que a família manteve-se em contato.

Se a homenagem fosse unicamente para reverenciar a memória do cadete, não permitiria a família que a data escolhida coincidisse com a do aniversário de morte de Che Guevara, um assassino, cujas ações criminosas eram realizadas em nome de um regime totalitário, responsável pelos milhares de mortes e prisões de seus dissidentes. Na atitude dessa mãe, vê-se uma grande contradição, ou nenhuma contradição, dependendo do ângulo em que se analisa o fato.

Ninguém lhe nega a dor da perda do filho, mas o que está em análise é o uso dessa dor para outros fins, bem distantes dos sentimentais.

Logo, essa placa deve tornar-se, apenas, objeto de desprezo dos militares, pois, invertidos os papéis, ela acusa, torna pública a posição politico-ideológica de uma família, totalmente em desacordo com as diretrizes seguidas pela AMAN de formar Defensores Permanentes do Estado Brasileiro, mas totalmente de acordo com os objetivos do governo petista. Fica a interrogação sobre a ideologia do filho.

O candidato ao serviço militar conhece as exigências da caserna, a rigidez disciplinar e os rigores dos exercícios a que serão submetidos. Ninguém é obrigado a se inscrever na AMAN e se deseja pertencer a seus quadros, é por vontade própria ou por imposição dos pais. Neste último caso, são responsáveis pelo mau desempenho que vier a demonstrar o filho, sem vocação, para uma profissão de exigências sem privilégios.

Nas Organizações Militares, forjam-se homens, portanto, aquele que não estiver disposto a sujeitar-se às obrigações regulamentares, deixe a vaga a quem tenha aptidão para a função e busque um lugar ao sol debaixo da tenda da acomodação.

A mãe ou a esposa de um jogador de futebol, que morre no campo, em pleno jogo, não cobra “direitos humanos” do treinador, acusando-o de exagero nos treinos táticos e técnicos; a família de um funcionário público ou privado, que enfarta ou sofre um acidente no trabalho, não acusa o chefe de maus tratos nem de tortura, e nem exige uma solenidade para emplacar tal acontecimento; a família de uma criança, vítima fatal na queda de um andar na escola, não exige placa execratória, nem o colégio sofre as mesmas sanções federais quanto um órgão militar.

Portanto, a hipocrisia dos tais “direitos humanos” está escancarada aos olhos do verdadeiro cidadão, o alfabetizado, porque visa apenas à instituição Exército, pelo horror que causam os militares desta Corporação à caterva debochada que destrói o país.

Este elo entre família e governo, falando a mesma linguagem política, num dia de homenagem a um indivíduo ignóbil, deixa uma dúvida. Quem foi, na realidade, homenageado? O cadete ou o Che?

Aileda de Mattos Oliveira é Professora Doutora em Língua Portuguesa. Membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.

domingo, 4 de novembro de 2012

Minha cela, minha vida!


O Supremo deu um basta
na majestosa pandilha,
que andava feito matilha
se achando acima da lei,
protegida pelo " rei "
ficava tudo em família!

Mas desabou o castelo
desses bandidos safados,
falo desses atolados
na lama do mensalão,
saqueadores da Nação
da vergonha deserdados!

Subestimaram a força
dos homens de capa preta,
que não usam baioneta
mas não temem camarilha,
pois desmontaram a quadrilha
Somente usando caneta.

O brilhante Joaquim Barbosa,
Ministro de fundamento,
homem de conhecimento
e do mais notável saber,
não precisa nem dizer
que é o grande herói do momento.

Liderou toda uma equipe
com firmeza e maestria,
nessa nobre cirurgia
feita na quadrilha inteira,
pra estancar a roubalheira
que há muito se promovia.

Mas parte da nossa imprensa,
covarde, não fala nada... ,
pois vem de longe comprada
por verbas publicitárias,
propagandas milionárias
para se manter calada.

O que me tapa de nojo
nesse covil de falsários,
é ouvir os comentários
de bandidos condenados,
se dizendo "injustiçados:"
Mas que bando de ordinários!!!

Que a máfia não se preocupe
com a chuva, sol ou com vento,
pois não vai ficar ao relento...
sem casa, cama e comida,
pois ela será incluída
num eficiente programa,
que oficialmente se chama:
" MINHA CELA, MINHA VIDA! "
              
Autor: Alamir Longo - RS