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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Blocos políticos estão nas ruas

Foi preciso que os blocos fossem à rua para que 2013 começasse. Não os carnavalescos que animaram milhões nas cidades brasileiras, mas os político-partidários que se apresentam para o grande pleito de 2014. Não seria de estranhar que a esquerda radical colocasse o seu também, mesmo recorrendo às fórmulas esgotadas que não cabem na realidade brasileira.
Na sua incapacidade de se reinventar como autora no jogo democrático, essa esquerda aposta na militarização da memória nacional. Aferrados a tempos e palavras distantes, ainda como "camaradas em armas", seus militantes incrustrados no poder insistem em reduzir o debate nacional à miserável dicotomia luta armada – repressão. Nada a estranhar, pois esse foi o seu campo e parece que vai continuar a ser.
Essa militarização sem militares é promovida pelos que premiam invasores e agressores, pelos que pretendem suprimir a liberdade de expressão e opinião, e principalmente, pelos que sempre detestaram o dissenso na sua volúpia da verdade única, do conhecimento único, da vontade única. Nada a estranhar também que esses mesmos não aceitem que algo estranho a seu credo seja ensinado numa sociedade que não conseguem enxergar múltipla, mas tão somente na totalidade que pretendem controlar.
O que causa estranheza é assistir grandes jogadores do jogo político e de opinião aceitarem participar dessa esquizofrenia que boa parte da esquerda já abandonou. Algumas questões sempre presentes no cenário brasileiro podem explicar isso.
A primeira é o desconhecimento na sociedade brasileira quanto ao papel e destinação das Forças Armadas. Tem-se como marca de competência das forças armadas a proficiência em combate, quando, na verdade, mais do que isso, a competência militar em questão é do país, que é medida pela sua capacidade de dissuadir conflitos, de vencê-los quando inevitáveis e, principalmente, de extrair da vitória a paz.
Forças armadas de grandes países desenvolvem hoje estratégias de preparo e emprego baseadas em capacidades e não em materializações do inimigo. Nem a hiperpotência ousa algo diferente. O critério é, portanto, político-militar, e a medida de competência é a prova histórica. O Brasil não é grande, coeso nacionalmente e relevante no cenário regional por acaso.
Isso é competência, de gerações. A segunda questão está na qualidade do revisionismo histórico que se pretende praticar no País. Ele é natural e necessário à evolução da sociedade. O que o valida é a coerência e fundamentação, e o marxista, tão conspícuo em nossa academia, costuma claudicar em ambos. Afinal, revoluções não fazem dirigentes depostos desaparecerem do país num passe de mágica, nem guerras acontecem sem mortos e desaparecidos, ambas formas de contabilização de baixas em qualquer conflito.
Parece que a campanha de 2014 realmente começou e a esquerda revolucionária colocou o bloco na rua com seu samba da mesma nota. Não aprendeu nada de novo e não é para ser levada a sério. O divertido é que agora ela quer ensinar.

Sérgio Paulo Muniz Costa é historiador

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