Caros amigos,
Estou fortemente convencido de que
não é do interesse da Força ou de qualquer de seus integrantes e muito menos dos
nossos Chefes de hoje e de ontem a divisão do Exército em “da ativa” e “da
reserva”, muito embora tenha identificado atitudes pontuais, de ambos os
“lados”, que, mesmo sem querer, fomentam a divisão.
São arroubos de indignação, na
maioria das vezes motivados por desconhecimento, desinformação ou
precipitação, dos companheiros inativos que, no dizer do Gen Octávio Costa,
“têm a farda como outra pele, aderida à alma, irreversivelmente, para sempre”, o
que pode não justificar determinadas atitudes e interpretações, mas as explica
sobejamente!
São as mágoas e incompreensões dos
camaradas da ativa que, por estarem em dia e em ordem com os acontecimentos,
decisões, planos, projetos e circunstâncias não aceitam as críticas, devidas ou
indevidas, dos que, mesmo errados ou enganados, só pensam e agem em favor do bem
da Força e que merecem a complacência e a consideração de uma explicação que, na
maioria das vezes, “está no site”, o que é sabidamente insuficiente!
Por outro lado, vivendo em Brasília e
estando, portanto, mais próximo do que está a ocorrer no Exército, estou também
convencido de que há bons motivos para acreditar que os dirigentes políticos,
por piores que sejam, finalmente entenderam que as Forças Armadas são
fundamentais e imprescindíveis para dar suporte e garantia aos compromissos
internacionais e à conquista do espaço que o Brasil pretende e deve ter no
concerto das nações.
Este entendimento, mesmo que não se
respalde na lógica do estudo geoestratégico, fartamente conhecido por gerações
de militares, se deve à conclusão, também lógica, de que, neste momento, as
Forças Armadas são as únicas instituições sérias e confiáveis do País e que,
portanto, precisam estar preparadas e equipadas de acordo com a importância das
suas missões constitucionais.
A organização e a segurança dos
grandes eventos assumidos pelo Brasil para os próximos anos, Copas e Olimpíadas,
impõem seriedade e competência e, por isto mesmo, não poderão ser entregues a
outras instituições que não às Forças Armadas, em particular ao Exército
Brasileiro.
Seja por razões estratégicas ou por
necessidade de garantia de sucesso nos eventos esportivos mundiais, a verdade é
que as Forças Armadas nunca estiveram tão perto de conquistar as capacidades que
sempre almejaram e que farão com que tenham, no momento oportuno e decisivo, o
poder e a estatura compatíveis com as dimensões, as responsabilidades, a
importância e as riquezas do Brasil.
Por outro lado, infelizmente, também
constato que há um preço a pagar por esta perspectiva de conquista do futuro
almejado, qual seja o esquecimento de uma parte importante e fundamental da
história recente do País, na qual a Forças Armadas, em especial o Exército,
desempenharam papel preponderante e asseguraram a preservação dos valores e dos
pressupostos que sempre nortearam a evolução da nacionalidade e o amadurecimento
político da Nação.
É triste ver velhos camaradas,
apontados, até há pouco,
como exemplos, que arriscaram suas vidas e expuseram suas famílias às ameaças de
fanáticos terroristas, no estrito cumprimento do dever e das ordens recebidas,
serem abandonados à própria sorte como se esse tempo, essas ordens, seus feitos
e suas vitórias nunca tivessem existido e seu sangue nunca tivesse sido
derramado!
Não existem, com certeza, dois
Exércitos, mas, aparentemente, uma parte dele está sendo deixada para trás, sua
lembrança e seus feitos estão sendo extirpados como se fossem cânceres da história e
da memória ou como condição imposta para que o Exército tenha a dimensão e as
capacidades que o Brasil precisa e o futuro exige.
Torço e rogo a Deus para que o que
interpreto e lamento como fato seja mais um arroubo de indignação,
motivado por desconhecimento, desinformação ou precipitação e que eu, mais
uma vez, esteja errado!
Gen Bda Paulo Chagas
Meus amigos
ResponderExcluirSem querer polemizar, mas já polemizando, queria acrescentar algumas considerações pessoais sobre este excelente artigo do nosso nobre cavalariano P Chagas.
Vou tratar dos quatro últimos paragrafos.
Há um preço a pagar, o esquecimento....
Não , não acho que devamos esquecer.
Acho que o pessoal da ativa tem o dever de não tocar em assuntos que firam suscetibilidades dos comandantes em chefe do momento, mas nós da reserva temos a obrigação de continuar divulgando a verdade do que ocorreu.
Não fizemos nada do que nos envergonhar. Os companheiros que hoje estão sendo crucificados por uns esquerdóides delinquentes, precisam de nosso apoio.
A verdade deve ser dita em alto e bom som para todos aqueles que não viverem aquela época.
Temos que apoiar o Cel Ustra para que não seja considerado culpado de algo que não fez..
Nossos chefes de hoje tem a obrigação de cumprirem as normas e o pensamento da nossa presidente. Para isso somos formados.
Nós da reserva temos que continuar apoiando nossos chefes da ativa, nada de críticas porque não temos todos os dados do problema, a nossa desunião só interessa aos esquerdistas de plantão.
Por outro lado , não podemos esquecer os companheiros da reserva que lutaram o bom combate e venceram, apesar de todas as vicissitudes.
Portanto, não abandonemos os velhos camaradas, esta é a nossa obrigação e é proibida para os companheiros da ativa.
Não existem dois exércitos e nenhum está sendo deixado para trás, apenas não podem e não devem fazer parte de comemorações oficiais.
Todos os capitulos de nossas armas devem ser comemorados pelo pessoal da reserva, sem atingirmos a nossa Cmt em Ch, mas relembrando os feitos heróicos daqueles que nos antecederam.
Meu prezado amigo P Chagas não lamente sua interpretação, apenas entenda que nossas comemorações e nossa historia tem que ser relembrada fora dos quartéis, porque os tempos são outros, mas nem por isso devemos deixar de nos reunir e fazer nossas relembranças.
Com o meu abraço
Gen Bda Refo Manoel Theophilo