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terça-feira, 28 de abril de 2015

31 DE MARÇO E SEU SIGNIFICADO


 
 Sérgio Paulo Muniz Costa
Historiador.

Membro do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa” da UFJF.
Pesquisador do CEBRI e responsável pela Clio Consultoria Histórica.
Autor do livro: Os Pilares da Discórdia – Fundamentos de uma incerteza
        (Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1995).

        spmunizcosta@gmail.com   
                                                
       clioconsultoriablog@gmail.com




 Devido ao tamanho do documento colocamos aqui o link para que seja lido em página separada.  Copie o link e abra em uma outra página. (Blog)

http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/31M.pdf 

domingo, 19 de abril de 2015

CARTA DO POVO BRASILEIRO!

BRASILIA, 15 de abril de 2015


Às suas Excelências senhores Deputados Federais, senhores Senadores, senhor Presidente da Câmara dos Deputados e senhor Presidente do Senado.
A democracia brasileira está fragilizada. A República está em risco. E o povo brasileiro está farto.
O povo cansou do desrespeito e da incompetência de alguns políticos e governantes brasileiros, e exige mudanças já.

AS RAZÕES

Vivemos um quadro assustador de corrupção no seio dos poderes constituídos. A corrupção é histórica, sim, e nem por isso admissível. Há 12 anos, porém, ela se tornou sistêmica e se institucionalizou na máquina pública em níveis sem precedência, como nunca antes visto. Um câncer a comer as entranhas já podres do país. Os sucessivos escândalos nos órgãos e empresas públicas vêm à tona e envergonham a nação. Agravado pela impunidade reinante, nós, cidadãos brasileiros, vivemos uma sensação de desesperança. A justiça não consegue cumprir seu papel de forma neutra e sem interferências de outros poderes. O Executivo, tentando proteger suas bases de apoio político, interfere no livre andamento das investigações que deveriam ser conduzidas imparcialmente pelo Judiciário. Quando passamos a acreditar que malfeitores pudessem ser penalizados, assistimos incrédulos ao tratamento privilegiado de políticos criminosos, que não mais se encontram onde deveriam estar: junto aos outros contraventores, presos. O Brasil, ao tratar de forma diferenciada políticos e trabalhadores, não conseguiu deixar de ser um país injusto.
A associação da corrupção à impunidade impede o Brasil de se tornar um país desenvolvido. O povo brasileiro, cansado e indignado, quer dar um BASTA nisso.
A ineficiência da gestão pública é outro tumor maligno que adoece o país. É responsável por fazer do Brasil um país desigual, mais pobre e estagnado. O Brasil não suporta mais o inchamento, o amadorismo e o clientelismo das máquinas públicas, o conhecido “toma lá, dá cá”. No plano federal, as contas não fecham. A Lei de Responsabilidade Fiscal, depois de desrespeitada, foi alterada para acobertar o crime cometido pelo Governo Federal e pela Presidente. Obras, quando finalizadas, são entregues a custos inaceitáveis, ofensivos para os reais financiadores, os contribuintes. O excesso de servidores comissionados agride os cofres públicos e a mínima decência. Programas sociais são descontinuados. Os que continuam têm um claro e explícito ar eleitoreiro. Os programas sociais condenam os mais carentes à escravidão em lugar de promover-lhes o crescimento. A lógica é da universalização dos benefícios e não das oportunidades. A saúde vive eternamente na UTI. Brasileiros morrem diariamente nas filas do SUS. A violência urbana cresce em escalada incontida, principalmente nas periferias, matando principalmente crianças e adolescentes, que perdem a vida na guerra diária das drogas. Mais de 50.000 mortes violentas por ano denunciam a falência completa da ordem pública. É uma guerra não anunciada. O sistema público educacional não consegue cumprir sua função maior de formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Não forma alunos preparados para ingressarem no ensino superior. Não capacita os jovens a serem profissionais qualificados. A economia enverga. Os empregos somem. A inflação cresce. A moeda se desvaloriza. Administra-se por contingências – em um eterno apagar de incêndios.
Aumentam-se as tarifas, os preços controlados e os impostos. E o pior: para reparar seus maus feitos, o governo pede ao povo para pagar a conta da ineficiência.
Pagamos impostos a fundo perdido. Impostos que não voltam à sociedade na forma de serviços básicos de qualidade. Tributos, que deveriam servir aos interesses e necessidades do povo, principalmente dos mais carentes e necessitados, são desviados, via corrupção, para enriquecimento próprio, para o populismo, para a conquista e manutenção de poder.
O governo federal está sem rumo. O povo brasileiro, farto e escorraçado, quer dar um BASTA nisso.
No campo da moralidade, a ética e a decência desapareceram. A mentira passou a ser procedimento costumeiro nos pronunciamentos do governo federal à nação. A trama da manipulação de dados é um aliado habitual para justificar os consecutivos erros. Contabilidade criativa é o eufemismo que se usa para explicar o injustificável. Não existe transparência nos atos e nas contas. Não existe por parte do governo o reconhecimento dos equívocos e de suas fragilidades. Não existe pudor. A falta de vergonha com que se diz a mentira como se fosse verdade é cínica e abusiva. Assustadoramente, criamos uma geração de crianças e jovens que assistem à mentira como padrão de comportamento de governantes, geralmente acompanhados de enriquecimento pessoal. Exemplo maior ocorreu nas eleições de 2014, quando a presidente Dilma Roussef deflagrou o mais escancarado estelionato eleitoral da história do Brasil. O partido do governo, além de ser conivente com estas práticas, trata seus membros criminosos como ídolos, e continua a lhes atribuir poder. O Partido dos Trabalhadores teve 13 anos de poder para mudar o Brasil, conforme prometeu em sua carta ao povo brasileiro em 2002. Ele recebe agora, do mesmo povo, uma carta que repudia a situação na qual o país foi deixado.
O povo brasileiro, desrespeitado e inconformado, quer dar um BASTA nesse estilo ilegal, ilegítimo e antiético de fazer política. Esconde-se do povo inaceitáveis associações internacionais que ameaçam a democracia. O governo brasileiro patrocina, através de supostos investimentos e aberta ideologia partidária, países totalitários e populistas, organizados através do Foro de São Paulo. Este clube reúne todos os partidos de extrema esquerda da América Latina e Caribe, além de possuir visíveis indícios da participação de organizações criminosas e terroristas, como as FARC. O ex-presidente
Luís Inácio Lula da Silva, com forte influência no atual governo para o qual fez campanha, vem há anos, neste clube, idolatrando as práticas de líderes totalitários, entre outros da Venezuela, como Hugo Chavez e Nicolas Maduro.
O povo brasileiro não mais ignora este projeto, e educa-se politicamente para discernir o certo do errado.
Quem deveria resolver estes graves problemas do Brasil?

A REPRESENTATIVIDADE

Como representantes constituídos pela sociedade, resta a Suas Excelências o DEVER de atuar na solução destes problemas.
A trágica realidade brasileira, agravada por um sistema político com fortes traços populistas, e que não tem a sociedade como principal beneficiária, vem há uma década indignando o povo brasileiro, que não mais aceita ser apenas um coadjuvante no projeto do governo.

E O POVO ACORDA

Cansados deste cenário frustrante, ao longo dos últimos anos, vários movimentos democráticos e apartidários lideram nas redes sociais campanhas maciças de conscientização do povo para as grandes questões políticas e sociais. Em 2013, grupos saíram às ruas em protesto contra atos do governo federal, da classe política e do judiciário. Diante da situação que passou de grave a inaceitável, a partir de outubro de 2014 movimentos passaram a sair às ruas de forma consistente e organizada. Até fevereiro de 2015, foram seis manifestações de massa, e vários atos públicos simbólicos em dezenas de cidades por todo o País.
Diante da ausência de resposta do governo e do Congresso, em março e abril de 2015, num espaço de quatro semanas, o povo saiu às ruas nas duas maiores manifestações espontâneas da história da América Latina. Elas ocorreram em mais de 450 cidades por todo o Brasil, em todas as regiões. Trouxeram às ruas mais de três milhões de brasileiros de todas as classes sociais, indignados com o desrespeito do governo e da classe política. A voz das ruas é uníssona: desaprovação ao governo federal; solicitação de julgamento neutro e condenação de todos os envolvidos em crimes de corrupção; repúdio e revolta às manobras descomprometidas com a justiça e a verdade, protagonizadas por membros da mais alta corte da justiça brasileira.
Os históricos protestos, mesmo envolvendo milhões de pessoas, foram pacíficos, democráticos, cívicos e ordeiros. O povo vem às ruas na esperança de ter sua voz e seus pleitos ouvidos por aqueles que constitucionalmente estão na condição de representantes de seus interesses. Verdade legal que, hoje, desperta dúvida real, uma vez que o próprio representante que não dá a devida atenção a tais pleitos, põe em questionamento tal legitimidade. Note-se que para cada uma das grandes manifestações de março e abril o Governo Federal e o Partido dos Trabalhadores também chamaram, em datas próximas, seus simpatizantes para virem às ruas. Em março, o número de pessoas pró governo foi 40 vezes menor que os manifestantes contra o governo. Em abril foi 100 vezes menor e, acompanhado de violência.
A proporção entre os movimentos de rua pró e contra governo demonstra o sentimento e o posicionamento da sociedade diante da grave situação política, econômica e ética do País.
Diante disso, os representantes do povo devem agir.

PROPOSTAS CONCRETAS

Atendendo a urgência que o momento exige, viemos neste instante apresentar ao Congresso Nacional a primeira pauta de reivindicações da agenda construtiva para um novo Brasil:
1) Enfrentamento real da Corrupção através do fim da impunidade
a) Aprovar, prioritariamente, as 10 medidas de combate à corrupção apresentadas pelo MPF;
b) Submeter os acordos de leniência à anuência do Ministério Público;
c) Apoiar incondicionalmente o Juiz Sergio Moro, o Ministério Público Federal, e a Polícia Federal nas investigações da Operação Lava Jato;
d) Agravar as penas para corrupção, aprovando-se o projeto de lei 915, que cria o crime de Lesa Pátria;
e) Fortalecer a Polícia Federal para combater a corrupção;
f) Indicar servidores concursados, de carreira, idôneos, com amplo reconhecimento e competência comprovada para os cargos do STF, STJ, TCU, STM, MPF e TSE, com prazo de mandato definido e com posterior quarentena;
g) Senado exercer papel de controle efetivo da capacidade dos indicados acima, por meio de sabatina, com critérios objetivos de imparcialidade, convidando técnicos da OAB, CNJ e MPF para compor o grupo avaliador;
h) Implementar eleições diretas por entidades representativas para escolha dos Procuradores Gerais, com o fim de listas tríplices e escolhas arbitrárias pelo chefe do Executivo;
g) Afastar o Ministro Dias Toffoli do STF e TSE por não atender ao critério de imparcialidade.
2) Presidência da República
a) Pedir ao STF e ao Procurador Geral da República a abertura de investigação por crime comum da cidadã Dilma Vana Roussef;
b) Apreciar com transparência os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Roussef apresentados ao Congresso.
3) Choque de ordem e transparência na gestão pública
a) Abertura total dos contratos de empréstimos realizados pelo BNDES, fim de empréstimos do BNDES a outros países e a empresas doadoras em eleições. Rejeição da MP 661;
b) Reduzir o número de ministérios, o número de cargos comissionados e o tamanho da máquina pública;
c) Transparência nas contas de todas as empresas públicas ou com participação societária do estado brasileiro;
d) Total transparência e redução dos gastos de parlamentares e governantes, incluindo os cartões de crédito governamentais;
e) “Revalida” para todos os médicos estrangeiros atuando no Brasil;
f) Redução e simplificação dos impostos.
4) Educação
a) Qualidade total na educação básica, sendo a mesma universal e meritocrática;
b) Fim da doutrinação ideológica e partidária nas escolas. Aprovação do PL 867/2015, “Escola Sem Partido”.
5) Ajustes no processo político eleitoral
a) Maior justiça, legitimidade e representatividade nas eleições pela implantação do Voto Distrital;
b) Eleições com registro eletrônico e impresso do voto, auditáveis por empresa idônea e partidos;
c) Revisão do financiamento público de campanhas. O Estado não suporta mais patrocinar a atual farra eleitoral;
d) Mandato único – Fim de reeleição para todos os cargos executivos. É importante frisar que novas pautas serão apresentadas e outras complementadas, nas próximas semanas, vindas do diálogo com as ruas, e conduzidas pelos vários movimentos democráticos, ressaltando que repudiamos qualquer tipo de controle da mídia ou limitação na liberdade de expressão irrestrita de todo e qualquer brasileiro.

O POVO QUER AÇÕES, NÃO PROMESSAS

A expectativa do povo brasileiro é que o Congresso Nacional não os abandone em seu dever moral e constitucional, encaminhe e execute estas demandas do povo brasileiro. Cada parlamentar, individualmente, deve se comprometer publicamente com o povo a promover esta execução de forma sistemática e organizada, com agenda e pauta e encaminhar as demandas com a rapidez que o momento exige. Não queremos discursos, nem promessas.
Queremos ação efetiva em busca de soluções que signifiquem avanços políticos e sociais para o Brasil através dessas demandas. Queremos proatividade, rapidez, objetividade e determinação em executá-las.
As bases para a construção de um novo presente e futuro para nossa nação estão lançadas.
Elas levarão nosso país para onde os brasileiros já mereciam estar há muito tempo.
Acabou-se o tempo do conformismo. Os trabalhadores brasileiros não mais tolerarão políticos que governam para causas próprias. Não mais assistirão impassíveis às maobras que visam a  manutenção do poder. Não mais aceitarão um governo mentiroso.
BASTA de desrespeito.
Estaremos atentos às ações do Congresso a partir de hoje, para observarmos qual a prioridade que ele dará à execução expressa das reivindicações das ruas. Estaremos igualmente atentos às ações do Executivo e do Judiciário, que têm papel de protagonismo em várias das reivindicações apresentadas. Os resultados efetivos que os três poderes atingirem na execução das demandas apresentadas levarão os brasileiros a decidir como proceder daqui para frente.
Os Movimentos de rua que aglutinaram milhões de brasileiros indignados, continuarão a atuar quando necessário, seja em caráter de massa ou local, sempre de forma ordeira, constitucional, e incisiva.
Exigimos um país politicamente mais ético, economicamente mais forte, socialmente mais justo. Não aceitaremos nada menos do que isso.
Um Brasil do qual seu povo, nesta e nas próximas gerações, possa finalmente se orgulhar.

Brasília-DF, 15/04/2015

Movimentos signatários:
Avança Brasil – Mudança Já
Basta Brasil
Brava Gente Brasileira
Chega de Impostos
Diferença Brasil
Eu Amo o Brasil
Instituto Democracia e Ética
Movimento 31 de Julho
Movimento Acorde
Movimento Brasil Contra a Corrupção
Movimento Cariocas Direitos
Movimento Cidadania Brasil
Movimento Fora Dilma
Movimento Jovens Transformadores
Movimento Guarulhos Livre
Movimento Muda Brasil
Movimento Pró Brasil
Movimento Quero Me Defender
Movimento Voz do Brasil
Muda Brasil
Nação Digital
Nas Ruas
Organização de Combate à Corrupção
Pátria Livre
Reage Brasil

Vem Pra Rua

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O NÃO DE DILMA PERSISTE!

O Estado de S.Paulo
14 Abril 2015 | 02h 04 

Embora as manifestações do último domingo contra a corrupção e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff tenham demonstrado, como era previsto, mobilização popular inferior à do evento de 15 de março, 6 em cada 10 brasileiros continuam a repudiar o governo petista e um número maior ainda, 63%, deseja o impeachment da chefe do governo, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no mesmo dia. O teor dessas manifestações de desagrado em relação ao desempenho da presidente, que, como as de março, se estenderam às principais cidades do País, sugere algumas reflexões importantes sobre a crise política em que o País está mergulhado.

A questão do impeachment ganha relevância quando se verifica que dois em cada três brasileiros desejam o "fora Dilma". Uma sociedade democraticamente organizada obedece a princípios definidos no arcabouço legal que disciplina o convívio social. O impeachment do presidente da República está previsto na Constituição, que no art. 85 define os crimes de responsabilidade nos quais pode haver enquadramento. O item V desse artigo, por exemplo, prevê o atentado à "probidade na administração".

Não basta, porém, a vontade da maioria da população para que o presidente da República seja acusado, julgado e condenado a perder o cargo. É necessária uma base legal cuja existência tem de ser aprovada por dois terços da Câmara dos Deputados. O passo seguinte, no caso do crime de responsabilidade, é o julgamento pelo Senado Federal. Condenado, o presidente da República é destituído e assume em seu lugar o vice-presidente. Esse é o procedimento legal, democrático, para o impeachment do presidente da República. A deposição por qualquer outra via é golpe, que a consciência democrática repudia.

Por se tratar, no entanto, de uma medida inquestionavelmente traumática, mesmo que rigorosamente enquadrada nos preceitos e ritos legais, o impeachment do presidente da República exige também, para garantia da estabilidade institucional, claro apoio popular. O que significa que nem sempre a existência de base legal é suficiente para que um processo de impeachment progrida, já que o respaldo popular é complemento indispensável para legitimar de fato a medida.

O apoio popular ao impeachment de Dilma Rousseff existe, por ampla maioria, como comprovam as pesquisas de opinião pública. Mais difícil, embora não impossível, é caracterizar a base legal para levar a presidente da República a julgamento. Para tanto seria necessário, por exemplo, comprovar que ela é responsável, no exercício de suas funções constitucionais, por atentado à "probidade na administração". Não é uma questão que se resolva nas ruas. Como prevê a Constituição, exige que os deputados federais aceitem as provas apresentadas e os senadores levem a presidente a julgamento. Trata-se, portanto, de uma questão eminentemente política.

É aí que deveria entrar a oposição ao governo, no trabalho de levantar e organizar as provas e evidências e de convencer a maioria dos parlamentares nas duas Casas do Congresso de que o afastamento da presidente é uma imposição da realidade política, econômica e social. Seria uma tarefa facilitada tanto pela extrema fragilidade política de um governo sem rumo como pelo apoio que pode ser obtido dos movimentos não partidários envolvidos na organização das manifestações populares contra o governo. A Operação Lava Jato e os julgamentos que dela decorrerem certamente são as fontes mais promissoras das provas de irregularidades e ilegalidades que comprometem, no mínimo por omissão, a cúpula do governo com a pilhagem e o desmonte da maior estatal brasileira.

Dessa perspectiva, faz todo sentido a decisão anunciada por representantes dos vários movimentos responsáveis pela organização dos protestos populares de dar um tempo nas manifestações de rua e concentrar a atenção agora na busca de apoio para suas reivindicações no Congresso Nacional. É esse o caminho, desde que possa haver entendimento entre esses movimentos não partidários e a oposição institucional, como opina em termos mais amplos o historiador José Murilo de Carvalho em entrevista publicada na edição de domingo do Estado.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Camaradas!


Diante de uma oposição incompetente e dos conchavos dentro do bloco governista, a população voltará domingo às ruas sem a intermediação dos políticos
Tentou-se de tudo. Primeiro a intimidação crua de violência contra as manifestações adversas ao governo. Depois uma operação explícita para impedir que a presidente da República seja responsabilizada por decisões das quais participou.

Em seguida a conhecida pajelança das manifestações a favor do governo patrocinadas com dinheiro público. Por fim, vieram as elegantes tentativas de desqualificar a ideia de impeachment.

Tudo em proveito da sobrevivência de um projeto de poder autoritário e corrupto, ao preço de completa eliminação da moralidade na vida pública brasileira, pois é exatamente isso que significa a não responsabilização dos envolvidos na enxurrada de denúncias de corrupção, a começar pela suprema mandatária do País.

Qualquer vaticínio sobre as consequências dessa monumental pizza pode se resumir num “ai de nós”, pois, assegurada a impunidade que se trama, certamente sobrará muito pouca coisa em que acreditar, a começar num Brasil melhor.

Diante do fracasso de tudo que se tentou até aqui para esvaziar o “Fora Dilma”, na noite desta quarta-feira o poder fez mais uma jogada, e sofisticada. Michel Temer, o vice-presidente, cedeu ao “apelo” de Dilma para assumir a articulação política do governo.

Antes, um ministro já havia declarado que era preciso “distribuir as responsabilidades entre partidos aliados”, uma ameaça mal disfarçada disparada de Buenos Aires.

Porém, em meio a notícias bem plantadas de que a indicação de Temer fez até baixar o dólar, quem se apressou em interpretar a notícia foi, nada mais nada menos, do que o líder da “oposição”, para quem Dilma fez uma “renúncia branca de seu mandato”.

Ora, se a presidente da República não tem praticamente mais nenhum papel a cumprir, se ela “renunciou”, como pretende o Senador Aécio Neves, para que clamar por seu impeachment? Não há por que, segundo essa lógica.

Vamos às ruas para que mesmo? Ah, sim! Para “uma agenda positiva para o país”. É para onde a “oposição” agora diz que devemos canalizar nossa indignação. Assim, em meio a esse fenomenal tiroteio, só nos resta mesmo assumir o papel de Tonto, encarar o Zorro e fazer aquela clássica pergunta: agenda positiva para quem cara-pálida?

Para o PT ganhar sobrevida política, para o PMDB continuar a achacar o governo, e para a “oposição” insistir na irrelevância sustentada com os votos de metade dos brasileiros?

Dessa maneira, os interesses dos grandes atores políticos saem preservados, numa espécie de trégua, apostando-se no esvaziamento das manifestações quando a população indignada descobrir que já não tem mais contra o que protestar e as camadas de mozzarella da “agenda positiva” da receita da “oposição” se derreterem.

Para esses estrategistas de fancaria, que compram tempo ao preço do engano, pouco importa o desenlace desastroso para o país. Importa-lhe apenas a continuidade, a qualquer preço, não importa o papel a desempenhar.

Mas o que o poder que faz conchavos, que derrama milhões de reais numa imprensa que nem precisa mais ser controlada, que aluga opiniões de quem algum dia se pretendeu crível, que não sofre uma oposição política digna desse nome e que não hesita em perpetrar as maiores iniquidades não entende é que tudo isso não funciona mais.

A indignação da população é palpável, quase que se pode tocá-la nas ruas; é viral, impossível de ser controlada pelos mercenários virtuais do PT; e é patriótica, crescente numa população que vai recuperando o seu civismo a partir de tudo que lhe foi tirado.

Domingo a população brasileira vai às ruas de novo, de graça de novo, por que “eles” não entenderam nada de novo. E vai continuar indo, por que há algo de novo no País.
Pela primeira vez na História do Brasil, espontaneamente, a população está dizendo claramente o que quer, independentemente dos políticos. E, ao contrário do que eles pensam, o tempo não corre a favor deles, mas escoa contra eles.

Serão eles, ou melhor, alguns deles, oxalá os melhores, que virão ao encontro da população no seu principal anseio: basta!

Nem tudo parece perdido para Dilma e o PT. Como alvos das manifestações no próximo domingo, parece que eles encontraram um grande camarada.

Fora Temer!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

CARTA ABERTA À EXMA. SENHORA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF

Senhora Presidente:

A Maçonaria brasileira, como deve ser de seu conhecimento, no passado promoveu ou, pelo menos, inspirou mudanças profundas nos rumos da Nação.
Hoje, achamos por bem sair do recato de nossas oficinas e nos expor, junto ao povo brasileiro, que temos todo o orgulho de compor, ao lado de mães e pais de família, trabalhadores rurais e urbanos, empreendedores, empresários honestos, jovens e crianças às quais ensinamos princípios de conduta cidadã, para dirigir-lhe esta carta, pública e transparente.
É necessário que se diga que nós, Maçons, não somos uma “elite branca”.
Somos a pluralidade do povo brasileiro, reunindo irmãos pardos, brancos, negros, caucasianos, indígenas etc. Mais ainda, temos por princípio o respeito às crenças religiosas e tendências políticas de cada um de nós: entre os Maçons, encontramos católicos, espíritas, evangélicos, budistas; oposicionistas e situacionistas, com ou sem vinculação a partidos políticos.
Porém, há séculos, deixamos de ser construtores de catedrais para sermos construtores sociais. Por isso, é impossível presenciarmos as escabrosas revelações trazidas a público por um respeitável brasileiro, dr. Sérgio Moro, e uma equipe de patriotas que compõem o Ministério Público (em todos os níveis) e a Polícia Federal, sem que nos manifestemos.
Juramos defender nossa Pátria contra agressões movidas contra ela, e a corrupção desenfreada revelada nos escândalos recentes (há mais por vir, além do (famoso Petrolão) não só agride nosso amado Brasil como é mácula que envergonha nossa história, infelizmente. Por isso mesmo, tal nódoa não deve nunca ser esquecida,
para que as futuras gerações não repitam a negligência, má fé, omissão, incompetência e descaso com a aplicação dos recursos que os brasileiros recolhem aos cofres do Tesouro Nacional, como hoje se constata em todos os escalões de seu (des)Governo.
Mas os golpes dados à Ética não param na rapinagem posta em prática por quadrilheiros de seu partido e de partidos aliados. Vão mais além: roubaram-se toda a fé e esperança de um povo, por meio de mentiras irresponsáveis, num presente e futuro promissor deste País.
Devemos recuperar a memória: há poucos meses, em suas promessas de campanha (diga-se de passagem, reprovável pela destruição de reputações e discursos mentirosos, aviltando os demais candidatos à Presidência de nossa República), registramos o compromisso de queda de 18% nas tarifas de energia.
Hoje, amargamos uma alta de quase 30%, em média, em tais custos; a prometida queda nas taxas de juros foi desmentida pela sua elevação, que diminui o poder de compra de brasileiros, o grau de investimento de nossos sofridos empreendedores e devolve ao limbo da pobreza os milhões de pessoas que seu (des)Governo diz ter tirado da miséria.
Nossos pais nos ensinaram que “mentir é muito feio”, Presidente. Achamos que seus pais não lhe devem ter dito tal frase. Se o tivessem feito, possivelmente a vergonha não lhe permitiria ocupar o mais alto cargo do funcionalismo público daNação. Repetimos: sua Excelência é uma privilegiada funcionária pública. Traduzindo: sua função é servir ao povo, e não vilipendiá-lo, mesmo que indiretamente, por omissão, conivência ou incapacidade de conduzir uma máquina estatal que sua Excelência transformou em paquidérmica. Enfim, nada do que foi dito aqui é novidade. Acreditamos em sua capacidade de autocrítica – termo muito utilizado por seus pares de esquerda.
O que queremos deixar claro é que, tanto sua Excelência quanto muitos parlamentares, não tiveram competência de ouvir o clamor das ruas, que bradamos em 15 de março próximo passado.
Não é à toa que o mote das próximas manifestações é expresso pelo slogan ELES NÃO ENTENDERAM NADA.
Vamos tentar, ao máximo, ser claros:
1. O povo brasileiro não pediu pela Reforma Política (aliás, extremamente tendenciosa), cujos termos foram tornados públicos; é necessária, isto sim, uma REFORMA DE GOVERNO. Sua gestão está marcada pela marca recorde de TRINTA E NOVE MINISTÉRIOS, muitos deles criados para abrigar apaniguados do seu partido ou de partidos aliados. Se o tamanho descomunal de seu (des)Governo se revelasse eficiente, seria mais fácil de engolir. Ao contrário, o Estado, hoje, é comparável a um buraco negro, que engole os recursos públicos no pagamento de regalias e benesses, folha de pagamento de um exército de comissionados, além dos profissionais de carreira, sem que haja a devolução, aos sofridos brasileiros que sustentam seus luxos, na forma de serviços públicos e infraestrutura de qualidade;
2. O clamor popular, que sua Excelência não escutou, pedia pela TRANSPARÊNCIA DA APLICAÇÃO DE RECURSOS NACIONAIS, por meio do BNDES, em países mantidos por governos, em sua quase totalidade, ditatoriais. Será mera coincidência? Todos eles participam do “clube” denominado Foro de São Paulo, que reúne todos os partidos de extrema esquerda da América Latina e Caribe, além de organizações criminosas e terroristas, como as FARC. Presidente, somos carentes de tais obras de infraestrutura aqui, na nossa terra, e temos certeza de que isso é de seu conhecimento. Sem falar da necessidade de investimento em Educação e Saúde. Desconhecemos, porém, suas reais intenções. Mas não se dê ao trabalho de revelá-las. Não saberemos nunca se sua Excelência estará falando a verdade;
3. O povo brasileiro não admitirá, em hipótese alguma, que o MINISTRO DIAS TOFFOLI PRESIDA A 2ª TURMA DO STF, que irá julgar os crimes perpetrados no escândalo denominado Petrolão. Ele tem notórios impedimentos éticos para tal: foi advogado de seu partido, assessorou o ex-ministro José Dirceu (réu condenado pelos crimes praticados no escândalo conhecido pelo codinome Mensalão) e, nas últimas eleições, portou-se de forma, no mínimo, suspeita, durante a apuração dos votos (apuramos as histórias referentes à empresa Smartmatic – lembre-se: estamos na Era da Informação, e ela circula com velocidade estonteante. Basta saber e querer acessá-la. As máscaras, neste século, caem rapidamente).
4. Não há necessidade, presidente, de que seu governo crie pacotes anticorrupção. Nosso Brasil tem leis e Constituição que preveem e punem crimes de responsabilidade, crimes de peculato, crimes de corrupção ativa e passiva, crimes contra a República, crimes de traição à Pátria etc. O que é necessário é que seu partido DESAPARELHE O PODER JUDICIÁRIO e limite-se ao Executivo e Legislativo. Lembre-se, presidente: seu partido não é o Brasil e o Brasil não se tornará, nunca, um único partido político. O povo brasileiro tem inteligênica e discernimento suficiente para reconhecer que seu partido não tem um projeto de governo, mas um projeto de poder, que, via corrupção sistêmica, busca ocupar todos os espaços da administração pública.
Enfim, presidente (não usamos, até o fim desta carta, o vocábulo presidenta para não agredir nosso vernáculo), para sermos objetivos, confiamos no seu discernimento: escute as vozes da Nação. Execute, sem mentiras de ora em diante, o que o povo brasileiro exige que seja feito. Caso não esteja ao seu alcance, em virtude de possíveis compromissos indeclaráveis firmados com aliados escusos, ponha em prática uma saída honrosa: demita-se, renuncie, alegue problemas de saúde que merecem cuidados. Invente qualquer desculpa. Mentiras partidas de sua Excelência não serão novidade. Será menos doloroso para o País e para a presidente que um processo de impeachment, recurso constitucional que detém a Nação brasileira para afastá-la definitivamente da vida pública.
Entre para a história pelo fato de ter reconhecido erros e incompetência para gerir o destino de milhões de compatriotas. Não permita que seu (des)Governo chegue ao nível zero de aprovação popular.
Gostaríamos de finalizar esta carta aberta com a expressão “Respeitosamente”, mas isso é impossível. O povo brasileiro merece RESPEITO. Isso não nos foi dado. Em contrapartida, sua excelência perdeu todo o respeito que poderíamos lhe dedicar.
 
Movimento Mudanças Já – Maçons • BR
Brasil, 12 de abril de 2015.