Nota do Blog:
Este texto é uma conclusão do Trabalho de
* Sérgio Paulo Muniz Costa
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A parcela mais atuante da esquerda marxista no pensamento brasileiro desde os anos 50, deixou de ser leninista e em seguida comunista, mas nem por isso, menos revolucionária. Com o tempo, foi ela que constituiu a verdadeira intelligentsia de esquerda no País, absorvendo as facções e dissensões desesperançadas pelo fracasso da luta armada e pelo colapso da URSS.
A extensão de sua influência no pensamento brasileiro não é pequena e pode ser avaliada pela consecução de muitas das teses esposadas há sessenta anos, que vão desde a “questão do negro” à estruturação do “Ministério da Defesa Nacional”. Paradoxalmente, é a própria limitação da educação e do conhecimento no País que faz com que essa grande influência não signifique mais poder efetivo.
Há uma parcela do pensamento brasileiro que refuta a influência marxista, os mais notórios são ex-marxistas desencantados e, alguns, indignados, com o que lhes foi imposto. Há também aqueles que, por razões e caminhos diversos, construíram carreiras intelectuais independentes do meio universitário controlado pelo pensamento marxista. Destes, o mais notório foi Gilberto Freyre, o verdadeiro fundador da sociologia brasileira.
Mas há uma parte expressiva da sociedade brasileira, como na maioria das sociedades, que não pensa o País. Numa simplificação útil aos propósitos deste ensaio em avaliar a influência do marxismo no pensamento brasileiro, pode-se dizer que essa maioria da população sente e faz o País, não se impressionando muito com o discurso dos intelectuais e se posicionando de forma pragmática e reticente em relação à sua prática politica. O marxismo no pensamento nacional é assim mais uma pressão de cúpula, exercida por intermédio dos muitos operadores marxizados que proliferam nas elites politica, econômica, jurídica e cultural, do que um fator de pressão de base apto a mobilizar massas para o projeto revolucionário.
O significado maior da ambição dos intelectuais marxistas em controlarem o pensamento nacional e a sua resultante política pode ser extraído da constatação de que a maioria da população brasileira se depara hoje com um aspecto da realidade nacional que a afeta diretamente e para a qual não existe fórmula intelectual de justificação. E é quanto a esse aspecto crucial que poderá se concluir pela derrota dos intelectuais, mais do que pelo seu silêncio diante do vazio moral que se instalou na política nacional: não há justiça onde os intelectuais falham.
* Historiador, é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
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