No
final de 2014, a nação despertou do ilusório sonho em que foi embalada por
lideranças políticas promotoras de um processo de corrupção sem precedentes. Era
uma das estratégias para manter o poder e, também, enriquecer próceres e
aliados, que a Lava Jato torna conhecidos pela sociedade.
Populismo
foi outra estratégia, cujo propósito era manter uma ampla base de dependentes
votantes e alimentar a propaganda do nunca
antes na história desse país se fez
tanto pelas classes menos favorecidas. Ora, implantar programas de bem
estar social com dinheiro público sem lograr altos índices de desenvolvimento,
capazes de mantê-los e ainda gerar excedentes para garantir um constante
progresso, é gestão populista, enganadora, eleitoreira, irresponsável e insustentável.
A ascensão das classes pobres seria apenas temporária.
Enquanto
a sociedade se iludia, as lideranças petistas e peemedebistas, então aliadas,
surfavam na onda da popularidade. Por outro lado, uma oposição desfibrada fazia
jogo de cena sem defender, de fato, a moralidade na política e a correção do
rumo pelo qual o país era conduzido ao caos. Todas têm responsabilidade, maior
ou menor, pelo cenário deplorável em que se encontra o Brasil.
Os
países do primeiro mundo puderam manter políticas amplas e duradouras de bem
estar social, mas só as implantaram após alcançar elevados padrões de riqueza e
progresso sustentável. Agora, muitos estão revendo programas sociais, pela
dificuldade de financiá-los. O Brasil, por falta de visão de futuro, covardia
moral, gestão irresponsável e populismo das lideranças políticas, estabeleceu
programas sociais e benefícios previdenciários sem ter atingido padrões de
riqueza e desenvolvimento capazes de sustentá-los. Um dia a realidade viria à
tona e o custo da incúria caberia à população.
Hoje,
o governo provisório não é o ideal, mas tem melhores condições para iniciar um
processo de estabilização política e econômica e fazer a transição segura para
2018. No processo de impeachment, é lógico que os senadores do PT e da esquerda
socialista, por ideologia, votarão pela volta da presidente afastada. Os demais
só o farão por interesses inconfessáveis ou por cegueira política ao não
perceber que a volta da presidente Dilma será o caminho definitivo para o caos econômico,
social e político.
A
liderança, nos três Poderes da União, precisa saber que o exemplo vem de cima e
que, sem ele, não convencerá a nação a aceitar sacrifícios. A sociedade tem
consciência de que arcará com um pesado ônus para ajudar o Brasil a sair do abismo,
mas exige que a liderança aperte, e muito, o próprio cinto. Nos altos escalões
do serviço público existem megassalários turbinados por benesses
complementares, cuja legalidade sem legitimidade afronta a justiça e espolia o
contribuinte. Antes de modificar as regras da previdência ou aumentar impostos,
cujas consequências mais pesadas recairão nas classes médias e inferiores, a
liderança nacional tem que cortar na própria carne.
Congele,
temporariamente, os reajustes salariais nos mais altos escalões, diminua a
diferença de vencimentos entre os graus hierárquicos e busque a isonomia entre
servidores de mesmo nível lotados em diferentes Poderes. Normatize a concessão
de direitos especiais, mantendo apenas os justificáveis pela necessidade e legitimidade.
Reestude a concessão e o valor desses direitos especiais como: passagem aérea
gratuita; transporte em aeronave oficial; cota gratuita de combustível;
transporte terrestre gratuito; indenização para pagamento de auxiliares de
gabinete; indenização para remessa de correspondência; aposentadoria após dois
mandatos de deputado; planos de saúde privilegiados; auxílios paletó, ensino e moradia, este último a quem
tenha residência própria ou disponibilizada; e outras mordomias inexplicáveis.
São
vencimentos indiretos para quem já se encontra no topo da pirâmide salarial, muitos
deles pagos em todos os estados da Federação. A economia feita com a revisão
desses megavencimentos e privilégios não resolverá a crise econômica do país,
mas é a única forma de conferir base moral ao governo para pedir ou impor
sacrifícios aos demais setores da sociedade, alguns sem reservas para cortar.
Isso
é utopia, dirão muitos, pois a liderança pensa apenas em seus interesses e não
no bem da nação. Têm razão em pensar assim. Não se espera espírito público em uma
liderança patrimonialista e corrompida, que afronta a nação com mentiras ao explicar
suas manobras para usurpar o tesouro nacional em benefício próprio. Infelizmente,
essa doença moral também contaminou a sociedade, que perdeu referenciais de
dignidade ao ser submetida a uma sistemática orquestração contra os valores
morais, sociais e cívicos. A cura não virá de partidos políticos desmoralizados
e descompromissados ou de eleições incapazes de aperfeiçoar, por si só, a
democracia como se tenta iludir a nação. Um choque de valores terá de vir da
sociedade, ser aplicado nela própria, assimilado pelas famílias e por um
sistema educacional moral e profissionalmente recuperado, capaz de formar
cidadãos íntegros e cientes de suas responsabilidades cívicas.
Então,
como ter esperança? Ora, essa liderança falida não tem mais certeza da impunidade
e a sociedade, não mais omissa, exige que os envolvidos em corrupção e gestão
populista predatória sejam punidos, estejam ou não no poder. Por singela que seja
a explicação, a operação Lava Jato despertou a esperança de um país mais digno
e justo no futuro. Não ousem pará-la.
A
nação permaneça nas ruas e deixe bem
clara a mensagem. Querem sacrifícios? Deem-nos exemplo e esperança.